Quem nunca tomou um porre e ficou de ressaca que atire a primeira pedra! Quem nunca disse que nunca mais ia beber no dia seguinte? Quem nunca sentiu arrependimento e achou que ia morrer depois de uma grande esbórnia? Mas aí os dias passam, a ressaca passa e, quando menos se espera, estamos lá de novo bebendo, na esbórnia e sofrendo tudo de novo...
Mas e quando a ressaca é de outro tipo?
Vira e mexe fico com uma sensação igual a da ressaca da bebida, mas é uma ressaca de responsabilidade. Em vez de sentir o gosto de cabo de guarda-chuva na boca, eu sinto mesmo é o peso do mundo. Quem me dera que a esbórnia de ontem tivesse sido a base de bebida, festa e muita diversão. Minhas ressacas, a tempos, tem sido extremamente opostas: cheia de responsabilidade, uma criança para criar e a falta daquela ajuda que deveria existir e não existe em nenhum sentido: nem físico, nem financeiro, nem espiritual, nem moral.
Então, eu vou lá, faço e aconteço, dou conta do recado e, depois, fico sentindo o peso do mundo.
Ontem foram 7 horas em um pronto socorro infantil, com criança com soro e medicamento na veia, um show de manha que me tira do sério, uma pequena fortuna paga no estacionamento, um dia inteiro sem comer praticamente nada (até às 18h tinha sido uma xícara de café com leite antes de começar uma reunião no trabalho, quando veio a refeição dele me deram um lanche de alho poró e ainda comi parte da comida dele, que ele se recusava a comer).
Chegando em casa, vem uma a ressaca do mundo, de ser mãe, de não ter apoio algum, de estar sozinha, de não ter forças nem pra comer e se jogar na cama que já é tarde e eu só quero esquecer. E a ressaca do mundo dura um ou dois dias depois de tamanha responsabilidade. É sempre assim. Em ciclos. Eu só não posso prometer não repetir a dose porque não posso me ausentar da responsabilidade. Mas aí, quando menos se espera a gente esquece que é tão difícil assim, se acostuma com uma dificuldade ou outra e vai vivendo até que acontece de novo e eu me pego sofrendo tudo de novo...