terça-feira, 10 de novembro de 2015

Novas decisões

Então, o tempo passou. 1 ano de separada se foi. Se no início de outubro eu queria escrever sobre o tema, desabafar, colocar para fora, no final do outubro - quando completou boda do meu pedido de divórcio - eu desencanei e nem queria mais tratar do assunto e assim foi. Deixei o assunto ir embora.

Aos poucos, meu menino tem se acostumado. Diminuiu de falar e perguntar do pai, de relatar os fatos, de questionar a situação. O pai continua ausente e eu continuo sendo a responsável por manter o contato entre os dois. Até hoje, sempre que ele pergunta do pai ou pede por ele, incentivo que ligue, que fale, que converse, que tente uma aproximação. Até abril levei ele na casa do pai apesar de tudo, depois - ao ser destratada por ele - parei e há poucos meses havia voltado a levar - já que era o jeito possível de fazer os dois se encontrarem.

No entanto, os últimos contatos mostraram que se por um lado confortei meu filho com essa decisão e atitude, por outro acostumei o genitor a não ir vê-lo e esperar pela minha ação (como sempre, aliás). Nos últimos contatos, portanto, tenho evitado levá-lo e obrigar ao menos que ele vá ao encontro da criança, mas não tem dado certo. 

Há 3 semanas foi a última vez que ele viu a criança, que estava doente pedindo pelo pai, que de tarde ainda insistiu que eu levasse a criança (doente e vomitando) até ele, mas com a criança dormindo, não fui. Desta vez, ele passou em casa, brincou meia hora e foi embora causando choradeira e tristeza no Arthur, que não queria que o pai e o irmão fossem embora da casa dele.

Depois, nas outras duas tentativas, ele prometeu ir outro dia e não apareceu. E se assim é, assim será. Diante desta situação que não ajuda, não me agrada e não me interessa manter, eu evitarei o contato para não evitar o sofrimento e a espera do Arthur por algo que não vai acontecer.

Uma das vezes, mesmo ele estando "na rua" insistiu que eu levasse a criança até ele e bati o pé e não fui. Se ele não pode, eu não posso. Chega! Ainda assim, ele prometeu uma visita para dois dias adiante e, pela tarde, me ligou avisando que não ia. Fiz questão de pedir que ele ligasse mais tarde para avisar à criança porque eu não seria a portadora da notícia ruim. Ele não ligou. Por sorte, quando cheguei na escola, o Arthur já estava dormindo e dormiu até o dia seguinte. Na semana passada, ele pediu que o pai fosse buscá-lo na escola. Mais uma vez ele tinha outro compromisso, não podia, não foi e prometeu visita para sábado. Mais uma vez ele não foi e nem ligou. Não sei se, de alguma maneira, Arthur espera por ele. Pelo menos destas duas vezes, ele não perguntou e nem pediu pelo pai na data prometida.

Por sorte da vida e dos acontecimentos, os dias de espera tem sido cheios de atividades fazendo com que meu menino esteja mais ocupado com a sua vida que vive do que com a vida que, aos poucos, tem morrido. Judicialmente, não resolvemos nada. Ele não apareceu na audiência e o Ministério Público quem tem tomado as decisões à revelia e conhecimento dele, o que não ajuda em nada e não resolve de vez a questão.

Depois de um feriado tranquilo no início do mês, eu pensei muito o que faria daqui em diante, afinal a situação até hoje está bastante cômoda para ele e eu continuo com todas as obrigações. E se, por um lado eu já me acostumei, por outro eu tenho me sentido mais incomodada do que antes. Especialmente com os últimos acontecimentos relatados acima. 

Embora eu esteja preferindo adotar a postura de me distanciar e não mais incentivar e/ou estimular o contato entre pai e filho - diante das tratativas do pai, que foge à responsabilidade e é omisso e imprudente com a criança - também pensei muito em ser mais reativa às ações dele. Se até hoje me mantive o mais quieta possível, sem reagir às suas negativas, ultimamente minha vontade é gritar, xingar, chamá-lo de irresponsável, brigar e fazer com que ele entenda que esse comportamento dele me irrita, me faz odiá-lo, me enoja e faz eu só me arrepender de um dia ter me casado com ele e ter tido um filho com ele. 

Juro! Ando muito revoltada com o que ele tem feito ao meu filho e cansei de ser passiva com esta situação. Quero, mais do que nunca, tomar minha posição de ataque ou defesa, sei lá, mas tomar posição. Aliás, queria que esta atitude fosse não só minha, mas das outras pessoas que se incomodam com a forma como ele tem tratado o filho diante da separação. Queria que todos que o conhecem e não concordam manifestassem sua repulsa contra as atitudes dele, contra ele. Porque se mesmo assim ele não notasse o quão ruim é o que ele faz, eu pelo menos estaria vingada. Não por mim, mas pelo meu filho.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Troca de corda

Feliz da vida para trocar a corda da capoeira
Sábado foi dia de trocar a corda da capoeira. Ele estava feliz e ansioso. Há semanas esperávamos pelo acontecimento. Eu achei que ele não fosse jogar, pois em uma das apresentações anteriores ele desistiu pouco antes. Nos atrasamos e ele entrou na roda assim que chegamos. Alguns amigos já tinham jogado, outros estavam na roda. Pedi que ele se juntasse aos amigos que iam jogar e lá foi ele.

Quando estava bem perto dele jogar, pararam a roda e perguntaram quem ainda não tinha jogado. Ele levantou a mão e, felizmente, colocaram na outra ponta do círculo uma colega de sala. E então ele jogou. [MÃE CORUJA MODE ON] Cheio de gingado, ele jogou e fez o que ele sabia. Fez uma meia lua linda por cima da amiga, que é bem maior do que ele. A mãe filmou e babou. Vibrei. Me surpreendi com um menino que não se intimidou nem com a plateia grande e nem com a apresentação. [MÃE CORUJA MODE OFF].

Ele estava mesmo animado. Ao todo, jogou três vezes. A primeira ainda em uma sala, já que o dia tinha amanhecido chovendo. Na praça da escola, depois que a chuva parou, junto com os capoeiristas fantasiados de super heróis e, por último, para trocar a corda. Nem todas as crianças jogaram três vezes. A maioria jogou entre uma e duas - ainda na sala e para a troca da corda. Os mais desenvoltos e os maiores, jogaram três.

Crianças com a liga da justiça!
Quando os professores/monitores/mestres apareceram fantasiados, eles começaram a cantar uma das músicas da capoeira que diz: "A liga da justiça chegou / chegou de uma maneira bem legal / chegou para salvar nosso planeta / na ginga e no toque do berimbau (...)". Foi bem divertido. Ele pediu pra jogar com a mulher gata e de pronto deixaram. Ele adorou. Depois, fizeram mais uma roda para graduar. Depois de jogar, cada criança recebia a corda nova. Ele recebeu a corda de ponta amarela.

Jogando com a mulher-gata
Jogando com a mulher-gata
Jogando para trocar a corda
Antes de trocar de corda
Com a corda nova!
Exibindo a corda nova!

E de repente vi meu menino ali, crescido, independente, sendo o que queria ser, fazendo o que queria fazer, sem medo, sem vergonha, cheio de vontade. E fiquei feliz e orgulhosa. E torcendo para que ele continue assim enfrentando e fazendo o que quer e o que gosta.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Sobre morte: pais, filhos e irmãos

Já escrevi algumas vezes da vontade que tinha de dar um irmão ao Arthur. Ou melhor, já falei da vontade que eu tinha de ter dois filhos na vida. Mas aí, veio a roda viva e levou tudo pra lá.

Sim, quando a realidade bateu à minha porta eu revi meus sonhos e coloquei dois pés no chão. Não dava para ter dois filhos daquela maneira de viver - agora não vou entrar nestes detalhes pois para hoje não interessa.

Frequentemente Arthur me pede irmãos, me matando um pouco por dentro é bem verdade. Afinal, quem tem irmãos sabe o quão isso é bom na vida. É bem verdade que eu tenho muitos, mas amor, relação e apego entre irmãos é como entre amigos: tem que ter empatia e convivência se não é mero laço de sangue e nada mais. E sei bem o que digo. Afinal, meus irmãos são aqueles com os quais eu divido lembranças, construí minha história e não todos com os quais tenho pai ou mãe em comum. Ser irmão é muito mais do que nascer do mesmo pai e da mesma mãe.

Há alguns dias, eu li um texto (neste mundo digital ainda não encontrei, mas estou procurando para dar crédito e colocar o link - então se alguém também leu e sabe onde, me conta por favor) de uma pessoa que tratava da morte dos pais e de como lidava com aquilo. Agora, não lembro ao certo se era ela quem não tinha irmãos para dividir a dor ou se o filho único que não teria quando a morte dela acontecesse. Bom, honestamente, eu nunca tinha pensado por este olhar e ele me tocou muito. Pensei que triste seria quando eu morresse se o Arthur não tivesse um irmão para dividir a dor da morte da mãe e que entenderia aquela dor na mesma proporção.

Hoje a tal vida irônica me colocou diante desta exata situação. O pai de um amigo de trabalho faleceu. Ele é filho único. Os pais também são/eram. A mãe do pai é viva e para piorar tudo perdeu seu único filho. Ele estava com a mãe para consolá-lo, que já era separada do pai há alguns anos. Ele estava com a namorada e alguns amigos para apoiá-lo, mas ninguém ali sentia na mesma proporção que ele. Ninguém tem as mesmas lembranças e o mesmo amor e, apesar de estar cercado de pessoas e certamente de amor e amparo, ele estava sozinho e enfrentará esta dor sozinho. Sem ninguém que compartilhe dela ou que sinta o mesmo. Isso realmente me arrasou. Isso me fez pensar que sim, um dia, eu precise mesmo dar o irmão ou irmã que o Arthur tanto me pede.

Um velório e um enterro sempre nos colocam diante das nossas fraquezas e da nossa limitação humana. Da nossa pequenez e nos faz pensar no que realmente importa na vida. Mas hoje, em uma soma de todos os últimos acontecimentos, ele me fez pensar no meu filho e no quão importante seria em ele ter um irmão. Por hoje, impactada com tudo isso, eu só desejo um dia realizar essa vontade dele, que também já foi minha.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Dormindo na casa do amiguinho

E esse dia, finalmente, chegou! Há tempos ele me cobra, há tempos ele quer, há tempo os amigos ensaiam. Há tempos, eu resisto.

Até sexta-feira passada, quando a mãe do amigo dele me enviou uma mensagem no meio do dia, convidando-o. Eu me dividi: deixar porque ele quer ou adiar um pouco mais?

É fato que ele dorme fora de casa e sem mim há muito tempo: desde que ele tinha 1 ano e meio. Agora em agosto, inclusive, fez 3 anos que ele ficou sem mim pela primeira vez, quando fui viajar a trabalho sem ele. Mas sempre na casa da avó, que ele frequenta desde que nasceu. Tudo bem que ele já dormiu duas vezes na escola, mas é um lugar que ele frequenta e fica mais do que em casa.

Coincidentemente, uns dias antes havia comentado com ele que estava chegando a noitada da escola - que é em outubro - e ele estava todo animado com a notícia de dormir (de novo) na escola, com os amigos.

Ele nem liga de ficar sem mim. Ele não se importa de dormir fora de casa. Eu estava reticente porque ele estava com tosse e tinha tossido as noites passadas inteiras. Mas concordei, condicionando apenas a ver como ele estava da gripe e da tosse no final do dia.

Quando cheguei na escola, ele estava choroso porque um amigo tinha acabado de machucar ele (rendeu até um roxo no rosto, depois). Mas, assim que ele me viu, ele veio correndo me pedindo pra dormir na casa do amigo. Cedi. Concordei. E de lá mesmo ele saiu sem mim, em outro carro, com o destino da casa do amigo. Eu fui para casa buscar as coisas dele. Ele feliz, eu, em pedaços chorando pelo meu menino que cresceu e é independente. 

Eu pensando em quanto é dicotômico ser mãe. Ao mesmo tempo que eu estava feliz e morrendo de orgulho da independência dele, me senti preterida, sofrida e abandonada. Em plena sexta-feira, eu me senti dispensada pelo meu próprio filho. Tá, exagero meu, mas foi estranho. Lágrimas correram (poucas é verdade, mas rolou) enquanto voltava para casa para pegar as coisas dele e deixar na casa do amigo. 

Estava meio perdida, sem saber direito o que pegar. Perdida a ponto de esquecer a mamadeira e o leite (que ele toma de soja). Tive que voltar em casa, pegar mamadeira e leite, e voltar lá. Perdida a ponto de desperdiçar a sexta-feira sozinha ficando em casa, sozinha, assistindo um filme e comendo brigadeiro de colher. Não aproveitei nem para sair sem filho, que é tão bom.

No final, ele passou a noite bem. E eu também. E, de manhã, nos reencontramos para que ele fosse cortar o cabelo. E, em mim, só restou o orgulho de ver o quanto meu menino é feliz e independente. A partir de agora, estas atividades não serão mais um bicho de sete cabeças nem para ele e nem para mim!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A cama compartilhada que virou cama dividida

Nunca consegui aderir a cama compartilhada. Com o filho na cama, nunca consegui dormir bem. A sorte era que o filho também nunca gostou e sempre preferiu dormir em sua própria cama/berço. Prestou atenção? Sim, ERA. Passado.

Depois que me separei (e já tá fazendo mais de 10 meses), a cama - que é queen e para dois seres pequenos como eu e ele é grande o suficiente e ainda sobra espaço - ganhou um espaço vazio e meu menino esperto passou a usá-lo com bastante frequência.

A verdade é que somam-se muitas coisas a esse fato.

1º: Após a separação, fiquei alojada na casa da minha mãe, dividindo o sofá da sala de tevê com ele por duas semanas. Desconfortável nível máximo, mas era o que tínhamos para o momento e nos adaptamos. E ele se acostumou a dormir comigo.

2º: Na volta para casa, e ainda com a vida de pernas para o ar, continuamos a dormir juntos na minha cama em um consolo mútuo e para minha óbvia comodidade de colocá-lo na cama e dormir (apagar para falar a verdade) junto com ao mesmo tempo que ele.

Crianças são espertas e se acostumam. Aliás, todos nós nos acostumamos, não é verdade? Ainda mais com coisa boa. E com o tempo ele aderiu ao lado vazio da cama e tomou para si. Mas a verdade é que tem noites que ele dorme colado em mim - mesmo com muito espaço na cama sobrando - e isso me incomoda porque não consigo dormir.

A vida até já impôs o nosso ritmo próprio, com nossos horários e tudo mais. Mas a tal da cama compartilhada passou a ser cama dividida diariamente. E eu passei a querer voltar ao que tínhamos antes. Combinamos, a princípio, que ele voltaria para a cama dele. No entanto, ele dorme na cama dele e, pela madrugada, corre para minha por todo e qualquer motivo ou até por motivo nenhum. Se ele acorda, vai para lá para voltar a dormir. Se ele levanta para fazer xixi, ele volta para dormir na minha cama. Se ele sente frio, ele corre pra lá. Enfim, motivos para ele correr para lá não faltam.

Li, recentemente, uma matéria na internet que dizia que devia levar ele de volta para a cama dele de madrugada. Mas, como fazer isso se, na maioria das vezes, eu nem vejo ele chegar?

Já conversei em mudarmos a decoração do quarto dele de uma jeito que ele goste e queira/incentive ele permanecer lá, mas por enquanto não dá financeiramente para fazer nada. Nem pintar a parede. Então, é uma opção fora de ordem. No começo da semana conversamos mais uma vez e, por enquanto, deu certo.

Há duas noites que ele não vai para minha cama. Noite retrasada ele me chamou para lá e eu, cheia de coragem, fui para mantê-lo em sua cama. Esta noite, mesmo com acesso de tosse, ele também ficou lá. Eu fui até ele, passei vick, dei xarope, deitei junto até ele se acalmar e voltar a dormir. Por enquanto deu certo. E espero que, aos poucos, ele volte a dormir na caminha dele por todos os dias e por toda a noite.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Tinha uma suástica no meio do caminho

Sábado de manhã saímos para comprar carne no supermercado. Fomos a pé. Logo na esquina de casa, em frente a um bar que frequentamos com assiduidade, de longe notei umas pedras no meio do caminho. As mesmas pedras que formam a calçada.

Ao me aproximar, consegui enxergar que as pedras formavam uma suástica. Ao passar por ali, com meu filho que não entende nada do mundo, me senti agredida e resolvi desfazer o símbolo que estava assim tão perto da nossa casa, tão próxima do nosso mundo.

É um símbolo e é evidente também que não vai dar para afastar de perto dele (e nem mesmo de mim) todas as coisas ruins para sempre. Mas - naquele momento - me senti na obrigação.

Ele, claro, ficou curioso em saber o motivo de eu chutar as pedras para desmanchar o que estava feito que ele, até então, nem tinha reparado ao certo e que forma tinha. 

Então, expliquei, de forma menos profunda e mais direta possível que ali estava formada uma suástica. E que aquele era um símbolo que representava o nazismo, onde muita gente matou muitas pessoas porque elas eram judias, porque tinham outra religião, outra forma de viver e pensar.

Ele ficou um pouco impactado em saber que pessoas tinham matado pessoas. E desatou a dizer que não podia matar as pessoas, que era triste fazer aquilo, que era errado e que as pessoas que tinham matado eram maus. E então me sugeriu como ele tem feito com frequência: tendo uma ideia.

Desta vez, sua ideia era com que nós nos transformássemos em super heróis que faziam as pessoas que foram mortas reviverem. Uma ideia linda e que eu queria muito que pudesse muito ser um super poder possível, mas entramos em outra profunda discussão de que este poder é apenas do Papai do Céu e que a gente não podia fazer aquilo, por melhor que fosse nossa intenção. Então, a conversa se estendeu e se desenrolou em o poder de Deus, dos médicos e das pessoas. Uma coisa puxando a outra conforme a curiosidade dele avançava ou recuava ou até tomava um caminho totalmente improvável.

Em um caminho de menos de 3 quadras falamos de tantas coisas naquela perspectiva infantil que me espantou. Especialmente porque ao chegar finalmente no supermercado, ele esqueceu toda a conversa e seguiu em direção aos carrinhos que tem o mesmo tamanho que ele e saiu empurrando, pronto para fazer compras e não mais discutir nada sobre mais nada.

Afinal, com 4 anos tudo parece e é tão efêmero que não merece durar mais que alguns passos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dia dos pais ou uma carta a um não-pai

Alexandre,

Gostaria de poder te escrever e te desejar um lindo dia dos pais. Queria desejar que você continuasse sendo um pai dedicado, amoroso e exemplar pra nosso menino, mas infelizmente não posso fazer isso.

Afinal, você foi por bem pouco tempo o pai que eu sonhei um dia que meu filho teria. É bem verdade que o pai que eu imaginava pro meu filho nunca passou perto do que você sempre foi como pai. E, por isso, muito provavelmente nunca esperei que você fosse ser este pai que um dia eu sonhei que meu filho teria. Aliás, o sonho a respeito desse pai se deu ou se dava antes mesmo de a gente se conhecer. Depois de me casar com você e até mesmo de desejar ter um filho, e neste caso já incluía no sonho você como pai afinal era uma condição sine qua non, eu sabia que meu filho não teria o pai dos meus sonhos. E não porque você não pudesse se tornar um pai incrível, mas porque você tinha uma histórico muito complicado e de ausência com outro filho e, infelizmente, eu não sou do tipo de mulher que acredita que com ela vai ser diferente. Por isso, desde sempre, eu já sabia que ia ser igual: que você pouco se importaria com o Arthur da mesma maneira que você pouco se importa/importava com seu outro filho.

Se eu quiser, eu também posso explicar e justificar estes fatos pelas coisas que sei, vi e vivi com você ao longo destes anos. No entanto, a falta de amor que eu sei que você teve por parte de seus pais e que você sente falta, para mim nunca vai justificar a falta de amor que você atribui aos seus filhos. Para mim, uma pessoa carente de amor não deixa de dar amor, pelo contrário, dá amor em exaustão. Pelo menos, na minha opinião. Afinal, se você não gosta de uma coisa é natural que faça o contrário dela.

Já que eu não posso desejar que você continue sendo incrível como pai, desejo que você cresça como pessoa e que você amadureça para quem sabe um dia poder ser realmente pai. Desejo que você reconheça a importância de um pai antes que o seu não possa mais estar presente e a tempo de você mesmo poder sê-lo.

Você já tem perdido coisas incríveis em relação ao desenvolvimento e crescimento do Arthur e você nunca mais terá a oportunidade de vê-lo crescer e se desenvolver e se formar como pessoa, como homem. Você já perdeu tudo isso uma vez e perde mais um vez com o Arthur.

No dia das mães você me escreveu uma carta relatando justamente o quão tarde você descobriu a importância da sua mãe e de uma mãe na vida de uma pessoa. Espero que também não perceba tarde demais a importância de um pai na vida de seus filhos.

Desejo, então, que você não satisfaça meus sonhos e nem meus planos e desejos. Desejo apenas que você possa ser mais pai é mais presente na vida dos seus filhos, afinal existem todos os tipos de pais e você não precisa se encaixar em nenhum padrão ou continuar atendendo aos meus anseios. Desejo apenas que seja o pai que seus filhos precisam, na medida exata que eles necessitam para crescerem felizes, saudáveis, amados, seguros e com lembranças incríveis do que viveram com você .

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Enquanto minhas férias não chegam

Quando pedi minhas férias, este ano, decidi por dividi-la em dois períodos. Assim, ficaria uma parte das férias com dias para mim e com a outra parte para ficar com o filhote.

Em maio tirei 15 dias, viajei e aproveitei para ficar com ele em casa até quando ele acordasse, em outro ritmo, mas mesmo assim indo às aulas e tal. A partir do dia 20, tiro os outros 15 dias restantes. A princípio ia viajar com ele, mas a grana encurtou e não vai dar pé. Ele já está em férias há algumas semanas na casa da avó. Aos finais de semana, tenho aproveitado para fazer aluns programinhas especiais com ele como cinema, shows e passeios.

Depois do dia 20, intensificamos os passeios e programas. A ideia é viajar para o interior no primeiro final de semana e, depois, curtir uns roteiros em SP mesmo.

Dos passeios que fizemos, destaco:

Zoo-Safari: Fazia tempo que queria levá-lo, mas sempre adiava. Achei que estaria cheio por ser o primeiro final de semana de férias, mas estava vazio para minha surpresa. Me lembro vagamente do lugar em meus passeios da infância e que eu achava tão legal. Por isso, achei que seria incrível. Mas Arthur não gostou tanto quanto eu e minha irmã, que ficamos alucinadas de dar comida aos veadinhos, do avestruz quase colocar a cabeça dentro do carro e tal. Ele gostou do camelo e, claro, do macaco que subiu no carro. No final, não quis tirar uma foto selfie dentro do carro. E a bem verdade que ele não curte muito ficar tanto tempo no carro, então era claro que ia se injuriar antes do final, como bem aconteceu - apesar do percurso ser rápido.

Cinema: Fomos assistir aos Minions. Eu, particularmente, não gostei do filme não. Mas ele deu umas risadas lá do jeito dele. O mais legal foi encontrar os minions na saída do cinema, que felizmente rendeu até foto. Dessa, como podem ver na foto, eu gostei!

Este final de semana temos show do Tiquequê. Ele está super empolgado. E eu continuo procurando programinhas legais em Sampa para fazer com o pequeno. Se tiverem dicas, me mandem.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Palavras, palavrinhas e palavrões

Aos poucos, as palavras difíceis começam a ser pronunciadas. Alguns erres aparecem em certas pronúncias e ele fica claramente incomodado com palavras que não sabe dizer ou sons que não sabe pronunciar. Procuro repetir a palavra de forma correta sem destacar o erro ou apontá-lo, pois isso o deixa bastante irritado.

Ele mostra que não consegue pronunciar, mas que sabe o que é correto. Ainda não me preocupo, mas ficarei atenta quando chegarmos aos cinco anos caso as palavras não estejam sendo pronunciadas certas. 

Não vejo problemas nos fonemas, mas estou atenta. Os intrometidos de plantão que costumam repetir o "zeito" que ele fala errado me incomodam mais que ele. Entre os erros está a troca do g ou j pelo z (zeito, zelatina, zanela, etc), mas o r ele não costuma trocar. Aliás, tanto as pessoas tem reforçado a falta do r que ele passou a substituí-lo pelo i, que me incomoda mais que sua ausência.

De vez em quando, fico testando e treinando ele pedindo que ele repita algumas palavras difíceis. Ele acha que é só um brincadeira e fica me pedindo mais e mais palavras. Com isso, vou especulando seus avanços. Recentemente o "catro" passou a ser qUAtro com direito a ênfase dele mesmo!

E assim seguimos. Aliás, seguimos não só com palavras difíceis, mas também com palavras em inglês. Ele tem adorado as aulas da escola, que acontecem uma vez por semana e duram 50 minutos e são quase inteiras em inglês. Aos poucos, ele vai introduzindo novas palavras em seu vocabulary e nós vamos nos divertindo. Os números até dez, o tempo lá fora, o humor e as cores já fazem parte de sua rotina e vira e mexe coisas novas aparecem. Ele, interessado é curioso, costuma perguntar como é isso ou aquilo é vamos ampliando seu repertório com nossa rotina e cotidiano.

Eu, inclusive, estimulada pelo seu gosto pela língua tenho pensado em matriculá-lo em uma escola de inglês e, assim, aproveitar o tempo que ele estuda para voltar a estudar também!

Mas não foram só as palavras em inglês que começaram a fazer parte do repertório do meu filho este ano. Com a idade avançando e os contatos e noção de realidade da vida em volta crescendo, ele passou a ouvir e entender os palavrões! Em casa, há algum tempo não falo mais. Mas a vovó e as tias sempre soltam alguns na presença do pequeno. Ele, aos poucos, vai aprendendo e vez ou outra repete alguns. No trânsito, muitas vezes, também deixo escapar mas acabo repreendida pelo pequeno ser instalado ema uma cadeira no banco de trás. 

Ainda fico na dúvida se putz, por exemplo, é palavrão ou força de expressão, mas já disse a ele que é palavrão e ele tenta não mais dizer assim como repreende quem fala quando ouve.

Hoje, durante no papo na cama antes de dormir, ele me perguntou se yes era palavrão, pois a amiga da escola tinha dito yes quando foi escolhida para ser a pegadora. Então, expliquei que yes era sim em inglês e que a amiga estava comemorando por ser a pegadora.  Aliviado por não ser palavrão, meu baixinho começou a repetir exaustivamente a palavra. E, depois, fazer combinações escalafobéticas com palavras em português, inglês, yes e o números. E assim seguimos com palavras, palavrinhas e palavrões - em português e em inglês!


terça-feira, 16 de junho de 2015

Do que traz felicidade

Quando fiquei grávida, já não era mais uma pessoa baladeira. Mas incrivelmente foi uma época que saí muito, curti muito. Festas, baladas, casamentos, formatura, reunião de amigos, etc e tal. Sai muito. Consciente ou inconscientemente sabia que a farra duraria pouco e que, em breve, ficaria em casa recolhida por um bom tempo, então aproveitei para estar MUITO com os amigos.

A minha última saída, para a casa de um casal de amigos, foi no sábado e na quinta-feira o Arthur nasceu. Então, não tem nem como dizer que não aproveitei a gravidez para curtir, já que não sentia nada!

E, diz a verdade, existe algo melhor que amigos amados e queridos? Eu desconheço. Os meus fazem parte da minha vida, da minha história, são meus pilares muitas vezes, meus conselheiros, meus colos preferidos, meus incentivadores, meus tudo.

Então, uma das coisas que me deixa MAIS feliz na vida é ver e saber o quanto meu filho gosta e se entende com meus amigos. Com todos eles e, há alguns anos, com os filhos deles (conforme vão nascendo e fazendo parte da nossa vida).

Semana passada ele viu um homem careca e barbudo na rua e cismou que era o "tio Felipe" - mesmo não sendo, ele dizia que era (e olha que lembrou do Tio Felipe que ele não via há cerca de um mês). No domingo, fui a um casamento e ele não ia. Conversando com minha mãe que a Isis ia, ele me disse que queria ir ver a "tia Isis", então expliquei que a Marina, filha dela, não ia e que não ia nenhuma criança. Só que ele me retrucou que queria ver a "tia Isis".

Vira e mexe ele pergunta do Leo, filho da minha amiga Tati, e diz que está com saudades ou que quer que ele venha brincar com ele na casa dele. Outro dia conversava no Whatsup com a Weruska e ele queria ver a conversa com "tia We". Tem os tios Gu, que ambos tocam violão para ele e ele adora e brinca com eles como se fosse da família. Quando a "tia Marina" vai lá em casa, então, ele fica super feliz, afinal ela brinca com ele, se joga no chão, corre, pula. Por acaso, ele precisa mais do que isso?

Quando a Isis ficou grávida, ele me perguntava sempre se a Marina já tinha nascido - de vez em quando até rola uma confusão entre a Marina bebê e a Marina minha amiga. Até hoje ele me pergunta se a Marina, a bebê, já cresceu para brincar com ele. Tanto que outro dia disse que a Marina ia em casa e ele, automaticamente, pensou na bebê e me perguntou se ela já tinha crescido para ir em casa sem a "tia Isis". Ri muito e expliquei que quem ia em casa não era a tia Isis com a Marina e a tia Marina.

Isso além de uma delícia de se ver, ouvir e sentir tem muitas vantagens, afinal estar com os amigos e com o filho se torna ainda mais fácil e gostoso.

Por isso, amigos, queria agradecer imensamente por esse amor que transborda e chega no meu filho. Que faz com que ele se sinta bem ao lado de vocês e reconhece em vocês pessoas amadas e queridas com as quais ele pode brincar, pular, pedir, conversar e conviver com segurança e carinho. Para uma mãe, isso não tem preço. É simplesmente gratificante poder e conseguir conciliar a vida de mãe e de amiga com vocês. Obrigada!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Primeiras palavras

Nem me lembro ao certo quando Arthur falou sua primeira palavra. Lembro-me vagamente de que acreditávamos que o que ele dizia era papai. Mas, honestamente, a fala não foi tão marcante assim para mim. Ela foi, aos poucos, se desenvolvendo e o repertório se ampliando sem que eu realmente fizesse conta desta conquista.

Lembro, por exemplo, de quando ele engatinhou pela primeira vez. Ou de quando ele ficou em pé no meio de uma sala com meus amigos ao redor e eu tinha ido ao banheiro e não vi e ele nunca mais repetiu o feito. Lembro dos primeiros cinco passos sozinhos, aqueles quase cambaleantes que ele deu antes de começar a andar para valer. Lembro da primeira queda, que foi do sofá, e do primeiro machucado grande, que foi de uma poltroninha que ele ganhou da avó e fez a boca sangrar e eu morrer do coração - tirando o objeto da sala por meses seguidos.

Resumindo, lembranças não faltam em 4 anos, mas realmente a fala não está entre as mais marcantes e registradas com afetividade. Talvez, confesso, se ele tivesse falado mamãe primeiro eu lembraria (ou não, nem me lembro quando ouvi mamãe pela primeira vez).

Mas há um tempo espero ansiosamente pelas primeiras palavras escritas. Sim, esse é um grande feito para mim e eu tenho aguardado com carinho e muita ansiedade. 

No ano passado, uma amiga da turma enviou o convite do aniversário com o nome dela e do Arthur escrito por ela. Mamãe jornalista aqui ficou se roendo que o filho mal fazia conta das letras, mas também entendia que o tempo dele precisava e devia ser respeitado guardando mais um pouco toda a vontade de vê-lo escrevendo.

A escola, no ano passado, começou a "incentivar" a leitura. Na verdade, era mais um reconhecimento do desenho do próprio nome através das tarjetas dos nomes, que eram apresentadas diariamente aos pequenos.

Este ano, a apresentação às letras e nomes continua, potencializando o contato com as letras e estimulando muito ludicamente a escrita através do "desenho" das letras. Aos poucos, eles vão afinando a coordenação motora e aprendendo as letras. Como a própria escola frisa, o objetivo não é de maneira alguma que eles saiam de lá escrevendo ou lendo, afinal todos estão com cerca de 4 anos (alguns completando este semestre, outros já completando cinco no semestre que vem), mas aos poucos sinto que o estímulo tem resultado. Hoje, por exemplo, Arthur reconhece muitas letras, sabe todo o alfabeto e começa a dizer com que letra começa cada palavra. Claro que ele ainda confunde sílaba com letra e muitas vezes, para ele, o carro começa com ca, mas aos poucos vamos conversando e ele assimilando.

Neste feriado, pela primeira vez, Arthur me pediu para desenharmos o nome dele e o meu. Então, sentamos com papel em branco nas mãos e iniciamos a escrita pelo nome dele. Ah, sim, o nome dele ele já sabe todas as letras que compõe assim como costuma, frequentemente, dizer que algumas letras são dos nomes dos amigos de sala como o F que é de Francisco, o M de Manu ou de Miguel, o I de Isadora, o P de Pedro e assim vai, reconhecendo qual é a letra inicial dos 10 amigos de sala e mais das amigas que não são mais da mesma turma no período da tarde.

Voltando... começamos escrevendo o nome dele. Propus que eu escrevesse o nome (letra por letra) em cima e ele escrevesse embaixo e assim foi. Para desenhar o R ele ainda sente bastante dificuldade, mas aos poucos fui ilustrando a letra e o ensinando a desenhá-lo. O nome dele saiu bem, ele sabia quais as letras que vinham a seguir embora tivesse dificuldade com o R e o U. Já o meu nome, que desenhamos depois, eu não precisei nem escrever em cima. Segundo ele, não precisava e apenas ditei as letras, ajudando no R e no N. E assim, saiu meu nome.






Bati tanta palma, dei tanto parabéns, comemorei tanto que parecia até que ele tinha ganho um campeonato inteiro com um gol de placa dedicado a mim aos 45 minutos do segundo tempo. Achei realmente incrível e fiquei extremamente feliz. Desejo que este dia fique pra sempre na memória como o dia em que ele escreveu suas primeiras palavras. As primeiras de tantas outras e que poderão abrir um mundo inteiro de possibilidades para ele.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Eu: mãe do Arthur & jornalista

Então eles estão "estudando" sobre profissões na escola. E os pais foram convidados a falarem de suas profissões para a turma. Assim que voltei de viagem, marquei meu horário. Era meu último dia de férias. Ia fechar com chave de ouro. 

Já tinha tentado, na mesma semana, participar de uma outra atividade na escola na Semana do Brincar, mas aí choveu e a atividade que seria ao ar livre foi cancelada. Eu fiquei chateada e ele continuou esperando pela minha ida na escola (até hoje me pergunta se eu vou lá brincar com ele!)

Então, cheguei lá e a roda de 10 pequenos me esperava. Só de vê-los me esperando ansiosamente me deixou nervosa. Bateu aquele medo de será que eu ia conseguir suprir as expectativas.

Assim que cheguei, Arthur levantou e veio me cumprimentar. Era nítido que ele estava orgulhoso que eu estava lá! Veio, me beijou para marcar seu território, e voltou ao seu lugar na roda - o mesmo que estava antes, mesmo comigo posicionada ao lado oposto da roda. Aquilo me emocionou. Meu filho estava orgulhoso de minha presença! Resolvi sentar de frente para o Arthur, assim poderia ver a carinha dele. Mas aí ele pediu para eu sentar do lado dele e, então, fui!

Como sabia que outra mãe & jornalista já tinha passado por lá, achei que o melhor seria começar dizendo que a minha profissão era igual de outra mãe que tinha ido. Como algumas crianças já sabiam que eu era jornalista, a professora questionou se eles sabiam de que mãe a minha profissão era igual. Então, acertaram a mãe, mas ficaram na dúvida se eu era jornalista ou professora ou os dois, como ela.

Então, alguns disseram jornalistas, outros me disseram que eu tinha cara de professora e meu filho me olhou tão curioso para saber se eu também era professora que foi engraçado o jeito dele como quem diz: Ué, mas isso você não tinha me contado! Você também é professora?

Quando disse que era apenas jornalista, uma das meninas me disse: Você tem cara mesmo de jornalista.

A sabatina se seguiu com eles tímidos e esquecendo as perguntas, repetindo perguntas como se meu trabalho é duro ou fazendo outras como se eu gosto do que eu faço, o que eu gosto mais de fazer, há quanto tempo estou na profissão, se eu entregava jornais ou escrevia para a França e para onde eu costumava escrever.

Como achei que eles estavam tímidos e, vez por outra, dispersos tentei provocá-los. Contei a eles que o jornalista INVESTIGA, que FAZ PERGUNTAS como eles estavam fazendo e eles se acharam, ali me entrevistando, também um pouco jornalistas. Questionei se eles sabiam o que um jornalista mais usava para seu trabalho e, embora tenham dito computador que é algo mais próximo do real hoje, disse que o papel e a caneta eram os principais instrumentos dos jornalistas.

A professora chegou a dizer que aquela tinha sido a conversa mais tranquila que eles tinham tido até então. Acho que, provavelmente, a falta de "novidade" de uma profissão repetida com certeza contribuiu para o "desinteresse".

Mesmo assim, adorei. Adorei meu filho feliz por eu estar lá, adorei ser sabatinadas por pequenos de 3 e 4 anos, adorei fechar minhas férias assim: com crianças sendo crianças, curiosas, engraçadas e tímidas e, especialmente, do lado do meu filho!

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Carta ao longe

Arthur,

Hoje estou longe de você e assim estarei por uma semana. Desde que me separei de seu pai tenho passado por muitas transformações na vida. Há algum tempo, decidi que viajaria sozinha pela primeira vez. Não sei ao certo se foi falta de companhia, mas a verdade é que pouco busquei por alguém que topasse fazer esta viagem comigo. Essa é, certamente, a maior transformação de todas.
Quando me casei pensei que teria uma companhia para todos os momentos e, por um tempo, realmente tive. No entanto, as coisas mudaram e, entre outras coisas, fui perdendo a companhia dele e passei a frequentar os lugares somente com você - o que nem sempre era fácil ou agradável, já que você é bastante espoleta e pouco para quieto - requerendo tanta atenção que impede todo e qualquer divertimento do seu responsável.
O fim era certo e foi inevitável. É assim foi. Passado algum tempo eu já me acostumei a estar sozinha e a frequentar os lugares apenas com sua cia. Você, já faz um tempo, é meu grande companheiro em todo e qualquer evento. Apenas em grandes eventos ou para trabalhar você não está comigo.
No ano passado, eu e seu pai tiramos uma semana de férias sem você. Foi bom. Este descanso de você é sempre vigorante e importante. Este ano, resolvi manter minha semana de férias de você - o que implicou em uma semana sozinha. Esta é a sua segunda semana no ano sem minha presença, já que viajei a trabalho por uma semana em março. No entanto, aquela minha semana sem você foi uma semana cheia de tristeza e trabalho. Resolvi, então, manter minha semana de férias de você - que com minha dedicação única e exclusiva à você se tornou ainda mais importante e necessário para mim.
Minha coragem em partir sozinha pela primeira vez, para uma grande cidade, em outro país surgiu nem sei de onde. Mas o importante é que ela existiu e está presente na minha vida há alguns meses. Gostaria que você tomasse isso como exemplo em sua vida. Aqui, de longe, Desejo que tenha coragem de realizar suas vontades e seguir seu coração, como fiz ao embarcar na noite de ontem. Desejo que você seja capaz de embarcar em aviões, nas suas vontades e nos seus desejos se eles foram bons e necessários para você e seu crescimento pessoal. Desejo também que você possa ser independente, autossuficiente e feliz em suas escolhas. Que você não dependa de ninguém para viajar, para acreditar e para ser feliz.
Desejo, aqui do fundo do meu coração, que você possa sempre seguir os melhores passos que dou porque com ou sem você ao meu lado, não importa, eles são dados cheios de amor e esperança de que você possa aprender com os erros e acertos deste caminho!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Por aqui tudo na Santa Paz, embora na correria de trabalho e da vida comum do dia a dia. Arthur melhorou muito seu comportamento. Parece outro menino. Mas tem dias que, claro, se comporta como uma criança birrenta e dá um trabalho danado.

Este final de semana foi um destes. Fez birra por tudo e para tudo. Foi melhorar no final do domingo - o que já é um avanço visto que era dia das mães e eu queria era comemorar com ele e não brigar. Como disse, no cômputo final ficamos bem.

Os dias tem passado depressa e já faz um mês que o pai dele não aparece e não manda notícias. Não liga, não pergunta, não se interessa e não aparece. Eu, que por um tempo resolvi fazer o papel da interventora e levar o menino lá, de repente, só para eles poderem ter algum contato, desisti depois que fui destratada ao levar os convites do aniversário e avisei: é a última vez que trago ele aqui. Avisei também à criança que, embora não entenda a complexidade de nossa relação e dos problemas que nos cercam, precisa saber que a mãe não fará mais o papel da motorista e da interventora da relação. Ele chorou, resmungou, mas ao que parece entendeu e leva melhor a situação do que eu, que ainda sofro com isto regularmente. Ele sequer fala do pai, não pergunta e nem reclama de saudades. Fala mais dos primos do que do pai.

Ele continua insistindo que quer a família dele de volta, mas em nenhum momento cita ou questiona sobre o filho como se a família dele fosse apenas eu. A relação que ele quer reatar é comigo e em nenhuma tentativa colocou o filho em primeiro lugar. Eu sigo tranquila e leve, certa do que fiz. Aliás, cada vez mais certa.

Semana que vem estou em férias. Dividi, desta vez, em dois períodos assim em julho poderei ficar com ele e fazer programas exclusivamente com ele. Nesta primeira quinzena, as férias são minhas. Vou curtir, descansar e pensar na vida. Me conhecer e reconhecer meus gostos, preferências e viver. Tanto que vou viajar, pela primeira vez na vida, sozinha. As pessoas não costumam acreditar muito que vou sozinha-sozinha e a pergunta mais comum é: você vai sozinha? Sozinha mesmo? Inacreditável essa coisa de não acharem que uma mulher pode ser independente assim. Quando separei, tive que responder dezenas de vezes que não tinha ninguém na parada que eu só não queria mais por N motivos. Agora, com a viagem, a pergunta se repete. Acho mesmo engraçado a situação, mas sigo meu caminho rindo da incapacidade de os outros entenderem que eu posso sim ser feliz sozinha. Que eu não preciso de alguém para ter coragem de terminar um relacionamento ou para embarcar em um avião. Quero, acima de tudo, que isto sirva de exemplo pro Arthur. Que ele possa se bastar e se completar, sempre. Que possa se conhecer e fazer o que tiver vontade na vida, sem depender de ninguém. Afinal, se eu dependesse dos outros para fazer qualquer coisa na vida, não fazia nada.

Mas isso é assunto mais de terapia do que de post. Aqui, seguimos a nossa terapia interna de reflexão e tentativa-e-erro e vamos errando e acertando os passos na nossa dança da vida.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Ele já fez 4

Ando sumida, eu sei. Verdade seja dita: estou com muitas coisas na cabeça e tocando uma vida sozinha com ele. Isso complica bastante a situação. Depois, tem o fato de que meus assuntos são apenas a separação, o divórcio, as brigas e tudo que anda acontecendo, mas não acho o tom para tratar disso aqui, então vou deixando de lado. Antes, eu estava lotada de trabalho. Fiquei uma semana fora de SP, sem meu filho, bem na semana do aniversário dele. Então, pior ainda.

Talvez até tenha assuntos, mas falta tempo, falta achar o tom, falta coragem de encarar outras coisas e vou deixando.

Mas ele já fez 4. Eu estava fora de SP. Falei com ele logo cedo. Chorei horrores antes de viajar, alguns dias antes, e chorei horrores no dia do aniversário dele. Já sabia que seria assim. Mas ele levou numa boa - ao que parece. Não questionou minha falta especificamente, somente a minha demora em voltar (realmente foram mais dias que normalmente eu viajo).

Eu voltei e achei que encontrei um menino diferente. Aos 4. Mais crescido, mais falante, mais articulado, mais mais. Não sei se foi impressão minha, coisa de mãe coruja, saudades ou se é fato. Só sei que nos dias da volta achei ele diferente.

Ele continua pitizento, manhoso, difícil de lidar em algumas situações, mas ando incrivelmente paciente. E tentando levar como dá. Nos dias em que ele está bem, tudo é muito maravilhoso. Nos dias em que ele fica difícil, tudo é muito cansativo. A média está em 50/50. Nem tão maravilhoso como eu queria e nem tão difícil quanto já foi. Mas ainda tem dias que eu prefiro evitar e fugir, aí faço um caminho comprido na volta para casa, invento mil programas para ele se cansar e dormir cedo, entrego o tablet na mão dele e deixo a vida seguir num ritmo mais ameno para mim. Porque ainda tem dias que não dá. E podem julgar e culpar. O calo aperta lá em casa e eu resolvo como consigo.

Sábado festejaremos seus 4 anos. Apesar de já ter passado faz tempo. Mas eu estava fora, depois veio o feriado e eu decidi por esta data para que os amigos da escola estivessem também. Vamos comemorar. Celebrar. No ritmo dos super heróis porque como dizem as mães da turma dele, eu tenho me saído uma verdadeira mulher maravilha na arte de lidar com tudo sozinha. Não sou super heroína, mas certamente tenho feito muito mais do que imaginei conseguir.

Que venha a festa, que venham os amigos, que venha a vida para celebrar. Depois, volto aqui para falar das coisas que não andamos comemorando at all.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dia da tristeza

Tem dias que bate uma tristeza danada. Pode ser um dia lindo de sol como o de hoje, mas o vazio do peito é maior e torna tudo cinza, feio e frio.

Estou em um dia cinza. O dia da tristeza. O dia (raro) que me culpo por tudo e por todos. O dia que eu canso de tudo e não quero nada além de navegar no Pinterest e ficar vendo coisas bonitas para ver se consigo colorir um pouco a alma. O dia em que aquela música me faz chorar e olhar tudo de outro jeito, sob outras perspectivas.

Hoje é o dia que eu devia escrever aquela carta sincera e escrever tudo que realmente penso e sinto. É hoje o dia que eu tenho vontade de ir para casa e não ter responsabilidade nenhuma no trabalho, obrigação nenhuma, tarefa nenhuma, chefe nenhum, colega nenhum.

Hoje é o dia cinza que eu não queria ver meu filho chorar, sofrer e pensar que ele deve estar sentindo uma falta tremenda do pai, que não liga, não vê, não aparece e não quer nem saber. Hoje é o dia cinza que tento, ligo, insisto e mostro (em vão) que ele tem obrigação, responsabilidade e dever de pai, mesmo já tendo tentado e quebrado a cara tantas vezes e tendo prometido que não ia mais tentar porque é sim em vão.

Hoje é meu dia cinza para sofrer pela viagem que virá e vai me afastar por 8 dias seguidos do meu filho, na semana e no dia do seu aniversário. É o dia em que eu já estou desesperada com o prazo que expira e a quantidade de trabalho que se acumula e eu me desespero achando que não vai dar.

Hoje é o dia cinza que vou somar todas as dores de 32 anos e vou querer chorar e morrer um pouco ou que eu desejo ser outro alguém com outras dores e outros amores, que não esses que hoje me tornam assim tão triste e apagada.

Hoje vou viver meu dia triste para quem sabe amanhã, ao amanhecer, ele se torne mais colorido.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Uma manhã na praça e o show de horror

Uma vez já escrevi aqui sobre o quão antropofágico pode ser a experiência em parquinhos e pracinhas com os filhos. Se você estiver disposta a olhar em volta e analisar é surreal o que podemos ver.

Neste final de semana não foi diferente. Com um bloco de carnaval próximo a uma praça que costumamos frequentar, resolvi unir o útil ao agradável. A ideia, claro, era ir ao bloco, mas desta vez o Arthur não se animou muito e preferiu ir à pracinha. Pois bem, lá fomos nós.

Como era de se esperar, a praça estava bem mais cheia que o normal e a experiência foi bastante ruim. Achei triste ver o quanto ainda tem gente que educa gente da forma errada: ensinando a bater ou ignorando a violência, não ensinando a respeitar, não ensinando a cuidar do local em que está.

No final de semana, o que vi foram crianças mal-educadas e pais idem que ora ignoram a deseducação dos filhos ora estimulam comportamentos que deveríamos banir.

Primeiro foi a cena em que um menino, do alto da casinha de madeira do escorregador e que é bastante alta, começa a bater em outro. A mãe do que bate nem o repreende e fica, de baixo, apenas olhando. Já a mãe do que apanha incentiva seu filho a revidar. Fiquei simplesmente chocada. Uma porque se omite, a outra porque incentiva a violência. Vendo um bater e outro apanhar, um terceiro se junta e começa a bater também. E mais uma mãe se omite e finge que não está vendo nada enquanto a mãe do que apanha incentiva ainda mais que o filho revide. Fiquei olhando estarrecida. A cena durou pouco tempo, no entanto, o primeiro que batia seguiu muito tempo batendo em outras crianças que subiam na casinha para escorregar. Os outros saíram, mas a cena se repetia com toda e qualquer criança que subisse. Um verdadeiro show de horror.

Depois, diversas crianças queriam furar a fila para subir na casinha e escorregar e muitos pais e mães ajudavam a eles furar a fila. Eu, muito da sem papas-na-língua, fui a primeira a dizer a filhos e pais que havia fila e que a criança devia seguir para o final. Quem sabe assim educamos pais e filhos de uma vez só, não é mesmo? 

Esse era o objetivo: choque-de-realidade e de educação a quem não quer ter e prefere não só ser sem educação, mas insiste em permitir que crianças repitam e perpetuem esse comportamento. Simplesmente inaceitável e inacreditável que isso aconteça em plena luz do dia, em um local familiar, com crianças por perto e em pleno século XXI. Ah, e isso não foi nem perto da periferia onde costumam dizer que as pessoas não tem educação. Não, bairro nobre da cidade de São Paulo. Depois acham que sem educação é quem é pobre. Honestamente, foi decepcionante vivenciar esta experiência.

Enquanto eu via e analisava tudo isso, muito provavelmente meu filho nem entendia a dimensão de tudo. No entanto, respeitou as filas; apanhou, chorou sem revidar e saiu de perto; brincou e se divertiu como sempre fazemos e ainda esteve na companhia de alguns amigos da escola. Sigo firme nos propósitos de ensiná-lo a ser sempre melhor: a não bater e nem mesmo revidar quando apanha (mas chamar algum adulto para que resolva a situação), não furar filas e respeitar a vez de cada um, brincar e se divertir porque é isso que importa. E seguimos juntos tentando ensinar essa missão na vida, que nem sempre é fácil, convenhamos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ocupando o espaço público

Brincando no bloco de carnaval que passou perto de casa
Gostamos muito de ir à pracinha. Costumamos, com frequência, ocupar o espaço público e fazer um bom uso dele. Eu quero, assim, mostrar a ele que a rua é também a nossa casa. Que a praça, a praia e os parques são lugares que devemos frequentar, cuidar e respeitar porque é nosso, mas é também das outras pessoas.

Ele provavelmente não entende toda essa dimensão de nossa ida à praças e parques, mas certamente já entende que deve respeitar a vez do outro, que não pode jogar lixo no chão e que não se pode destruir nada que está lá, afinal ele vai usar e outras pessoas também.

Geralmente, ele já se zanga (e ainda por cima recolhe) quando encontra lixo deixado por outras pessoas. 

Com o carnaval e a proliferação dos blocos em São Paulo, resolvi levá-lo também aos blocos de carnaval que tem acontecido nas proximidades de casa. Para mim, foi mais uma maneira de mostrá-lo que podemos e devemos ocupar os espaços públicos. Que a rua é de todos e que devemos sim sair para a rua e ocupá-la. Ele tem aproveitado, curtido e vivido tudo isto.

Na semana retrasada, quando fomos ao primeiro bloco, ele adorou. Foi centro das atenções e pôde, além de ocupar o espaço, compartilhar da gentileza das pessoas e crianças que estavam brincando no mesmo bloco. Recebeu confete e serpentina por onde passou, brincou com outras crianças e muitas adultos também fizeram questão de brincar com ele, que se divertiu sendo o Homem de Ferro que derrubava todos pelo caminho. Assim, fica até fácil mostrar a ele como a vida pode ser bacana quando todos tem um mesmo propósito ao ocupar o espaço público, mas nem sempre é assim. No último final de semana, por exemplo, tivemos muitos problemas ao repetir a experiência em um bloco destinado ao público infantil (mas esse post vem amanhã porque hoje eu quero falar apenas da boa experiência), mas assim também aprendemos a conviver com quem ainda não sabe respeitar o próximo e aprendemos com todas as situações que existem nesta vida.

Educar e fazer um mundo diferente, para mim, passa por estas pequenas coisas que, invariavelmente, vão um dia refletir na vida dele. E que assim seja. Pouco a pouco. Com pequenos gestos e coisas simples para fazer do futuro um lugar melhor, mais amável, com mais respeito por si, pelo outro e pelo mundo no qual vivemos. E que assim seja.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Volta às aulas (e eu querendo a minha rotina de volta também!)

Não sei se ele estava mais ansioso do que eu para conhecer a professora nova, mas sei que saiu todo alegre e feliz para o primeiro dia de aula.

Eu, sábado, já tinha conhecido as novas professoras na reunião escolar, mas sabia quanta expectativa ele estava nutrindo por este dia. Há duas semanas, de tanto ele me pedir para ir à escola e perguntar se as férias dele e dos amigos já tinha acabado, o levei para passar um dia no curso de férias. A ideia era retornar também na semana passada, mas aí ele ficou com um mega resfriado e com febre a semana quase inteira (foi melhorar só na sexta-feira) e a volta às aulas ficaram condicionadas mesmo para hoje.

Ele, claro, deu seu piti habitual para sair da cama, me obedecer e se deixar vestir. Mas depois acabou cedendo, se levantando e até me ajudando. A alegria era tanta que ele vestiu a lancheira nas costas e queria ainda puxar a mala, mas a mãe exagerou na lancheira (sério, mandei: danone, duas bananas, duas bisnaguinhas com requeijão, cereais, gelatina e suco) e estava tão pesada que ele reclamou e pendurou na mochila para sair carregando as duas.

Eu fiquei feliz de vê-lo tão contente de ir para a escola seja para "estudar" seja para rever os amigos. Feliz e com um sentimento de que acertei a mão. Lembro que o um ano e meio que ele ficou na outra escola ele nunca teve este sentimento de pertencimento e de querer ir, de querer estar lá; coisa que acontece bastante com essa escola, que ele está desde o ano passado. Eu, na verdade, fico feliz porque sempre "namorei" aquela escola e vejo nas propostas deles coisas que me encantam muito para além da educação infantil, mas para propostas concretas de pensar e agir democrático. Eu quero sim tirá-lo de lá na época da alfabetização e passá-lo para uma escola grande de verdade para que ele aprenda a se virar, mas juro que tenho repensado cada vez mais esta intenção.

Agora, com a volta às aulas eu também espero conseguir retomar a minha rotina, que está perdida desde a separação em outubro. Primeiro foram algumas semanas fora de casa, que desajustaram tudo. Depois, foi a retomada de tudo definitivamente meu, o que me fez ficar bastante desnorteada e sem conseguir me acertar com a hora, principalmente com a rotina noturna, a hora de dormir e de dar conta de tudo. Mas, afinal, era novembro, as férias logo viriam e tudo ia mesmo sair da rotina, então, deixei.

As férias me mostraram que meu filho tem infinitamente mais pique do que eu: acordava cedo, brincava o dia inteiro sem o cochilo diário e ainda ia dormir tão tarde quanto eu. Ou seja, sem hora para dormir e assim foram-se dois meses de férias. Estamos indo dormir todos os dias perto das 23h, o que me deixa cansada, irritada e sem conseguir dar conta de tudo e menos ainda de mim. Ele me esgota, me cansa, me irrita. Resultado: vamos os dois dormir na minha cama e eu invariavelmente acabo dormindo antes que ele, que ainda tem pique para pedir mil desenhos e fazer mais duas mil brincadeiras. Com a volta às aulas, eu quero retomar a vida de conseguir voltar para casa logo já que nas férias, como ele ficava na casa da avó e eu só conseguia sair de lá com ele amigavelmente perto das 20h eu não conseguia colocar ele na cama no horário normal, pois ele tinha muitas vezes acabado de acordar da soneca que ia até 18h ou 19h. Quero, a partir de hoje, colocar as coisas em ordem, fazer ele ir para a cama dele no horário convencional das 20h45 e, claro, ter pelo menos meia hora do dia para mim.

Vamos, com calma e aos poucos, voltando à rotina. Ele já voltou às aulas, agora falta ajustarmos a rotina e retomarmos mais um ano com muitas atividades - tanto para mim quanto para ele.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dilemas materno-trabalhistas

Porque quando falaram em realizar o Congresso no mês de março eu logo avisei: que não seja na semana do dia 24 que é aniversario do meu filho. Melhor teria sido se eu tivesse sugerido a data do dia 24. 

Assim vai ser. O aniversário de 4 anos dele eu vou passar longe, em outro estado, trabalhando muito. Longe por cerca de uma semana! De arrasar qualquer coração de mãe. De revoltar qualquer um que trabalhe mesmo gostando do que faz e mais ainda quando se está em estado de descontentamento profissional.

Eu tentei muito mudar de emprego e não ter que encarar a situação, mas esta alternativa foge do meu controle. Na atual situação financeira eu não posso me negar a ir. São 5 anos e meio de empresa, um conhecimento acumulado razoável, bastante experiência e muitas obrigações. Simplesmente não dá para reverter o quadro.

As reuniões preparatórias estão sendo constantes. Nelas, eu aproveito para avisar que dia 24 não vai ser fácil para mim. Para que me tolerem e respeitem naquele dia. Eu torço para que dê tudo certo. E para que ele possa curtir o dia com um parabéns na escola bem animado e contente já que nem um beijo eu vou poder dar e ainda nem sei ao certo como vamos comemorar depois já que a grana está curta e as datas enroladas, já que na semana seguinte é feriado e depois talvez fique longe demais. Antes já estarei viajando e não sei mais o que fazer. 

O fato é que ele pede a festa dele e já diz quem quer convidar. Só falta a mãe decidir e ficar em paz consigo mesmo para resolver e colocar tudo em ordem. Afinal, um dilema como esse merecia anos de terapia para ser resolvido!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Das tagarelices fofas ou Que vontade de morder!

Ele anda falando coisas que até Deus duvida. Desde expressões que os adultos que o cercam falam com frequência até coisas fofas. Nos últimos dias fui atacada por frases meigas e fofurices. Olha só:

Ontem

- Mãe, vem aqui no rasinho!
- Para quê, Arthur?
- Para eu te fazer um carinho.
E ficou fazendo carinho, dando abraço e beijinhos na parte rasa da piscina.

No sábado

Enquanto ele estava deitado no meu colo, recebendo cafuné e assistindo um desenho antes de dormir.
- Mãe, eu te amo.
CATAPLOFT!

Sexta-feira

- Mãe, se a gente sonhar mil vezes com a Akira ela vai voltar?
- Não filho. A Akira não vai voltar. (ela morreu em outubro)
- Hunf!
E se encolhe na cadeirinha do carro e faz cara de quem vai chorar.
- Que foi, filho?
- Eu estou com saudades da Akira.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Aprendiz de peixe

O ano passado, nas festas de final de ano, Arthur entrou em uma piscina funda (mesmo com vários adultos em volta) e acabou se afogando.

Eu, naquela altura, já estava com vontade de colocá-lo na natação e então na volta das férias procurei uma escola de natação e o matriculei. No entanto, o pequeno afogamento causou trauma no pequeno, que depois do fato passou a perguntar frequentemente se a piscina era fundona ou rasinha. Ele, então, só sentia à vontade nas piscinas rasas.

Na praia, a piscina infantil é bem rasa mesmo, tem apenas 35 centímetros. O que é ótimo para você largar o filho sem se preocupar muito enquanto ele se refresca e se diverte em total segurança. Eis que toda e qualquer piscina funda ou mar era motivo de rejeição dele.

A natação virou tortura, pois a piscina funda metia medo e uma insegurança total. As poucas aulas que ele frequentou foram de total desespero para ele, dentro da água, e para mim, fora da água. Então, uma doença atrás da outra me fez cancelar e desistir da natação.

Este ano, ele deixou o medo de lado para brincar com as crianças que, na idade dele, brincavam na piscina funda na praia. Ele, então, aceitou usar as boias de braço, que antes tanto o metiam medo e insegurança e resolveu encarar a piscina funda. Afinal, melhor encarar o medo do que brincar sozinho.

Agora, ao que parece, ele perdeu o medo (embora entendesse que é preciso ter um adulto próximo e usar as boias para não se afogar). E, inclusive, tem se desafiado a ir além. Na piscina rasa do prédio em que moramos ele tem, inclusive, treinado uns mergulhos por livre e espontânea vontade. Tampa o nariz e se enfia embaixo da água. Uma graça de se ver. O fato gera, ao mesmo tempo, alívio e preocupação. Alívio porque ter filho traumatizado ninguém merece, mas preocupação porque agora ele pode achar que não ter medo significa poder encarar a água sem preocupação.

E, com a evolução dele, percebo que nem tudo é tão eterno para ele. Nem todo acidente e/ou "susto" vão provocar danos irreparáveis. Enquanto meu aprendiz de peixe se aventura na água e desafia os próprios limites, eu fico impressionada na capacidade dele em superar e me surpreender cada vez mais.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Das resoluções passadas e das novas

O ano passado eu escrevi aqui algumas resoluções para o ano que se iniciava. Hoje, olhando para elas, vi que mudei o percurso ao longo do trajeto e por muitos e diversos motivos.

Algumas coisas consegui cumprir, mas outras fiz questão de abandonar e outros tantos não consegui mesmo cumprir.

2014 foi não só o ano da minha separação, mas um ano difícil para caramba em todos os aspectos que uma vida de mãe pode ter. O trabalho estava ruim, o amor estava ruim, meu filho ficou doente para caramba. Teve dia de eu achar que nada definitivamente ia bem. Na verdade, 2013 já tinha acabado bem ruim, o que só contribuiu para 2014 ser um desastre total.

No entanto, 2015 começou bem. Comigo mais decidida, mais calma e com um montão de coisa mais resolvida. Só por isso, não tenho mais tantos desejos para 2015.

Quero viajar sozinha e com meu filho, quero um emprego novo (que ainda não consegui), quero estar mais próxima dos meus amigos, ler mais e fazer mais coisas que eu gosto assim como eu quis para 2014. No entanto, outras coisas não estão mais nos planos e não tenho pretensão de colocar nada no lugar. Quero um ano de paz. Já sei que vai ser um ano de MUITO trabalho, então (por enquanto) estou focada. Para este mês, quero focar na saúde e marcar diversos médicos. Por enquanto, esta é a meta. E que venha uma meta por mês.

Feliz 2015 e um ano de muitas coisas boas para todos!