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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Fundamental 1

E lá foi ele para o primeiro dia de aula do primeiro ano. Animado, feliz, crescido. Onde será que foi parar meu bebê? Enquanto ele ficava animado e contente na escola, eu entrava no carro morrendo de vontade de chorar. É lindo vê-los crescendo, mas dá uma tristeza danada.

Aos poucos, no dia a dia, a gente percebe que os trejeitos de criança e muleque vão ganhando corpo e forma. Ganha gíria, novo gingado, um novo jeito de falar, brincar e se expressar. E aí, não leva seus paninhos e mantas pra escola porque "óbvio, mãe. Eu to no primeiro ano."

E a gente vai vendo e percebendo como eles crescem e soltam com facilidade da mão da gente. De como eles conseguem se articular, conversar e se virar em um território que é deles e, ao mesmo tempo, é novo.

Enquanto o mundo dele se amplia, o meu esvazia e vai ficando mais distante. E, ao mesmo tempo que é uma delícia vê-lo caminhar com segurança, é um novo desafio que se desenha para mim.

Em um misto de alegria, euforia, amor e tristeza seguimos trilhando esta nova etapa, que deve ser de muitas descobertas e alegrias.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Um menino aprendendo a escrever

Fui a uma reunião na escola que contava sobre os progressos das crianças. Contava que alguns estavam pré-silábicos, uns silábicos com valor sonoro e um que já sabia escrever.

A mãe, jornalista e que ama ler, pirou. Ver meu filho ler, escrever e aprendendo tudo isso sempre foi minha maior vontade e minha maior expectativa em tudo isso. Pois bem. Apesar disso, sei que tenho um menino super numérico - para desespero da mãe que odeia matemática e números e quase enlouquece com ele que conta tudo, sempre, o tempo todo, sem descanso (vou fazer um post só sobre isso, prometo).

Pois bem. Reunião acabada e aquilo ficou ali latejando dentro de mim. Uns dias depois, viajamos para a praia. Lá, na brinquedoteca, tem uma lousa e ele estava brincando nela quando lancei o desafio: Arthur, vamos escrever uma palavra? Ele rapidamente aceitou o desafio e pensei em uma palavra que eles tinham tentado escrever na escola: elefante.

E então, ele começou a pronunciar cada sílaba e escreveu (aí na foto) E L F A T. A mãe, louca, já saiu fotografando, postando e se emocionando. Tem alegria maior? Como uma leiga total (pré-silábico ou silábico com valor sonoro até então não tinham diferença e eu nem sabia o que era, na verdade ainda não sei apenas deduzo) sai falando que ele estava pré-silábico. E em questão de minutos a professora me chamou no Messenger e avisou que não, que ele estava silábico com valor sonoro. E elogiou o empenho, interesse e dedicação do meu menino. Se quase chorei? Óbvio!

O fato é que em abril ele estava aí nesta situação (mãe atrasada, me representa!) e me encheu de felicidade e orgulho. Dói um tanto ver eles crescerem, mas também é uma alegria tão grande que nem sei o quê compensa o quê.

Em tempo, segue definições que encontrei:
  • Pré-silábica, sem variações quantitativas ou qualitativas dentro da palavra e entre as palavras. O aluno diferencia desenhos (que não podem ser lidos) de “escritos” (que podem ser lidos), mesmo que sejam compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
  • Silábica com valor sonoro convencional. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, em geral representada pela vogal, mas não exclusivamente. A leitura é silabada.
Fonte: Nova Escola

sexta-feira, 13 de maio de 2016

A fono e as palavras

Desde o ano passado que tenho sentido e percebido a dificuldade que o Arthur tem para pronunciar corretamente alguns fonemas: BR, TR, CL, BL, G ou J, X ou CH e assim vai.

Então, foneticamente, ele costuma falar:
Blusa - busa
Trabalho - tabalho
Giz - Ziz
Janela - Zanela
Xixi - sisi
Chorar - sorei

Entre outros fonemas. Esperei, no entanto, até a largada da chupeta (que acabou gerando ele chupando dedo) para ver se os fonemas "apareciam". O r, na verdade, até apareceu e se acentuou e melhorou nas pronúncias em que ele está isolado (como no próprio nome dele, por exemplo Arthur e outras palavras similares, mas não em todas já que em Arara a pronúncia não está boa e eu não sei explicar porquê).

Mas com o início da soletração e escrita, que ainda acontece de forma lúdica, intuitiva e sem obrigações e cobranças, achei que era a hora de investir (literalmente) em um tratamento. Primeiro, conversei com a pediatra que pediu para ele repetir uma frase (agora já nem lembrou qual) e concordou com o encaminhamento.

Depois, busquei indicações e fui visitar a primeira fonoaudióloga. De cara, eu gostei dela e, principalmente, Arthur. Então, nem fui buscar mais mesmo que tenha que pagá-la e pedir burocraticamente pelo reembolso da consulta ao plano de saúde. Afinal, o principal era que ele gostasse e se sentisse à vontade com ela para fazer bem as sessões e depois ter paciência para fazer os exercícios diários em casa. E, por enquanto, tem dado super certo.

A primeira semana, ela focou no X e CH e em uma semana ele começou a falar corretamente. Aliás, só de fazer os exercícios do X e CH ele conseguiu corrigir o G e J que trocava pelo Z. Eu fiquei feliz. A fono também. Ele, orgulhoso.

Quase toda semana, vem elogio da facilidade em que ele tem para aprender. O fonema do R surpreendeu a fono, já que a maioria das crianças aprendem o fonema em um mês e ele conseguiu em uma semana. A fono, inclusive, já me aconselhou que ele fosse para uma escola bilingue já que ele tem tanta facilidade em aprender. Eu ainda resisto por não ser uma realidade próxima a nós e, por enquanto, desnecessária. Claro que se financeiramente falando fosse viável, talvez eu aproveitasse a facilidade que ele tem.

Já passamos também pelo fonema BR e agora estamos no CR. Semana que vem, ela me disse que vai misturar os dois. E seguimos. Achei que tanto o BR como o CR ainda encontram dificuldades na pronúncia, mas a fono está otimista com os progressos.

Minha esperança é que em seis meses ele esteja totalmente articulado e esteja ainda mais pronto e preparado para começar a escrever. Enquanto isso, vejo meu filho se empenhar visivelmente nos exercícios e nas "tarefas" da fono que buscam reforçar o aprendizado e o exercício correto da pronúncia.

Afinal, nada mais emocionante do que vê-lo assim crescido e crescendo.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Das novidades



Quase todos os dias eu penso em escrever aqui, mas adio por todos os motivos: muito trabalho, pouca inspiração, falta de tempo para escrever e quando sobra tempo, somem os assuntos. Tá difícil conciliar sim.

Há mais de uma semana de férias também ainda não tive tempo de escrever. Vontade teve, mas fui deixando pra lá. 

Assunto tem de monte, quer ver?
- a criança fez cinco anos
- ele está indo a fono
- ele está começando a escrever
- ele conta números como se não houvesse amanhã 
- ele está cada vez mais incrível, mas agora deu pra gritar muito

Quem sabe escrevendo aqui uma lista de assuntos e temas não animo voltar antes do ano acabar? Hehehe

Estamos seguindo a vida e vivendo. Com os percalços existentes, com as coisas boas e as más. Ele está incrivelmente feliz em ter feito 5 anos! Adora sair por aí contando a idade como se fosse uma grande vantagem ou uma grande coisa. Chega ser engraçado a inocência dele! Ao mesmo tempo, é espantoso ver como passou rápido. 

Encher a mão de anos, completar cinco anos. Sempre achei um marco. É assim tem sido para mim e para ele. Segue, abaixo, texto que dediquei a ele no dia via Facebook:

Hoje ele faz cinco anos. Meu incrível Arthur! Espirituoso, divertido, engraçado, nervoso, intempestuoso, amoroso, carinhoso, inteligente. Ele é uma verdadeira figura. O grande amor da minha vida.

O que desejar a um filho se não todos os clichês do mundo? 

Quero que ele seja feliz, amado, solidário. Que seja respeitado e também saiba respeitar os outros, os animais e a natureza. Que ame e seja amado. Que saiba ser intenso (e ele já sabe) e, ao mesmo tempo, saiba levar a vida com leveza. Que não leve tudo sempre tão a sério, mas que saiba o momento adequado das brincadeiras. Que saiba sempre sorrir e entenda que chorar, muitas vezes, é necessário e não há vergonha nenhuma nisso. Que saiba pedir desculpas e que também é necessário saber perdoar.

Desejo que tenha muitos amigos, muitos amores, colha muitas flores, tome banhos de chuva, de mar, de rio, de piscina. Que distribua amor por onde passar, que seja compreensivo, caridoso, generoso.

Espero que ao errar, aprenda e quando quiser muito alguma coisa, lute por isso.

Desejo o mundo inteiro de coisas boas e que você seja do bem porque assim a vida traz de volta tudo o que você fizer.

Amo você meu filho, meu mundo, meu amor.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Novas decisões

Então, o tempo passou. 1 ano de separada se foi. Se no início de outubro eu queria escrever sobre o tema, desabafar, colocar para fora, no final do outubro - quando completou boda do meu pedido de divórcio - eu desencanei e nem queria mais tratar do assunto e assim foi. Deixei o assunto ir embora.

Aos poucos, meu menino tem se acostumado. Diminuiu de falar e perguntar do pai, de relatar os fatos, de questionar a situação. O pai continua ausente e eu continuo sendo a responsável por manter o contato entre os dois. Até hoje, sempre que ele pergunta do pai ou pede por ele, incentivo que ligue, que fale, que converse, que tente uma aproximação. Até abril levei ele na casa do pai apesar de tudo, depois - ao ser destratada por ele - parei e há poucos meses havia voltado a levar - já que era o jeito possível de fazer os dois se encontrarem.

No entanto, os últimos contatos mostraram que se por um lado confortei meu filho com essa decisão e atitude, por outro acostumei o genitor a não ir vê-lo e esperar pela minha ação (como sempre, aliás). Nos últimos contatos, portanto, tenho evitado levá-lo e obrigar ao menos que ele vá ao encontro da criança, mas não tem dado certo. 

Há 3 semanas foi a última vez que ele viu a criança, que estava doente pedindo pelo pai, que de tarde ainda insistiu que eu levasse a criança (doente e vomitando) até ele, mas com a criança dormindo, não fui. Desta vez, ele passou em casa, brincou meia hora e foi embora causando choradeira e tristeza no Arthur, que não queria que o pai e o irmão fossem embora da casa dele.

Depois, nas outras duas tentativas, ele prometeu ir outro dia e não apareceu. E se assim é, assim será. Diante desta situação que não ajuda, não me agrada e não me interessa manter, eu evitarei o contato para não evitar o sofrimento e a espera do Arthur por algo que não vai acontecer.

Uma das vezes, mesmo ele estando "na rua" insistiu que eu levasse a criança até ele e bati o pé e não fui. Se ele não pode, eu não posso. Chega! Ainda assim, ele prometeu uma visita para dois dias adiante e, pela tarde, me ligou avisando que não ia. Fiz questão de pedir que ele ligasse mais tarde para avisar à criança porque eu não seria a portadora da notícia ruim. Ele não ligou. Por sorte, quando cheguei na escola, o Arthur já estava dormindo e dormiu até o dia seguinte. Na semana passada, ele pediu que o pai fosse buscá-lo na escola. Mais uma vez ele tinha outro compromisso, não podia, não foi e prometeu visita para sábado. Mais uma vez ele não foi e nem ligou. Não sei se, de alguma maneira, Arthur espera por ele. Pelo menos destas duas vezes, ele não perguntou e nem pediu pelo pai na data prometida.

Por sorte da vida e dos acontecimentos, os dias de espera tem sido cheios de atividades fazendo com que meu menino esteja mais ocupado com a sua vida que vive do que com a vida que, aos poucos, tem morrido. Judicialmente, não resolvemos nada. Ele não apareceu na audiência e o Ministério Público quem tem tomado as decisões à revelia e conhecimento dele, o que não ajuda em nada e não resolve de vez a questão.

Depois de um feriado tranquilo no início do mês, eu pensei muito o que faria daqui em diante, afinal a situação até hoje está bastante cômoda para ele e eu continuo com todas as obrigações. E se, por um lado eu já me acostumei, por outro eu tenho me sentido mais incomodada do que antes. Especialmente com os últimos acontecimentos relatados acima. 

Embora eu esteja preferindo adotar a postura de me distanciar e não mais incentivar e/ou estimular o contato entre pai e filho - diante das tratativas do pai, que foge à responsabilidade e é omisso e imprudente com a criança - também pensei muito em ser mais reativa às ações dele. Se até hoje me mantive o mais quieta possível, sem reagir às suas negativas, ultimamente minha vontade é gritar, xingar, chamá-lo de irresponsável, brigar e fazer com que ele entenda que esse comportamento dele me irrita, me faz odiá-lo, me enoja e faz eu só me arrepender de um dia ter me casado com ele e ter tido um filho com ele. 

Juro! Ando muito revoltada com o que ele tem feito ao meu filho e cansei de ser passiva com esta situação. Quero, mais do que nunca, tomar minha posição de ataque ou defesa, sei lá, mas tomar posição. Aliás, queria que esta atitude fosse não só minha, mas das outras pessoas que se incomodam com a forma como ele tem tratado o filho diante da separação. Queria que todos que o conhecem e não concordam manifestassem sua repulsa contra as atitudes dele, contra ele. Porque se mesmo assim ele não notasse o quão ruim é o que ele faz, eu pelo menos estaria vingada. Não por mim, mas pelo meu filho.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Troca de corda

Feliz da vida para trocar a corda da capoeira
Sábado foi dia de trocar a corda da capoeira. Ele estava feliz e ansioso. Há semanas esperávamos pelo acontecimento. Eu achei que ele não fosse jogar, pois em uma das apresentações anteriores ele desistiu pouco antes. Nos atrasamos e ele entrou na roda assim que chegamos. Alguns amigos já tinham jogado, outros estavam na roda. Pedi que ele se juntasse aos amigos que iam jogar e lá foi ele.

Quando estava bem perto dele jogar, pararam a roda e perguntaram quem ainda não tinha jogado. Ele levantou a mão e, felizmente, colocaram na outra ponta do círculo uma colega de sala. E então ele jogou. [MÃE CORUJA MODE ON] Cheio de gingado, ele jogou e fez o que ele sabia. Fez uma meia lua linda por cima da amiga, que é bem maior do que ele. A mãe filmou e babou. Vibrei. Me surpreendi com um menino que não se intimidou nem com a plateia grande e nem com a apresentação. [MÃE CORUJA MODE OFF].

Ele estava mesmo animado. Ao todo, jogou três vezes. A primeira ainda em uma sala, já que o dia tinha amanhecido chovendo. Na praça da escola, depois que a chuva parou, junto com os capoeiristas fantasiados de super heróis e, por último, para trocar a corda. Nem todas as crianças jogaram três vezes. A maioria jogou entre uma e duas - ainda na sala e para a troca da corda. Os mais desenvoltos e os maiores, jogaram três.

Crianças com a liga da justiça!
Quando os professores/monitores/mestres apareceram fantasiados, eles começaram a cantar uma das músicas da capoeira que diz: "A liga da justiça chegou / chegou de uma maneira bem legal / chegou para salvar nosso planeta / na ginga e no toque do berimbau (...)". Foi bem divertido. Ele pediu pra jogar com a mulher gata e de pronto deixaram. Ele adorou. Depois, fizeram mais uma roda para graduar. Depois de jogar, cada criança recebia a corda nova. Ele recebeu a corda de ponta amarela.

Jogando com a mulher-gata
Jogando com a mulher-gata
Jogando para trocar a corda
Antes de trocar de corda
Com a corda nova!
Exibindo a corda nova!

E de repente vi meu menino ali, crescido, independente, sendo o que queria ser, fazendo o que queria fazer, sem medo, sem vergonha, cheio de vontade. E fiquei feliz e orgulhosa. E torcendo para que ele continue assim enfrentando e fazendo o que quer e o que gosta.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Dormindo na casa do amiguinho

E esse dia, finalmente, chegou! Há tempos ele me cobra, há tempos ele quer, há tempo os amigos ensaiam. Há tempos, eu resisto.

Até sexta-feira passada, quando a mãe do amigo dele me enviou uma mensagem no meio do dia, convidando-o. Eu me dividi: deixar porque ele quer ou adiar um pouco mais?

É fato que ele dorme fora de casa e sem mim há muito tempo: desde que ele tinha 1 ano e meio. Agora em agosto, inclusive, fez 3 anos que ele ficou sem mim pela primeira vez, quando fui viajar a trabalho sem ele. Mas sempre na casa da avó, que ele frequenta desde que nasceu. Tudo bem que ele já dormiu duas vezes na escola, mas é um lugar que ele frequenta e fica mais do que em casa.

Coincidentemente, uns dias antes havia comentado com ele que estava chegando a noitada da escola - que é em outubro - e ele estava todo animado com a notícia de dormir (de novo) na escola, com os amigos.

Ele nem liga de ficar sem mim. Ele não se importa de dormir fora de casa. Eu estava reticente porque ele estava com tosse e tinha tossido as noites passadas inteiras. Mas concordei, condicionando apenas a ver como ele estava da gripe e da tosse no final do dia.

Quando cheguei na escola, ele estava choroso porque um amigo tinha acabado de machucar ele (rendeu até um roxo no rosto, depois). Mas, assim que ele me viu, ele veio correndo me pedindo pra dormir na casa do amigo. Cedi. Concordei. E de lá mesmo ele saiu sem mim, em outro carro, com o destino da casa do amigo. Eu fui para casa buscar as coisas dele. Ele feliz, eu, em pedaços chorando pelo meu menino que cresceu e é independente. 

Eu pensando em quanto é dicotômico ser mãe. Ao mesmo tempo que eu estava feliz e morrendo de orgulho da independência dele, me senti preterida, sofrida e abandonada. Em plena sexta-feira, eu me senti dispensada pelo meu próprio filho. Tá, exagero meu, mas foi estranho. Lágrimas correram (poucas é verdade, mas rolou) enquanto voltava para casa para pegar as coisas dele e deixar na casa do amigo. 

Estava meio perdida, sem saber direito o que pegar. Perdida a ponto de esquecer a mamadeira e o leite (que ele toma de soja). Tive que voltar em casa, pegar mamadeira e leite, e voltar lá. Perdida a ponto de desperdiçar a sexta-feira sozinha ficando em casa, sozinha, assistindo um filme e comendo brigadeiro de colher. Não aproveitei nem para sair sem filho, que é tão bom.

No final, ele passou a noite bem. E eu também. E, de manhã, nos reencontramos para que ele fosse cortar o cabelo. E, em mim, só restou o orgulho de ver o quanto meu menino é feliz e independente. A partir de agora, estas atividades não serão mais um bicho de sete cabeças nem para ele e nem para mim!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A cama compartilhada que virou cama dividida

Nunca consegui aderir a cama compartilhada. Com o filho na cama, nunca consegui dormir bem. A sorte era que o filho também nunca gostou e sempre preferiu dormir em sua própria cama/berço. Prestou atenção? Sim, ERA. Passado.

Depois que me separei (e já tá fazendo mais de 10 meses), a cama - que é queen e para dois seres pequenos como eu e ele é grande o suficiente e ainda sobra espaço - ganhou um espaço vazio e meu menino esperto passou a usá-lo com bastante frequência.

A verdade é que somam-se muitas coisas a esse fato.

1º: Após a separação, fiquei alojada na casa da minha mãe, dividindo o sofá da sala de tevê com ele por duas semanas. Desconfortável nível máximo, mas era o que tínhamos para o momento e nos adaptamos. E ele se acostumou a dormir comigo.

2º: Na volta para casa, e ainda com a vida de pernas para o ar, continuamos a dormir juntos na minha cama em um consolo mútuo e para minha óbvia comodidade de colocá-lo na cama e dormir (apagar para falar a verdade) junto com ao mesmo tempo que ele.

Crianças são espertas e se acostumam. Aliás, todos nós nos acostumamos, não é verdade? Ainda mais com coisa boa. E com o tempo ele aderiu ao lado vazio da cama e tomou para si. Mas a verdade é que tem noites que ele dorme colado em mim - mesmo com muito espaço na cama sobrando - e isso me incomoda porque não consigo dormir.

A vida até já impôs o nosso ritmo próprio, com nossos horários e tudo mais. Mas a tal da cama compartilhada passou a ser cama dividida diariamente. E eu passei a querer voltar ao que tínhamos antes. Combinamos, a princípio, que ele voltaria para a cama dele. No entanto, ele dorme na cama dele e, pela madrugada, corre para minha por todo e qualquer motivo ou até por motivo nenhum. Se ele acorda, vai para lá para voltar a dormir. Se ele levanta para fazer xixi, ele volta para dormir na minha cama. Se ele sente frio, ele corre pra lá. Enfim, motivos para ele correr para lá não faltam.

Li, recentemente, uma matéria na internet que dizia que devia levar ele de volta para a cama dele de madrugada. Mas, como fazer isso se, na maioria das vezes, eu nem vejo ele chegar?

Já conversei em mudarmos a decoração do quarto dele de uma jeito que ele goste e queira/incentive ele permanecer lá, mas por enquanto não dá financeiramente para fazer nada. Nem pintar a parede. Então, é uma opção fora de ordem. No começo da semana conversamos mais uma vez e, por enquanto, deu certo.

Há duas noites que ele não vai para minha cama. Noite retrasada ele me chamou para lá e eu, cheia de coragem, fui para mantê-lo em sua cama. Esta noite, mesmo com acesso de tosse, ele também ficou lá. Eu fui até ele, passei vick, dei xarope, deitei junto até ele se acalmar e voltar a dormir. Por enquanto deu certo. E espero que, aos poucos, ele volte a dormir na caminha dele por todos os dias e por toda a noite.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Tinha uma suástica no meio do caminho

Sábado de manhã saímos para comprar carne no supermercado. Fomos a pé. Logo na esquina de casa, em frente a um bar que frequentamos com assiduidade, de longe notei umas pedras no meio do caminho. As mesmas pedras que formam a calçada.

Ao me aproximar, consegui enxergar que as pedras formavam uma suástica. Ao passar por ali, com meu filho que não entende nada do mundo, me senti agredida e resolvi desfazer o símbolo que estava assim tão perto da nossa casa, tão próxima do nosso mundo.

É um símbolo e é evidente também que não vai dar para afastar de perto dele (e nem mesmo de mim) todas as coisas ruins para sempre. Mas - naquele momento - me senti na obrigação.

Ele, claro, ficou curioso em saber o motivo de eu chutar as pedras para desmanchar o que estava feito que ele, até então, nem tinha reparado ao certo e que forma tinha. 

Então, expliquei, de forma menos profunda e mais direta possível que ali estava formada uma suástica. E que aquele era um símbolo que representava o nazismo, onde muita gente matou muitas pessoas porque elas eram judias, porque tinham outra religião, outra forma de viver e pensar.

Ele ficou um pouco impactado em saber que pessoas tinham matado pessoas. E desatou a dizer que não podia matar as pessoas, que era triste fazer aquilo, que era errado e que as pessoas que tinham matado eram maus. E então me sugeriu como ele tem feito com frequência: tendo uma ideia.

Desta vez, sua ideia era com que nós nos transformássemos em super heróis que faziam as pessoas que foram mortas reviverem. Uma ideia linda e que eu queria muito que pudesse muito ser um super poder possível, mas entramos em outra profunda discussão de que este poder é apenas do Papai do Céu e que a gente não podia fazer aquilo, por melhor que fosse nossa intenção. Então, a conversa se estendeu e se desenrolou em o poder de Deus, dos médicos e das pessoas. Uma coisa puxando a outra conforme a curiosidade dele avançava ou recuava ou até tomava um caminho totalmente improvável.

Em um caminho de menos de 3 quadras falamos de tantas coisas naquela perspectiva infantil que me espantou. Especialmente porque ao chegar finalmente no supermercado, ele esqueceu toda a conversa e seguiu em direção aos carrinhos que tem o mesmo tamanho que ele e saiu empurrando, pronto para fazer compras e não mais discutir nada sobre mais nada.

Afinal, com 4 anos tudo parece e é tão efêmero que não merece durar mais que alguns passos.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Palavras, palavrinhas e palavrões

Aos poucos, as palavras difíceis começam a ser pronunciadas. Alguns erres aparecem em certas pronúncias e ele fica claramente incomodado com palavras que não sabe dizer ou sons que não sabe pronunciar. Procuro repetir a palavra de forma correta sem destacar o erro ou apontá-lo, pois isso o deixa bastante irritado.

Ele mostra que não consegue pronunciar, mas que sabe o que é correto. Ainda não me preocupo, mas ficarei atenta quando chegarmos aos cinco anos caso as palavras não estejam sendo pronunciadas certas. 

Não vejo problemas nos fonemas, mas estou atenta. Os intrometidos de plantão que costumam repetir o "zeito" que ele fala errado me incomodam mais que ele. Entre os erros está a troca do g ou j pelo z (zeito, zelatina, zanela, etc), mas o r ele não costuma trocar. Aliás, tanto as pessoas tem reforçado a falta do r que ele passou a substituí-lo pelo i, que me incomoda mais que sua ausência.

De vez em quando, fico testando e treinando ele pedindo que ele repita algumas palavras difíceis. Ele acha que é só um brincadeira e fica me pedindo mais e mais palavras. Com isso, vou especulando seus avanços. Recentemente o "catro" passou a ser qUAtro com direito a ênfase dele mesmo!

E assim seguimos. Aliás, seguimos não só com palavras difíceis, mas também com palavras em inglês. Ele tem adorado as aulas da escola, que acontecem uma vez por semana e duram 50 minutos e são quase inteiras em inglês. Aos poucos, ele vai introduzindo novas palavras em seu vocabulary e nós vamos nos divertindo. Os números até dez, o tempo lá fora, o humor e as cores já fazem parte de sua rotina e vira e mexe coisas novas aparecem. Ele, interessado é curioso, costuma perguntar como é isso ou aquilo é vamos ampliando seu repertório com nossa rotina e cotidiano.

Eu, inclusive, estimulada pelo seu gosto pela língua tenho pensado em matriculá-lo em uma escola de inglês e, assim, aproveitar o tempo que ele estuda para voltar a estudar também!

Mas não foram só as palavras em inglês que começaram a fazer parte do repertório do meu filho este ano. Com a idade avançando e os contatos e noção de realidade da vida em volta crescendo, ele passou a ouvir e entender os palavrões! Em casa, há algum tempo não falo mais. Mas a vovó e as tias sempre soltam alguns na presença do pequeno. Ele, aos poucos, vai aprendendo e vez ou outra repete alguns. No trânsito, muitas vezes, também deixo escapar mas acabo repreendida pelo pequeno ser instalado ema uma cadeira no banco de trás. 

Ainda fico na dúvida se putz, por exemplo, é palavrão ou força de expressão, mas já disse a ele que é palavrão e ele tenta não mais dizer assim como repreende quem fala quando ouve.

Hoje, durante no papo na cama antes de dormir, ele me perguntou se yes era palavrão, pois a amiga da escola tinha dito yes quando foi escolhida para ser a pegadora. Então, expliquei que yes era sim em inglês e que a amiga estava comemorando por ser a pegadora.  Aliviado por não ser palavrão, meu baixinho começou a repetir exaustivamente a palavra. E, depois, fazer combinações escalafobéticas com palavras em português, inglês, yes e o números. E assim seguimos com palavras, palavrinhas e palavrões - em português e em inglês!


terça-feira, 16 de junho de 2015

Do que traz felicidade

Quando fiquei grávida, já não era mais uma pessoa baladeira. Mas incrivelmente foi uma época que saí muito, curti muito. Festas, baladas, casamentos, formatura, reunião de amigos, etc e tal. Sai muito. Consciente ou inconscientemente sabia que a farra duraria pouco e que, em breve, ficaria em casa recolhida por um bom tempo, então aproveitei para estar MUITO com os amigos.

A minha última saída, para a casa de um casal de amigos, foi no sábado e na quinta-feira o Arthur nasceu. Então, não tem nem como dizer que não aproveitei a gravidez para curtir, já que não sentia nada!

E, diz a verdade, existe algo melhor que amigos amados e queridos? Eu desconheço. Os meus fazem parte da minha vida, da minha história, são meus pilares muitas vezes, meus conselheiros, meus colos preferidos, meus incentivadores, meus tudo.

Então, uma das coisas que me deixa MAIS feliz na vida é ver e saber o quanto meu filho gosta e se entende com meus amigos. Com todos eles e, há alguns anos, com os filhos deles (conforme vão nascendo e fazendo parte da nossa vida).

Semana passada ele viu um homem careca e barbudo na rua e cismou que era o "tio Felipe" - mesmo não sendo, ele dizia que era (e olha que lembrou do Tio Felipe que ele não via há cerca de um mês). No domingo, fui a um casamento e ele não ia. Conversando com minha mãe que a Isis ia, ele me disse que queria ir ver a "tia Isis", então expliquei que a Marina, filha dela, não ia e que não ia nenhuma criança. Só que ele me retrucou que queria ver a "tia Isis".

Vira e mexe ele pergunta do Leo, filho da minha amiga Tati, e diz que está com saudades ou que quer que ele venha brincar com ele na casa dele. Outro dia conversava no Whatsup com a Weruska e ele queria ver a conversa com "tia We". Tem os tios Gu, que ambos tocam violão para ele e ele adora e brinca com eles como se fosse da família. Quando a "tia Marina" vai lá em casa, então, ele fica super feliz, afinal ela brinca com ele, se joga no chão, corre, pula. Por acaso, ele precisa mais do que isso?

Quando a Isis ficou grávida, ele me perguntava sempre se a Marina já tinha nascido - de vez em quando até rola uma confusão entre a Marina bebê e a Marina minha amiga. Até hoje ele me pergunta se a Marina, a bebê, já cresceu para brincar com ele. Tanto que outro dia disse que a Marina ia em casa e ele, automaticamente, pensou na bebê e me perguntou se ela já tinha crescido para ir em casa sem a "tia Isis". Ri muito e expliquei que quem ia em casa não era a tia Isis com a Marina e a tia Marina.

Isso além de uma delícia de se ver, ouvir e sentir tem muitas vantagens, afinal estar com os amigos e com o filho se torna ainda mais fácil e gostoso.

Por isso, amigos, queria agradecer imensamente por esse amor que transborda e chega no meu filho. Que faz com que ele se sinta bem ao lado de vocês e reconhece em vocês pessoas amadas e queridas com as quais ele pode brincar, pular, pedir, conversar e conviver com segurança e carinho. Para uma mãe, isso não tem preço. É simplesmente gratificante poder e conseguir conciliar a vida de mãe e de amiga com vocês. Obrigada!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Primeiras palavras

Nem me lembro ao certo quando Arthur falou sua primeira palavra. Lembro-me vagamente de que acreditávamos que o que ele dizia era papai. Mas, honestamente, a fala não foi tão marcante assim para mim. Ela foi, aos poucos, se desenvolvendo e o repertório se ampliando sem que eu realmente fizesse conta desta conquista.

Lembro, por exemplo, de quando ele engatinhou pela primeira vez. Ou de quando ele ficou em pé no meio de uma sala com meus amigos ao redor e eu tinha ido ao banheiro e não vi e ele nunca mais repetiu o feito. Lembro dos primeiros cinco passos sozinhos, aqueles quase cambaleantes que ele deu antes de começar a andar para valer. Lembro da primeira queda, que foi do sofá, e do primeiro machucado grande, que foi de uma poltroninha que ele ganhou da avó e fez a boca sangrar e eu morrer do coração - tirando o objeto da sala por meses seguidos.

Resumindo, lembranças não faltam em 4 anos, mas realmente a fala não está entre as mais marcantes e registradas com afetividade. Talvez, confesso, se ele tivesse falado mamãe primeiro eu lembraria (ou não, nem me lembro quando ouvi mamãe pela primeira vez).

Mas há um tempo espero ansiosamente pelas primeiras palavras escritas. Sim, esse é um grande feito para mim e eu tenho aguardado com carinho e muita ansiedade. 

No ano passado, uma amiga da turma enviou o convite do aniversário com o nome dela e do Arthur escrito por ela. Mamãe jornalista aqui ficou se roendo que o filho mal fazia conta das letras, mas também entendia que o tempo dele precisava e devia ser respeitado guardando mais um pouco toda a vontade de vê-lo escrevendo.

A escola, no ano passado, começou a "incentivar" a leitura. Na verdade, era mais um reconhecimento do desenho do próprio nome através das tarjetas dos nomes, que eram apresentadas diariamente aos pequenos.

Este ano, a apresentação às letras e nomes continua, potencializando o contato com as letras e estimulando muito ludicamente a escrita através do "desenho" das letras. Aos poucos, eles vão afinando a coordenação motora e aprendendo as letras. Como a própria escola frisa, o objetivo não é de maneira alguma que eles saiam de lá escrevendo ou lendo, afinal todos estão com cerca de 4 anos (alguns completando este semestre, outros já completando cinco no semestre que vem), mas aos poucos sinto que o estímulo tem resultado. Hoje, por exemplo, Arthur reconhece muitas letras, sabe todo o alfabeto e começa a dizer com que letra começa cada palavra. Claro que ele ainda confunde sílaba com letra e muitas vezes, para ele, o carro começa com ca, mas aos poucos vamos conversando e ele assimilando.

Neste feriado, pela primeira vez, Arthur me pediu para desenharmos o nome dele e o meu. Então, sentamos com papel em branco nas mãos e iniciamos a escrita pelo nome dele. Ah, sim, o nome dele ele já sabe todas as letras que compõe assim como costuma, frequentemente, dizer que algumas letras são dos nomes dos amigos de sala como o F que é de Francisco, o M de Manu ou de Miguel, o I de Isadora, o P de Pedro e assim vai, reconhecendo qual é a letra inicial dos 10 amigos de sala e mais das amigas que não são mais da mesma turma no período da tarde.

Voltando... começamos escrevendo o nome dele. Propus que eu escrevesse o nome (letra por letra) em cima e ele escrevesse embaixo e assim foi. Para desenhar o R ele ainda sente bastante dificuldade, mas aos poucos fui ilustrando a letra e o ensinando a desenhá-lo. O nome dele saiu bem, ele sabia quais as letras que vinham a seguir embora tivesse dificuldade com o R e o U. Já o meu nome, que desenhamos depois, eu não precisei nem escrever em cima. Segundo ele, não precisava e apenas ditei as letras, ajudando no R e no N. E assim, saiu meu nome.






Bati tanta palma, dei tanto parabéns, comemorei tanto que parecia até que ele tinha ganho um campeonato inteiro com um gol de placa dedicado a mim aos 45 minutos do segundo tempo. Achei realmente incrível e fiquei extremamente feliz. Desejo que este dia fique pra sempre na memória como o dia em que ele escreveu suas primeiras palavras. As primeiras de tantas outras e que poderão abrir um mundo inteiro de possibilidades para ele.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Eu: mãe do Arthur & jornalista

Então eles estão "estudando" sobre profissões na escola. E os pais foram convidados a falarem de suas profissões para a turma. Assim que voltei de viagem, marquei meu horário. Era meu último dia de férias. Ia fechar com chave de ouro. 

Já tinha tentado, na mesma semana, participar de uma outra atividade na escola na Semana do Brincar, mas aí choveu e a atividade que seria ao ar livre foi cancelada. Eu fiquei chateada e ele continuou esperando pela minha ida na escola (até hoje me pergunta se eu vou lá brincar com ele!)

Então, cheguei lá e a roda de 10 pequenos me esperava. Só de vê-los me esperando ansiosamente me deixou nervosa. Bateu aquele medo de será que eu ia conseguir suprir as expectativas.

Assim que cheguei, Arthur levantou e veio me cumprimentar. Era nítido que ele estava orgulhoso que eu estava lá! Veio, me beijou para marcar seu território, e voltou ao seu lugar na roda - o mesmo que estava antes, mesmo comigo posicionada ao lado oposto da roda. Aquilo me emocionou. Meu filho estava orgulhoso de minha presença! Resolvi sentar de frente para o Arthur, assim poderia ver a carinha dele. Mas aí ele pediu para eu sentar do lado dele e, então, fui!

Como sabia que outra mãe & jornalista já tinha passado por lá, achei que o melhor seria começar dizendo que a minha profissão era igual de outra mãe que tinha ido. Como algumas crianças já sabiam que eu era jornalista, a professora questionou se eles sabiam de que mãe a minha profissão era igual. Então, acertaram a mãe, mas ficaram na dúvida se eu era jornalista ou professora ou os dois, como ela.

Então, alguns disseram jornalistas, outros me disseram que eu tinha cara de professora e meu filho me olhou tão curioso para saber se eu também era professora que foi engraçado o jeito dele como quem diz: Ué, mas isso você não tinha me contado! Você também é professora?

Quando disse que era apenas jornalista, uma das meninas me disse: Você tem cara mesmo de jornalista.

A sabatina se seguiu com eles tímidos e esquecendo as perguntas, repetindo perguntas como se meu trabalho é duro ou fazendo outras como se eu gosto do que eu faço, o que eu gosto mais de fazer, há quanto tempo estou na profissão, se eu entregava jornais ou escrevia para a França e para onde eu costumava escrever.

Como achei que eles estavam tímidos e, vez por outra, dispersos tentei provocá-los. Contei a eles que o jornalista INVESTIGA, que FAZ PERGUNTAS como eles estavam fazendo e eles se acharam, ali me entrevistando, também um pouco jornalistas. Questionei se eles sabiam o que um jornalista mais usava para seu trabalho e, embora tenham dito computador que é algo mais próximo do real hoje, disse que o papel e a caneta eram os principais instrumentos dos jornalistas.

A professora chegou a dizer que aquela tinha sido a conversa mais tranquila que eles tinham tido até então. Acho que, provavelmente, a falta de "novidade" de uma profissão repetida com certeza contribuiu para o "desinteresse".

Mesmo assim, adorei. Adorei meu filho feliz por eu estar lá, adorei ser sabatinadas por pequenos de 3 e 4 anos, adorei fechar minhas férias assim: com crianças sendo crianças, curiosas, engraçadas e tímidas e, especialmente, do lado do meu filho!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Ele já fez 4

Ando sumida, eu sei. Verdade seja dita: estou com muitas coisas na cabeça e tocando uma vida sozinha com ele. Isso complica bastante a situação. Depois, tem o fato de que meus assuntos são apenas a separação, o divórcio, as brigas e tudo que anda acontecendo, mas não acho o tom para tratar disso aqui, então vou deixando de lado. Antes, eu estava lotada de trabalho. Fiquei uma semana fora de SP, sem meu filho, bem na semana do aniversário dele. Então, pior ainda.

Talvez até tenha assuntos, mas falta tempo, falta achar o tom, falta coragem de encarar outras coisas e vou deixando.

Mas ele já fez 4. Eu estava fora de SP. Falei com ele logo cedo. Chorei horrores antes de viajar, alguns dias antes, e chorei horrores no dia do aniversário dele. Já sabia que seria assim. Mas ele levou numa boa - ao que parece. Não questionou minha falta especificamente, somente a minha demora em voltar (realmente foram mais dias que normalmente eu viajo).

Eu voltei e achei que encontrei um menino diferente. Aos 4. Mais crescido, mais falante, mais articulado, mais mais. Não sei se foi impressão minha, coisa de mãe coruja, saudades ou se é fato. Só sei que nos dias da volta achei ele diferente.

Ele continua pitizento, manhoso, difícil de lidar em algumas situações, mas ando incrivelmente paciente. E tentando levar como dá. Nos dias em que ele está bem, tudo é muito maravilhoso. Nos dias em que ele fica difícil, tudo é muito cansativo. A média está em 50/50. Nem tão maravilhoso como eu queria e nem tão difícil quanto já foi. Mas ainda tem dias que eu prefiro evitar e fugir, aí faço um caminho comprido na volta para casa, invento mil programas para ele se cansar e dormir cedo, entrego o tablet na mão dele e deixo a vida seguir num ritmo mais ameno para mim. Porque ainda tem dias que não dá. E podem julgar e culpar. O calo aperta lá em casa e eu resolvo como consigo.

Sábado festejaremos seus 4 anos. Apesar de já ter passado faz tempo. Mas eu estava fora, depois veio o feriado e eu decidi por esta data para que os amigos da escola estivessem também. Vamos comemorar. Celebrar. No ritmo dos super heróis porque como dizem as mães da turma dele, eu tenho me saído uma verdadeira mulher maravilha na arte de lidar com tudo sozinha. Não sou super heroína, mas certamente tenho feito muito mais do que imaginei conseguir.

Que venha a festa, que venham os amigos, que venha a vida para celebrar. Depois, volto aqui para falar das coisas que não andamos comemorando at all.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ocupando o espaço público

Brincando no bloco de carnaval que passou perto de casa
Gostamos muito de ir à pracinha. Costumamos, com frequência, ocupar o espaço público e fazer um bom uso dele. Eu quero, assim, mostrar a ele que a rua é também a nossa casa. Que a praça, a praia e os parques são lugares que devemos frequentar, cuidar e respeitar porque é nosso, mas é também das outras pessoas.

Ele provavelmente não entende toda essa dimensão de nossa ida à praças e parques, mas certamente já entende que deve respeitar a vez do outro, que não pode jogar lixo no chão e que não se pode destruir nada que está lá, afinal ele vai usar e outras pessoas também.

Geralmente, ele já se zanga (e ainda por cima recolhe) quando encontra lixo deixado por outras pessoas. 

Com o carnaval e a proliferação dos blocos em São Paulo, resolvi levá-lo também aos blocos de carnaval que tem acontecido nas proximidades de casa. Para mim, foi mais uma maneira de mostrá-lo que podemos e devemos ocupar os espaços públicos. Que a rua é de todos e que devemos sim sair para a rua e ocupá-la. Ele tem aproveitado, curtido e vivido tudo isto.

Na semana retrasada, quando fomos ao primeiro bloco, ele adorou. Foi centro das atenções e pôde, além de ocupar o espaço, compartilhar da gentileza das pessoas e crianças que estavam brincando no mesmo bloco. Recebeu confete e serpentina por onde passou, brincou com outras crianças e muitas adultos também fizeram questão de brincar com ele, que se divertiu sendo o Homem de Ferro que derrubava todos pelo caminho. Assim, fica até fácil mostrar a ele como a vida pode ser bacana quando todos tem um mesmo propósito ao ocupar o espaço público, mas nem sempre é assim. No último final de semana, por exemplo, tivemos muitos problemas ao repetir a experiência em um bloco destinado ao público infantil (mas esse post vem amanhã porque hoje eu quero falar apenas da boa experiência), mas assim também aprendemos a conviver com quem ainda não sabe respeitar o próximo e aprendemos com todas as situações que existem nesta vida.

Educar e fazer um mundo diferente, para mim, passa por estas pequenas coisas que, invariavelmente, vão um dia refletir na vida dele. E que assim seja. Pouco a pouco. Com pequenos gestos e coisas simples para fazer do futuro um lugar melhor, mais amável, com mais respeito por si, pelo outro e pelo mundo no qual vivemos. E que assim seja.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Volta às aulas (e eu querendo a minha rotina de volta também!)

Não sei se ele estava mais ansioso do que eu para conhecer a professora nova, mas sei que saiu todo alegre e feliz para o primeiro dia de aula.

Eu, sábado, já tinha conhecido as novas professoras na reunião escolar, mas sabia quanta expectativa ele estava nutrindo por este dia. Há duas semanas, de tanto ele me pedir para ir à escola e perguntar se as férias dele e dos amigos já tinha acabado, o levei para passar um dia no curso de férias. A ideia era retornar também na semana passada, mas aí ele ficou com um mega resfriado e com febre a semana quase inteira (foi melhorar só na sexta-feira) e a volta às aulas ficaram condicionadas mesmo para hoje.

Ele, claro, deu seu piti habitual para sair da cama, me obedecer e se deixar vestir. Mas depois acabou cedendo, se levantando e até me ajudando. A alegria era tanta que ele vestiu a lancheira nas costas e queria ainda puxar a mala, mas a mãe exagerou na lancheira (sério, mandei: danone, duas bananas, duas bisnaguinhas com requeijão, cereais, gelatina e suco) e estava tão pesada que ele reclamou e pendurou na mochila para sair carregando as duas.

Eu fiquei feliz de vê-lo tão contente de ir para a escola seja para "estudar" seja para rever os amigos. Feliz e com um sentimento de que acertei a mão. Lembro que o um ano e meio que ele ficou na outra escola ele nunca teve este sentimento de pertencimento e de querer ir, de querer estar lá; coisa que acontece bastante com essa escola, que ele está desde o ano passado. Eu, na verdade, fico feliz porque sempre "namorei" aquela escola e vejo nas propostas deles coisas que me encantam muito para além da educação infantil, mas para propostas concretas de pensar e agir democrático. Eu quero sim tirá-lo de lá na época da alfabetização e passá-lo para uma escola grande de verdade para que ele aprenda a se virar, mas juro que tenho repensado cada vez mais esta intenção.

Agora, com a volta às aulas eu também espero conseguir retomar a minha rotina, que está perdida desde a separação em outubro. Primeiro foram algumas semanas fora de casa, que desajustaram tudo. Depois, foi a retomada de tudo definitivamente meu, o que me fez ficar bastante desnorteada e sem conseguir me acertar com a hora, principalmente com a rotina noturna, a hora de dormir e de dar conta de tudo. Mas, afinal, era novembro, as férias logo viriam e tudo ia mesmo sair da rotina, então, deixei.

As férias me mostraram que meu filho tem infinitamente mais pique do que eu: acordava cedo, brincava o dia inteiro sem o cochilo diário e ainda ia dormir tão tarde quanto eu. Ou seja, sem hora para dormir e assim foram-se dois meses de férias. Estamos indo dormir todos os dias perto das 23h, o que me deixa cansada, irritada e sem conseguir dar conta de tudo e menos ainda de mim. Ele me esgota, me cansa, me irrita. Resultado: vamos os dois dormir na minha cama e eu invariavelmente acabo dormindo antes que ele, que ainda tem pique para pedir mil desenhos e fazer mais duas mil brincadeiras. Com a volta às aulas, eu quero retomar a vida de conseguir voltar para casa logo já que nas férias, como ele ficava na casa da avó e eu só conseguia sair de lá com ele amigavelmente perto das 20h eu não conseguia colocar ele na cama no horário normal, pois ele tinha muitas vezes acabado de acordar da soneca que ia até 18h ou 19h. Quero, a partir de hoje, colocar as coisas em ordem, fazer ele ir para a cama dele no horário convencional das 20h45 e, claro, ter pelo menos meia hora do dia para mim.

Vamos, com calma e aos poucos, voltando à rotina. Ele já voltou às aulas, agora falta ajustarmos a rotina e retomarmos mais um ano com muitas atividades - tanto para mim quanto para ele.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Aprendiz de peixe

O ano passado, nas festas de final de ano, Arthur entrou em uma piscina funda (mesmo com vários adultos em volta) e acabou se afogando.

Eu, naquela altura, já estava com vontade de colocá-lo na natação e então na volta das férias procurei uma escola de natação e o matriculei. No entanto, o pequeno afogamento causou trauma no pequeno, que depois do fato passou a perguntar frequentemente se a piscina era fundona ou rasinha. Ele, então, só sentia à vontade nas piscinas rasas.

Na praia, a piscina infantil é bem rasa mesmo, tem apenas 35 centímetros. O que é ótimo para você largar o filho sem se preocupar muito enquanto ele se refresca e se diverte em total segurança. Eis que toda e qualquer piscina funda ou mar era motivo de rejeição dele.

A natação virou tortura, pois a piscina funda metia medo e uma insegurança total. As poucas aulas que ele frequentou foram de total desespero para ele, dentro da água, e para mim, fora da água. Então, uma doença atrás da outra me fez cancelar e desistir da natação.

Este ano, ele deixou o medo de lado para brincar com as crianças que, na idade dele, brincavam na piscina funda na praia. Ele, então, aceitou usar as boias de braço, que antes tanto o metiam medo e insegurança e resolveu encarar a piscina funda. Afinal, melhor encarar o medo do que brincar sozinho.

Agora, ao que parece, ele perdeu o medo (embora entendesse que é preciso ter um adulto próximo e usar as boias para não se afogar). E, inclusive, tem se desafiado a ir além. Na piscina rasa do prédio em que moramos ele tem, inclusive, treinado uns mergulhos por livre e espontânea vontade. Tampa o nariz e se enfia embaixo da água. Uma graça de se ver. O fato gera, ao mesmo tempo, alívio e preocupação. Alívio porque ter filho traumatizado ninguém merece, mas preocupação porque agora ele pode achar que não ter medo significa poder encarar a água sem preocupação.

E, com a evolução dele, percebo que nem tudo é tão eterno para ele. Nem todo acidente e/ou "susto" vão provocar danos irreparáveis. Enquanto meu aprendiz de peixe se aventura na água e desafia os próprios limites, eu fico impressionada na capacidade dele em superar e me surpreender cada vez mais.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Efeito colateral

Nunca achei que Arthur sairia ileso da separação. Sabia que as consequências viriam como um cavalo de tróia, que se instalaria em minha sala desordenando tudo. Depois de tudo que aconteceu, e especialmente como tem acontecido, não poderia ser diferente.

E então ele voltou a dar grandes ataques de fúria ao receber ordens, tem ficado cada vez mais resistente a obedecer, tem dado chiliques, tem batido, tem brigado, tem chorado sem fim.

Ontem, na reunião da escola, soube que o comportamento tem sido o mesmo.

Há semanas o pai não aparece e, nesta semana, ele pela primeira vez contou na escola para os amigos o que estava acontecendo. Contou rindo e recebeu uma desaprovação da professora que disse que isso era assunto do pai e mãe dele e que não era engraçado. Ele emudeceu.

Em casa, conversei novamente com ele. Depois de mais um ataque de não obediência e fúria, conversamos com calma e tranquilidade. Acalmado, coloquei no meu colo e relatei que a professora tinha me contado que ele estava dando muito chilique na escola e não estava obedecendo ninguém. Falei que ficava muito triste em saber disso e ver ele fazer o mesmo em casa. Com toda calma, perguntei: por que você está fazendo isso? A resposta foi óbvia: estou sentindo falta do meu pai. Disse que não havia problema, mas que quando ele sentisse falta do pai deveria me avisar para que pudéssemos ligar para ele. Re-expliquei a separação e perguntei se queria falar com o pai por telefone. Então ligamos. Ele foi enfático com o pai, contou que estava com uma energia (alergia, risos) porque uma formiga picou, conversou um pouco e depois não quis mais falar.

Depois da conversa, o senti mais calmo e sereno. Pronto, então, a obedecer com calma tanto a mim quanto as professoras. Hoje a manhã também foi mais calma. Tenho a promessa do pai de buscá-lo hoje na escola. Para tanto, aguardo. Eu não contei a ele que o pai iria para não gerar nenhuma expectativa e frustá-lo caso ela não aconteça. Sigo tentando ajustar a vida na esperança de que ele, pelo menos ele, sofra menos com tudo isto.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Calendário do Advento ou Lá vem o Natal

Arthur curtiu muito o último Natal. Além de ter ganho muitos presentes, ele fala até hoje do Papai Noel que viu no shopping e que, nas próprias palavras dele: "me deu um pirulito".

O ano passado ele pedia para ir ao shopping ver o Papai Noel dia sim e outro também. Levei ele em uns cinco shopping para ver Papai Noel. Uma verdadeira saga.



Este ano, que ele está maior e entendendo as coisas, resolvi fazer um calendário de advento para esperarmos pelo esperado dia de Natal. Pesquisei no Pinterest milhares de modelos de calendário. Tem um mais lindo do que o outro, mas optei por um modelo que poderia fazer de forma rápida, prática e barata. Compramos saquinhos de pipoca bonitinhos e uns pregadores de Natal. A ideia primeira era pendurá-los em um barbante, mas acabei achando que não ia suportar e optei por fazer no formato de uma árvore de Natal na porta do quarto dele.


Ontem, escrevi uma a uma das atividades e ele me ajudou a colocar nos saquinhos e "montar" a árvore.


Hoje, pela manhã, pedi que ele abrisse o primeiro. Ele, que estava fazendo charme e cheio de preguiça para se levantar e ir para a escola, saiu da cama na mesma hora em que sugeri que ele fosse abrir o primeiro envelope. Abriu, conversamos que de noite faríamos a atividade e ele voltou correndo para a cama, como se a preguiça estivesse esperando por ele ansiosamente.

Então, que assim seja, 25 dias de atividades juntos para que possamos curtir esse mês até que o grande dia do Natal chegue!


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Cospe pra cima que cai na testa

Ser mãe é se arrepender, eternamente, de coisas que falamos, juramos e criticamos na maternidade alheia e prometemos não fazer antes de sermos mães. Isso também pode/deve acontecer com os pais, mas tenho quase certeza absoluta que acontece mais com as mães, que idealizam a maternidade e romantizam a relação com os filhos.

Por algum tempo tenho convivido com um grande cuspe na minha testa: manter o casamento por causa dos filhos, no caso o filho. Sempre critiquei pais que mantiveram a relação/casamento, mesmo ruim, por causa dos filhos. Sempre achei um absurdo criar filhos em um ambiente instável "em nome da convivência com os filhos" ou qualquer coisa assim. No entanto, há muito tempo me vejo nesta situação. Levando adiante a relação péssima com o marido em nome da convivência da criança com o pai.

Por muitas vezes, e em muitas brigas, ele me disse que se tudo acabasse ele deixaria de conviver com o filho porque não suportaria conviver comigo sem estar comigo. Hoje, em outra realidade, entendo tudo como uma grande ameaça.

A verdade é que ele não era um pai presente e constante nem mesmo na mesma casa. Ele não é um pai presente e constante com o outro filho, mesmo nunca tendo tido uma relação estreita com a mãe da outra criança. Eu nunca achei que ele fosse ser diferente porque era meu filho. Eu nunca tive alguma ilusão de que ele seria um pai melhor porque era o nosso filho, mas mesmo assim eu quis ter um filho com ele. Mesmo assim eu posso dizer que paguei pra ver. Por muitos motivos e muitas vezes exigi dele e de sua obrigação paterna. Muitas vezes eu consegui mudar algumas coisas, em outras eu continuei falando (e fazendo e sofrendo) sozinha.

E, então, eu ficava lá convivendo com aquele cuspe em nome de sei lá o quê. Em nome de uma convivência dele com o pai, mas ao mesmo tempo submetendo ele a um clima péssimo, uma convivência ridícula, a situações ruins até que não deu mais. Vivenciei por algumas vezes o descaso que ele fazia do próprio filho caso a nossa relação não estivessem realmente bem. Afinal, se meu filho é meu tudo a melhor forma de me atingir seria através dele. E foi assim que ele deixou o menino na escola ou parou de ir buscá-lo - numa tentativa fracassada de me obrigar a chegar cedo em casa e me ter na rédea curta.

Já faz muito tempo que a relação não ia bem. Desgastada de tantos anos juntos (passado dos 10!). Já fazia muito tempo que as conversas resolviam cada vez menos. E os motivos precisavam ser cada vez menores para que houvesse um descontentamento muito grande. Fui deixando a situação se arrastar e meu filho presenciar discussões cada vez mais desnecessárias.

Até que chegou a um ponto que eu nunca imaginei chegar e, enfim, acabar. Acabou e eu, que pedi o ponto final da história, pude limpar o cuspe da minha testa e seguir. Seguir de uma forma não fácil, mas digna.

Eu e o Arthur ainda estamos nos ajeitando e tentando nos encaixar na nova realidade. Há 18 dias estamos nos acertando. Esta é a primeira semana que estamos de volta à nossa casa em uma relação exclusivamente nossa. Esta é a primeira semana em que o pai não foi vê-lo e a primeira em que ele pergunta diariamente pelo pai (afinal também é a nossa primeira semana em casa, então a ausência do pai evidenciou-se apenas agora). Esta também é a primeira vez que trato do assunto nas redes sociais, mas aos poucos vou me adaptando e abrindo o baú de tantas angústias e tristezas. Aos poucos, tudo volta ao normal e fica bem. Afinal, agora não preciso mais equilibrar o cuspe na testa.