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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Uma manhã na praça e o show de horror

Uma vez já escrevi aqui sobre o quão antropofágico pode ser a experiência em parquinhos e pracinhas com os filhos. Se você estiver disposta a olhar em volta e analisar é surreal o que podemos ver.

Neste final de semana não foi diferente. Com um bloco de carnaval próximo a uma praça que costumamos frequentar, resolvi unir o útil ao agradável. A ideia, claro, era ir ao bloco, mas desta vez o Arthur não se animou muito e preferiu ir à pracinha. Pois bem, lá fomos nós.

Como era de se esperar, a praça estava bem mais cheia que o normal e a experiência foi bastante ruim. Achei triste ver o quanto ainda tem gente que educa gente da forma errada: ensinando a bater ou ignorando a violência, não ensinando a respeitar, não ensinando a cuidar do local em que está.

No final de semana, o que vi foram crianças mal-educadas e pais idem que ora ignoram a deseducação dos filhos ora estimulam comportamentos que deveríamos banir.

Primeiro foi a cena em que um menino, do alto da casinha de madeira do escorregador e que é bastante alta, começa a bater em outro. A mãe do que bate nem o repreende e fica, de baixo, apenas olhando. Já a mãe do que apanha incentiva seu filho a revidar. Fiquei simplesmente chocada. Uma porque se omite, a outra porque incentiva a violência. Vendo um bater e outro apanhar, um terceiro se junta e começa a bater também. E mais uma mãe se omite e finge que não está vendo nada enquanto a mãe do que apanha incentiva ainda mais que o filho revide. Fiquei olhando estarrecida. A cena durou pouco tempo, no entanto, o primeiro que batia seguiu muito tempo batendo em outras crianças que subiam na casinha para escorregar. Os outros saíram, mas a cena se repetia com toda e qualquer criança que subisse. Um verdadeiro show de horror.

Depois, diversas crianças queriam furar a fila para subir na casinha e escorregar e muitos pais e mães ajudavam a eles furar a fila. Eu, muito da sem papas-na-língua, fui a primeira a dizer a filhos e pais que havia fila e que a criança devia seguir para o final. Quem sabe assim educamos pais e filhos de uma vez só, não é mesmo? 

Esse era o objetivo: choque-de-realidade e de educação a quem não quer ter e prefere não só ser sem educação, mas insiste em permitir que crianças repitam e perpetuem esse comportamento. Simplesmente inaceitável e inacreditável que isso aconteça em plena luz do dia, em um local familiar, com crianças por perto e em pleno século XXI. Ah, e isso não foi nem perto da periferia onde costumam dizer que as pessoas não tem educação. Não, bairro nobre da cidade de São Paulo. Depois acham que sem educação é quem é pobre. Honestamente, foi decepcionante vivenciar esta experiência.

Enquanto eu via e analisava tudo isso, muito provavelmente meu filho nem entendia a dimensão de tudo. No entanto, respeitou as filas; apanhou, chorou sem revidar e saiu de perto; brincou e se divertiu como sempre fazemos e ainda esteve na companhia de alguns amigos da escola. Sigo firme nos propósitos de ensiná-lo a ser sempre melhor: a não bater e nem mesmo revidar quando apanha (mas chamar algum adulto para que resolva a situação), não furar filas e respeitar a vez de cada um, brincar e se divertir porque é isso que importa. E seguimos juntos tentando ensinar essa missão na vida, que nem sempre é fácil, convenhamos.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Das experiências antropológicas da vida

No meu recesso de final de ano resolvi ir em um parque perto de casa para o Arthur brincar. Tarde amena, sem programas, convenci o marido e fomos. Isso já faz uns meses, é verdade, mas foi inesquecível.

Primeiro porque esses programas em parques e praças só costumamos fazer eu e o Arthur. O marido nunca topa ou não está nos horários que encaramos estes passeios, então é raro. O mais comum é que eu e o Arthur vamos, mas quase nunca com o pai. Segundo porque, neste dia, achei uma verdadeira experiência antropológica.

Gosto muito de observar as pessoas e neste dia algumas coisas foram bastante bizarras. Primeiro uma mãe, meio malucona, alta e magra, com um filho de uns 2 anos também grande aparecem no tanque de areia para brincar. Ela falando pelos cotovelos, ele que estava de roupa em menos de 2 minutos ficou só de fralda naquela areia não lá muito limpa e confiável e ela falava, muito, o tempo todo. Dizia que o filho ia para a praia com o pai passar a festa de reveillon, falava que ela ia fazer sei lá o quê no reveillon. Repetia insistentemente. Quase perguntei se tinha algum solteirão ali no parque porque ela estava claramente exibindo o fato de ser mãe solteira/divorciada. Ela me pareceu meio hippie (nada contra, isso é apenas uma descrição) e o filho me pareceu tal qual lá todo jogado na areia brincando*.

Depois ainda apareceu uma mãe que transbordava medo e insegurança. A forma como ela falava com o filho que já devia ter uns 5 anos era infantilizada (e eu não gosto. Trate criança como criança, mas não como retardado, ok?) e a forma como ela me aparentava (insegura, infeliz, com medo) era exatemente como a criança se portava. Em um escorregador de cimento, a criança temia descer e a cada orientação da mãe (que dava mais medo e insegurança em vez do contrário como deveria ser) mais a criança tinha medo. A mãe em vez de incentivar recomendava mil cuidados quase fazendo a criança chorar para descer. Foi uma cena bastante incômoda. Para mim estava claro que a forma como a mãe era fazia com que a criança fosse da mesma maneira. No fundo, achei triste. Achei tristíssimo que uma criança se sentisse com medo e insegura simplesmente porque assim sente/transmite sua mãe. Achei triste uma criança ter medo de brincar livre solta em um escorregador simplesmente porque sua mãe não o incentiva a viver sua infância plenamente pelos medos que ela, adulta, sente.

Semana passada também levei Arthur para brincar em uma praça. Era feriado e final de tarde. Ele, que gosta pouco de uma rua, estava clamando por um passeio, que eu prometi que daria caso ele dormisse um pouco de tarde e me desse uma hora de descanso. Como ele dormiu, ganhou o passeio. E fomos na praça brincar. E mais uma vez vivi uma experiência antropofágica e antropológica. A menina de seus 12 anos queria brincar e girava o gira-gira com toda força e ficava brava toda vez que uma criança pequena entrava no brinquedo e ela tinha que ir devagar. Deu show de mal-educação. E a mãe também. Fiquei passada. Depois ela resolveu que ia subir pelo escorregador enquanto as crianças estavam lá em cima, fazendo fila para descer. Depois decidiu que ia subir pela escada, mas que ia reclamar porque os pequenos demoravam. E mãe olhando placidamente e, vez ou outra, chamando a atenção dela. Um verdadeiro show de horror. Fiquei consternada com a filha e, claro, com a mãe. Mãe esta que ficou me olhando estarrecida porque levei o Arthur embora chorando porque ele não queria me obedecer. 

Estava friozinho e, por isso, coloquei uma blusa nele. Ele, claro, tirou a blusa duas vezes até que eu avisei que se ele não ficasse com a blusa iríamos embora porque ele estava com tosse e estava esfriando. Ele, óbvio, tirou a blusa e eu, óbvio, cumpri o trato. Ele saiu chorando, espeneando enquanto eu avisava que ele tinha me desobedecido, então que não ia mais brincar. Ele não chorou nem por dois minutos porque no carro já na volta para casa fomos bem. Ela, óbvio, deve ter ficado estarrecida com minha educação linha dura. Será que também achou a cena uma verdadeira experiência antropológica?

*PS - Nada contra crianças que brincam na areia. Arhur também brinca. Mas em uma areia duvidosa de parque só de fralda, para mim, não rola.