terça-feira, 19 de julho de 2016

De ressaca

Quem nunca tomou um porre e ficou de ressaca que atire a primeira pedra! Quem nunca disse que nunca mais ia beber no dia seguinte? Quem nunca sentiu arrependimento e achou que ia morrer depois de uma grande esbórnia? Mas aí os dias passam, a ressaca passa e, quando menos se espera, estamos lá de novo bebendo, na esbórnia e sofrendo tudo de novo...

Mas e quando a ressaca é de outro tipo?

Vira e mexe fico com uma sensação igual a da ressaca da bebida, mas é uma ressaca de responsabilidade. Em vez de sentir o gosto de cabo de guarda-chuva na boca, eu sinto mesmo é o peso do mundo. Quem me dera que a esbórnia de ontem tivesse sido a base de bebida, festa e muita diversão. Minhas ressacas, a tempos, tem sido extremamente opostas: cheia de responsabilidade, uma criança para criar e a falta daquela ajuda que deveria existir e não existe em nenhum sentido: nem físico, nem financeiro, nem espiritual, nem moral.

Então, eu vou lá, faço e aconteço, dou conta do recado e, depois, fico sentindo o peso do mundo. 

Ontem foram 7 horas em um pronto socorro infantil, com criança com soro e medicamento na veia, um show de manha que me tira do sério, uma pequena fortuna paga no estacionamento, um dia inteiro sem comer praticamente nada (até às 18h tinha sido uma xícara de café com leite antes de começar uma reunião no trabalho, quando veio a refeição dele me deram um lanche de alho poró e ainda comi parte da comida dele, que ele se recusava a comer). 

Chegando em casa, vem uma a ressaca do mundo, de ser mãe, de não ter apoio algum, de estar sozinha, de não ter forças nem pra comer e se jogar na cama que já é tarde e eu só quero esquecer. E a ressaca do mundo dura um ou dois dias depois de tamanha responsabilidade. É sempre assim. Em ciclos. Eu só não posso prometer não repetir a dose porque não posso me ausentar da responsabilidade. Mas aí, quando menos se espera a gente esquece que é tão difícil assim, se acostuma com uma dificuldade ou outra e vai vivendo até que acontece de novo e eu me pego sofrendo tudo de novo...

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Um menino aprendendo a escrever

Fui a uma reunião na escola que contava sobre os progressos das crianças. Contava que alguns estavam pré-silábicos, uns silábicos com valor sonoro e um que já sabia escrever.

A mãe, jornalista e que ama ler, pirou. Ver meu filho ler, escrever e aprendendo tudo isso sempre foi minha maior vontade e minha maior expectativa em tudo isso. Pois bem. Apesar disso, sei que tenho um menino super numérico - para desespero da mãe que odeia matemática e números e quase enlouquece com ele que conta tudo, sempre, o tempo todo, sem descanso (vou fazer um post só sobre isso, prometo).

Pois bem. Reunião acabada e aquilo ficou ali latejando dentro de mim. Uns dias depois, viajamos para a praia. Lá, na brinquedoteca, tem uma lousa e ele estava brincando nela quando lancei o desafio: Arthur, vamos escrever uma palavra? Ele rapidamente aceitou o desafio e pensei em uma palavra que eles tinham tentado escrever na escola: elefante.

E então, ele começou a pronunciar cada sílaba e escreveu (aí na foto) E L F A T. A mãe, louca, já saiu fotografando, postando e se emocionando. Tem alegria maior? Como uma leiga total (pré-silábico ou silábico com valor sonoro até então não tinham diferença e eu nem sabia o que era, na verdade ainda não sei apenas deduzo) sai falando que ele estava pré-silábico. E em questão de minutos a professora me chamou no Messenger e avisou que não, que ele estava silábico com valor sonoro. E elogiou o empenho, interesse e dedicação do meu menino. Se quase chorei? Óbvio!

O fato é que em abril ele estava aí nesta situação (mãe atrasada, me representa!) e me encheu de felicidade e orgulho. Dói um tanto ver eles crescerem, mas também é uma alegria tão grande que nem sei o quê compensa o quê.

Em tempo, segue definições que encontrei:
  • Pré-silábica, sem variações quantitativas ou qualitativas dentro da palavra e entre as palavras. O aluno diferencia desenhos (que não podem ser lidos) de “escritos” (que podem ser lidos), mesmo que sejam compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
  • Silábica com valor sonoro convencional. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, em geral representada pela vogal, mas não exclusivamente. A leitura é silabada.
Fonte: Nova Escola

sexta-feira, 13 de maio de 2016

A fono e as palavras

Desde o ano passado que tenho sentido e percebido a dificuldade que o Arthur tem para pronunciar corretamente alguns fonemas: BR, TR, CL, BL, G ou J, X ou CH e assim vai.

Então, foneticamente, ele costuma falar:
Blusa - busa
Trabalho - tabalho
Giz - Ziz
Janela - Zanela
Xixi - sisi
Chorar - sorei

Entre outros fonemas. Esperei, no entanto, até a largada da chupeta (que acabou gerando ele chupando dedo) para ver se os fonemas "apareciam". O r, na verdade, até apareceu e se acentuou e melhorou nas pronúncias em que ele está isolado (como no próprio nome dele, por exemplo Arthur e outras palavras similares, mas não em todas já que em Arara a pronúncia não está boa e eu não sei explicar porquê).

Mas com o início da soletração e escrita, que ainda acontece de forma lúdica, intuitiva e sem obrigações e cobranças, achei que era a hora de investir (literalmente) em um tratamento. Primeiro, conversei com a pediatra que pediu para ele repetir uma frase (agora já nem lembrou qual) e concordou com o encaminhamento.

Depois, busquei indicações e fui visitar a primeira fonoaudióloga. De cara, eu gostei dela e, principalmente, Arthur. Então, nem fui buscar mais mesmo que tenha que pagá-la e pedir burocraticamente pelo reembolso da consulta ao plano de saúde. Afinal, o principal era que ele gostasse e se sentisse à vontade com ela para fazer bem as sessões e depois ter paciência para fazer os exercícios diários em casa. E, por enquanto, tem dado super certo.

A primeira semana, ela focou no X e CH e em uma semana ele começou a falar corretamente. Aliás, só de fazer os exercícios do X e CH ele conseguiu corrigir o G e J que trocava pelo Z. Eu fiquei feliz. A fono também. Ele, orgulhoso.

Quase toda semana, vem elogio da facilidade em que ele tem para aprender. O fonema do R surpreendeu a fono, já que a maioria das crianças aprendem o fonema em um mês e ele conseguiu em uma semana. A fono, inclusive, já me aconselhou que ele fosse para uma escola bilingue já que ele tem tanta facilidade em aprender. Eu ainda resisto por não ser uma realidade próxima a nós e, por enquanto, desnecessária. Claro que se financeiramente falando fosse viável, talvez eu aproveitasse a facilidade que ele tem.

Já passamos também pelo fonema BR e agora estamos no CR. Semana que vem, ela me disse que vai misturar os dois. E seguimos. Achei que tanto o BR como o CR ainda encontram dificuldades na pronúncia, mas a fono está otimista com os progressos.

Minha esperança é que em seis meses ele esteja totalmente articulado e esteja ainda mais pronto e preparado para começar a escrever. Enquanto isso, vejo meu filho se empenhar visivelmente nos exercícios e nas "tarefas" da fono que buscam reforçar o aprendizado e o exercício correto da pronúncia.

Afinal, nada mais emocionante do que vê-lo assim crescido e crescendo.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Das novidades



Quase todos os dias eu penso em escrever aqui, mas adio por todos os motivos: muito trabalho, pouca inspiração, falta de tempo para escrever e quando sobra tempo, somem os assuntos. Tá difícil conciliar sim.

Há mais de uma semana de férias também ainda não tive tempo de escrever. Vontade teve, mas fui deixando pra lá. 

Assunto tem de monte, quer ver?
- a criança fez cinco anos
- ele está indo a fono
- ele está começando a escrever
- ele conta números como se não houvesse amanhã 
- ele está cada vez mais incrível, mas agora deu pra gritar muito

Quem sabe escrevendo aqui uma lista de assuntos e temas não animo voltar antes do ano acabar? Hehehe

Estamos seguindo a vida e vivendo. Com os percalços existentes, com as coisas boas e as más. Ele está incrivelmente feliz em ter feito 5 anos! Adora sair por aí contando a idade como se fosse uma grande vantagem ou uma grande coisa. Chega ser engraçado a inocência dele! Ao mesmo tempo, é espantoso ver como passou rápido. 

Encher a mão de anos, completar cinco anos. Sempre achei um marco. É assim tem sido para mim e para ele. Segue, abaixo, texto que dediquei a ele no dia via Facebook:

Hoje ele faz cinco anos. Meu incrível Arthur! Espirituoso, divertido, engraçado, nervoso, intempestuoso, amoroso, carinhoso, inteligente. Ele é uma verdadeira figura. O grande amor da minha vida.

O que desejar a um filho se não todos os clichês do mundo? 

Quero que ele seja feliz, amado, solidário. Que seja respeitado e também saiba respeitar os outros, os animais e a natureza. Que ame e seja amado. Que saiba ser intenso (e ele já sabe) e, ao mesmo tempo, saiba levar a vida com leveza. Que não leve tudo sempre tão a sério, mas que saiba o momento adequado das brincadeiras. Que saiba sempre sorrir e entenda que chorar, muitas vezes, é necessário e não há vergonha nenhuma nisso. Que saiba pedir desculpas e que também é necessário saber perdoar.

Desejo que tenha muitos amigos, muitos amores, colha muitas flores, tome banhos de chuva, de mar, de rio, de piscina. Que distribua amor por onde passar, que seja compreensivo, caridoso, generoso.

Espero que ao errar, aprenda e quando quiser muito alguma coisa, lute por isso.

Desejo o mundo inteiro de coisas boas e que você seja do bem porque assim a vida traz de volta tudo o que você fizer.

Amo você meu filho, meu mundo, meu amor.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Ensinando algo entre respeito e tolerância



Sempre que estou animada, cantando animadamente ou cantarolando Arthur se mostra terrivelmente rebelde, bravo e irritado. Não sei se é uma espécie de contradição em que toda vez que estou de bem com a vida ou toca música boa no rádio que me empolga meu filho está (coincidentemente) de mau humor, cansado ou bravo ou se ele quer mesmo me tolher. Só sei que ontem conversamos muito sério sobre isso.

Estávamos voltando para casa e já passava das 21h. Fazia pouco tempo que ele tinha acordado do sono da tarde (que foi fora de hora já pelas 18h - essas férias me matam) e geralmente este (o acordar) é realmente um momento de muito mau-humor dele.

No rádio estava tocando Tá Combinado da Gal Costa e eu cantava animadamente no caminho de casa. Chegamos na garagem, parei o carro e fiquei esperando a música terminar. Quando chegamos, a música já estava no final. Como eu sei que ele sempre fica bravo quando quero terminar de ouvir uma música, estava fazendo o procedimento de pegar as coisas e sair do carro de forma lenta para que desse tempo da música terminar sem que ele se irritasse mais e nem percebesse minha lenga-lenga. 

Eis que ele começou a se incomodar e a me pedir para parar de cantar, se irritando cada vez mais porque eu continuava cantando e ouvindo a música: 
- Para mãe. Para! Você não pode cantar! Grrrr. resmungava meu pequeno zangado.

Para piorar, na sequência, começou outra música boa. Não lembro qual, mas era uma do Legião Urbana. Mas como ele já estava irritado e bravo e me pedindo para parar (e eu nem dando ouvido e ignorando mesmo), eu desliguei o rádio, saímos do carro e continuei cantando a música do Legião. Enquanto ele descia do carro, eu pegava as coisas no porta-malas. Ele, bravo, bateu a porta do carro com força para chamar atenção e se vingar da minha mal-criação.

Eis que comecei a conversar. Disse que eu estava cantando e questionei o problema. Ele, bravo e entredentes, só me dizia que não queria que eu cantasse porque ele não gostava. Então, comecei a dizer que eu gostava, que ele tinha que aprender a respeitar os outros, o gosto dos outros, a vontade dos outros. E então coloquei de forma clara e objetiva uma cena hipotética de nosso cotidiano:

- Arthur, já pensou se quando você ficasse me perguntando dos números ou contando eu me irritasse e dissesse para você parar que eu não ia mais te ajudar? Eu também não gosto dos números, mas toda vez que você me pergunta, eu te ajudo. Eu não gosto, mas respeito e tolero que você goste e queira saber, então eu te ajudo. Então, eu gosto de cantar e quero que você entenda e respeite isto. Quando eu quiser cantar, eu vou cantar uma música legal. E quando você quiser contar, você vai contar e eu vou te ajudar. Assim, quando eu cantar eu fico feliz. E quando você contar, você também vai ficar feliz. Eu vou te respeitar e te ajudar e você vai me entender e me respeitar. Estamos combinado?

Foi algo assim. Didático. Em um exercício claro de alteridade (acho que eles são sempre os melhores. Colocar-se no lugar de outro é realmente algo prático e de fácil entendimento).

Espero, apenas, que tenha funcionado. E assim seguimos tentando ensinar, tentando aprender, tentando mudar, tentando acertar.


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Por um 2016 sem chupeta e sem mamadeira - parte 2

Mesmo tendo entregue a chupeta, seguíamos com a mamadeira. E eu, esperando o momento exato para tirar.

Apenas 3 dias depois da entrega da chupeta, estávamos novamente na estrada para aproveitar o recesso. Fomos para a praia.

Eis que dia 31 pela manhã, lavava a mamadeira quando o bico estragou completamente. O bico era novo, mas mesmo assim rasgou. No momento, assustei e, ao mesmo tempo, vi a oportunidade em tirar a mamadeira dele. Ele me esperava na sala e avisei: - Iii Arthur, a mamadeira quebrou. Estragou o bico, olha! Mostrei a ele a prova cabal de que não ia ter mamadeira aquele dia, naquela hora.

Ele, como sempre rápido, rebateu: - Então eu nunca mais vou ter mamadeira?!

Pronto! Resolvido. Concordei, meio sem jeito e já ofereci o leite com chocolate na caneca - como ele tinha tomado na casa de um amigo, uns dias antes.

Ele aceitou e quando coloquei a caneca na mesa, uma das garrafas de água tinha um canudo e para fazer uma graça ainda ofereci o canudo, proposta que ele acolheu bem.

Ali estava minha jogada de mestre. Leite na caneca com canudo. Acabou a mamadeira.

Sabia que ia ser mais fácil e rápido, só não imaginava o quanto.

De volta a São Paulo, ainda vimos em uma loja um destes copos com canudo e trava e ele gostou e me pediu. Eu, para incentivar a transição e toda esta mudança, na mesma hora topei comprar para ele.

Ele ainda continua chupando o dedo para dormir, mas nunca mais pediu chupeta ou mamadeira. E assim seguimos. E eu torcendo para ele desistir logo dessa história de chupar dedo. Mas vamos que vamos. Para o próximo desafio porque na vida materna, a próxima fase é sempre mais difícil.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Por um 2016 sem chupeta e sem mamadeira - parte 1

Ao final de 2014, ele chegou a entregar a chupeta para o Papai Noel. Foi uma ação espontânea que me chocou até. Estávamos passando pela nossa fase difícil de entender, superar e seguir após minha separação do pai dele. Um momento, que eu já sabia, que ia durar ainda um tempo. Por isso, de cara, não só me espantei como tive medo. Na hora da entrega, não impedi, não falei, não fiz nada. Simplesmente deixei.

Cerca de uma hora e meia depois ele queria a chupeta de volta. Como ele tinha colocado em uma caixa de entrega de chupetas no shopping, não tinha como pegar de volta. Mas propus comprar uma nova, igual, como ele pedia. Sabia que aquele era um dos meus momentos com ele que eu - e ele - devíamos dar um passo para trás. Já tínhamos feito isso antes. Faremos sempre que for necessário. Compramos outra que, agora, eu já nem lembro mais se foi igual-igual como ele queria.

Saímos ilesos de 2015, mas não foi fácil para ele. Aos poucos, se adaptou. Ao mesmo tempo, se apegou ainda mais à chupeta e à mamadeira. Passou a usar com muita frequência a chupeta e a mamadeira deixou de ter vergonha de tomar com os outros. Desde um ano e meio de idade, ele não tomava mamadeira se não fosse comigo ou com a avó, em casa (na minha ou na dela). Passou a pedir mamadeira em lugares inusitados (durante passeios ou na casa de outras pessoas), mas eu não carregava mais mamadeira. Foi dormir na casa de 2 amigos e, ambas as vezes, levou a mamadeira e tomou sem problemas. Além disso, a chupeta me incomodava (sempre me incomodou, nunca gostei, sempre tive nojo desde bebê) porque atrapalhava a fala, estava alterando a arcada dentária visivelmente. Eu sabia que era hora de tirar. Mas como? Mas quando? Sempre que se falava no assunto, ele fugia.

Claro que o Papai Noel é sempre uma boa alternativa e opção. Só não sabia se teria tempo hábil de convencê-lo. Até a escola, na última reunião do ano, pediu e incentivou a retirada dos dois. Como passei a pensar seriamente na questão já bem no final do ano, trabalhava até com a hipótese de tirar no aniversário (que já era uma coisa que a gente falava) ou quando o primo nascer (que deve ser bem depois do aniversário e a gente aproveitava a animação com o nascimento do primo). Mas resolvi tentar o Papai Noel. A princípio, a ideia era colocar a chupeta em uma caixa amarela, como ele pediu. Mas como meu pai contratou um Papai Noel para a noite de Natal, eu achei que seria perfeito.

Ele adora Papai Noel. Acredita super. Com o papai noel "em pessoa" descartei até a caixa. Falamos sobre o assunto algumas vezes e, quando ele chegou, incentivei a entrega. Ele não resistiu e entregou no ato. Eu chorei. Coração de mãe sofre. Fiquei ali, olhando, chorando e sofrendo escondida enquanto meu menino dava um grande passo (e só de escrever e lembrar eu já choro de novo).

Ganhou presentes, cobrou outro da sua lista de pedidos e o Papai Noel avisou que os outros estavam na casa da Vovó. Brincamos até tarde. Um tio quase da mesma idade. Uma infinidade de presente espalhado, enfim...

Na hora de ir para a cama cometi um erro estratégico. Avisei "de surpresa" que o Papai Noel também tinha levado a mamadeira. Calculei que ele iria levar numa boa. Mas a notícia, que não tinha sido combinada previamente e nem conversada, caiu como uma bomba. Ele chorou, brigou, esperneou, deu o maior piti porque faltava o tutu (a chupeta) e o tetê (a mamadeira). Ele me acusava dizendo que só entregou a chupeta porque eu pedi (e a mãe sofria ainda mais com a tal guardada no bolso porque tinha sido devolvida pelo Papai Noel às escondidas depois da entrega).

Ele, bravo, não me deixava chegar perto e acalmar. A Tia também tentou, conversou, quis convencer e, aos poucos, ele foi acalmando. Ela disse a ele que o Papai Noel tinha levado a chupeta dele para outra criança, que era muito pobre, não tinha chupeta, etc e tal.

Dei mais um passo atrás. Devolvi a mamadeira. Achei injusto não ter combinado e fazer. Foi uma tentativa fracassada e já passava da uma hora da madrugada, não ia insistir. Voltei para a sala com a mamadeira feita e avisei que achei a mamadeira caída no gramado, que o Papai Noel deixou cair. Ele baixou a guarda e se acalmou. Tomou, deixou eu me aproximar para acalmá-lo. Conversamos e, então, levei ele para a cama com a promessa de que, depois, tentaríamos procurar o Papai Noel.

Na manhã seguinte, ele pediu pela chupeta e que procurássemos o Papai Noel para pegar a chupeta. Desconversei, mudei de assunto. Não queria mais prolongar aquilo. Quase chegando em casa, ele mais uma vez falou da chupeta. Por sorte, do outro lado da rua, havia uma família na calçada morando com uma criança bem pequena. Aí, mostrei a ele, e disse que o Papai Noel tinha levado a chupeta dele para uma criança como aquela, que morava na rua, que não tinha dinheiro para ter uma casa ou para comprar uma chupeta e que ela precisava muito. Ele se acalmou. E ficamos bem. 

Na verdade, quando ele está com sono, ele tem colocado o dedo na boca e chupado. Não gosto, mas acredito que seja transitório. Até hoje, ele só pediu pela chupeta mais um dia (perto do ano novo), mas conversamos e ficou por isso mesmo. Ele diz que o dedo é a nova chupeta dele - é, juro! -, mas como ele não tem o hábito, ele não fica com o dedo muito tempo na boca. Mais para pegar no sono. Neste caso, preferiria a chupeta, mas não quero voltar atrás. Só sei que assim seguimos.

O post já ficou muito grande. No próximo, conto como foi o caso da mamadeira. Afinal, sabia que depois a chupeta, seria uma questão de (pouco) tempo até ele largar a mamadeira.