quarta-feira, 27 de julho de 2011

Arthur - 4 meses

Após nove meses de gestação, finalmente você pega seu bebê no colo e descobre como é cada detalhezinho do seu rosto. Mas a expectativa está só começando: você não vê a hora de ele começar a sentar, a rir, a bater palmas, não é? Com quanto tempo é normal começar a engatinhar? E entender seu próprio nome? E, claro, ainda há a ansiedade da família e de todos por perto para ajudar. São tantas dúvidas que, confesse, a vontade é ter um pediatra acoplado ao berço 24 horas por dia, só para fornecer informação suficiente sobre o que é normal ou não. Mas não se deixe levar pela afobação. É preciso respeitar o tempo de cada criança, permitindo que ela siga as etapas de seu amadurecimento e tentar não fazer muitas comparações com outros bebês. Há um intervalo normal para as crianças adquirirem certas habilidades, uns começam mais cedo, outros mais tarde, sem que isso seja um problema. “A capacidade de aprendizado de um bebê é muito complexa e cada pessoa adquire as habilidades a seu próprio tempo”, afirma Susan Hespos, PhD em psicologia cognitiva da Universidade de Northwestern, em Illinois (Estados Unidos).

4° mês
Penso, logo existo. Mesmo antes de seu filho falar ele já reflete sobre as coisas. Um estudo, realizado em 2010 pelo laboratório de cognição infantil da Universidade de Northwestern, mostra que bebês nessa fase já compreendem bem determinadas situações, mas ainda não conseguem vocalizar, de maneira adequada, o que pensam.

Corpo: Seu filho vai começar a se virar ao ouvir sons de diferentes direções, procurando por eles. Essa nova capacidade de se movimentar também indica que, a partir de agora, é bom ter mais cuidado ao deixá-lo sob uma superfície plana, pois ele começará a se virar sozinho sem muito aviso ou coordenação.

Saúde: Entre 2 e 6 meses o bebê precisa tomar 13 vacinas de acordo com o calendário oficial brasileiro. Mantenha a vacinação em dia para que o sistema imunológico do seu filho seja constantemente fortalecido.

Brinquedos: Um tapete de atividades, com brinquedos pendurados e dispostos em diferentes posições, é o passatempo ideal para seu bebê, que está se movimentando cada vez mais.

Alimentação: Nessa fase seu filho já não sente necessidade de se alimentar com tanta frequência, como antes. Ele continua se desenvolvendo normalmente, embora o ritmo de crescimento dos primeiros meses diminua um pouco. Não se assuste caso seu filho deixe de engordar mais de um quilo por mês ou cresça apenas uns poucos centímetros. Se for algo que mereça atenção, seu pediatra a alertará.

Comunicação: Seu bebê é uma minifábrica de sons. Ele começa a combinar consoantes e vogais e, embora ainda não sejam vocalizações conscientes, os primeiros papá e mamã poderão aparecer!

Fonte: Revista Crescer

Além disso, Arthur já fica sentado apoiado e há tempos procura pelos sons. Fica atento ao móbile do berço mesmo quando ele está desligado e sorri para todos, reconhecendo brincadeiras como de esconder e de ser suspenso no ar e retornar ao colo (mas com calma e nada de sacudir demais).

Dorme a noite toda desde o segundo mês e tem demorado cada vez menos tempo para finalmente dormir. Hoje cerca de 30 minutos mesmo depois do agito já são suficientes para embalá-lo pela noite toda. Já gargalha com brincadeiras, mas também fica bastante resmungão quando resiste ao sono durante o dia.

Tem noção das mãos e dos pés, então quando algo toca sua mão já belisca e tenta pegar e se empurra com os pés no carrinho, no berço e no trocador o que faz das trocas de roupa bem perigosas. Gosta de morder o dedo e já não sente nenhuma dificuldade em levar o indicador à boca para algumas mordidas.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A primeira vez

Assim que eu te vi, pela primeira vez, você era quase exatamente igual ao meu sonho. Faltou um pouco de cabelo e de bochechas, mas de resto era muito parecido.

Até o parto de verdade foi bem parecido com o do sonho, que me revelava como você era. Às vezes, eu acho que aquele sonho foi mesmo uma premonição. Seu parto foi normal, rápido e muito tranquilo assim como no sonho em que o parto levava 5 minutos. Na verdade, você demorou apenas 15 minutos para nascer depois de um trabalho de parto de apenas 7 horas - tempo que foge das estatísticas médicas para partos normais do primeiro filho que demoram mais de 10 horas. Foram 3 contrações, 6 forças e um chorinho que imediatamente me levou as lágrimas.

Eu chorava tanto quando te colocaram nos meus braços que não consegui te ver. As lágrimas embaçaram a minha visão. E a emoção era tanta que a fome passou e eu não vi mais nada. Meus olhos, minha atenção e meu coração já estavam voltados para você, que estava sendo limpo, pesado e enrolado. Quando tudo tinha acabado (e eu sequer tinha percebido) você voltou aos meus braços e ficamos mais duas horas juntos.

Foi neste tempo em que sua tia te conheceu (e se emocionou tanto quanto sua mãe). Depois foi a vez da sua avó. E mesmo tendo pedido para que elas não ficassem mais ali nos esperando porque poderia demorar elas ficaram lá até que a mamãe foi para o quarto e você também. Afinal, as duas estavam ansiosas para te ver de perto e te pegar pela primeira vez.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amamentar não é um cartaz de campanha - parte 2

E foi então com 35 dias que o Arthur conseguiu pegar o peito. Era de madrugada e apesar dele estar mamando melhor e sem precisar ser acordado porque já reclamava seus próprios horários de fome, a jornada ainda era longa e se seguia por horas e horas.

A preocupação diminuía enquanto as mamadas aumentavam proporcionalmente. Era uma matemática exata: quanto mais ele mamava menos preocupada ficávamos e, ao mesmo tempo, mais cansada. Os finais de tarde eram sempre cansativos. A princípio o médico achava que horas e horas no peito eram manha do Arthur e resumia tudo dizendo que o Arthur estava fazendo o peito de chupeta. Meu alarme não parava de soar dizendo que não era bem aquilo.

Com dois meses, não aguentava mais ficar com ele tanto tempo no peito - somava em média 5 horas seguidas até que ele pegava no sono - e mais uma vez questionei ao médico a normalidade de tantas horas no peito, principalmente porque ele chorava sem parar e só ficava bem, ou pelo menos melhor, no peito. Então disse com todas as letras o que estava acreditando desde o princípio: Não será possível que meu leite seja insuficiente?  O médico não acreditou, mas não duvidou. Então, acabou por me receitar o Chá-misto da Mamãe, da Welleda. Esta foi a minha salvação.
3 dias depois de começar a tomar o chá, Arthur pegou no sono pela primeira vez no final do dia. Eram 20h e ele dormia. Parecia milagre. Os peitos se encheram com mais leite e a rotina com ele ficou muito mais fácil. Agora amamentar não é um fantasma e nem uma preocupação.

Com o tempo passando, ele agora procura onde apoiar a mão (geralmente em cima do peito ou me acariciando) e torna amamentar uma verdadeira delícia. Não é uma tarefa fácil, afinal ele depende exaustivamente de mim. Aliás, exaustiva e exclusivamente. Mas sei que é o melhor para ele. Acabamos indo juntos a todos os lugares: onde vai a corda, vai a caçambinha.

O pediatra dele quer amamentação exclusiva até os seis meses, mas eu não quero. Apesar dos 7 meses de licença-maternidade (6 meses mais as férias) quero com calma poder introduzir a alimentação e estar segura de que tudo estará bem quando eu voltar a trabalhar, por isso, na próxima consulta já quero pedir ao médico a introdução alimentar gradativa, mesmo que mantendo ainda a amamentação por um tempo.

No entanto, até o final do ano tenho segurança em dizer que quero que o Arthur esteja independente e sem amamentar. De acordo com o meu obstetra, depois de 1 ano de idade é muito difícil a criança sair do peito. Além disso, não pretendo protagonizar nenhum vexame com criança arrancando roupa ou fazendo escândalo no meio da rua porque quer ser amamentado. Sei que nem toda criança faz isso, mas não quero incorrer no risco de isto acontecer.

Além do mais, vejo o sofrimento de duas cunhadas que tentam sem sucesso tirar seus filhos com mais de 2 anos do peito e não conseguem. Elas não trabalham e acabam dando o peito, mas como vou voltar a trabalhar quero minimizar este sofrimento para mim e para ele. Tenho certeza que cortar este laço não vai ser fácil, mas é uma decisão minha - só minha, assim como foi a escolha pelo parto normal.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Amamentar não é um cartaz de campanha - parte 1

Amamentar o Arthur nunca foi uma tarefa fácil. Como nasceu de parto normal, a estadia na maternidade foi de apenas 2 noites. Demos entrada às 2h30 da madrugada e às 9h26 o Arthur nascia. Logo que nasceu veio para meu colo, saiu, foi limpo, pesado e então voltou novamente aos meus braços enroladinho. Tentamos colocá-lo no peito, mas ele não quis. Durante todo o dia a cena se repetiu: colocávamos no peito, mas ele não se interessava e nem queria pegar. Nem tentava. Ele só dormia.

A primeira de muitas tentativas
As enfermeiras disseram que era normal, que as crianças nascem com uma reserva (que elas chamavam de reservinha) de glicose e podem não ter fome nas primeiras 24 horas. As 24 horas passaram e nada: ele continuava dormindo plácido e sem vontade de mamar. Já passava de 48 horas de nascido e nada. A maternidade controlava a glicose dele e como continuava alta, não era necesário fazer nenhuma intervenção. Apenas esperar pela fome dele. 

[Como fiquei 14 dias de repouso antes dele nascer para ver se o pequeno Arthur crescia um pouco mais acredito que a reserva dele devia mesmo estar alta. Meu repouso não era absoluto, mas consistia em ficar deitada do lado esquerdo por 1 hora na primeira semana após às refeições para que eu não gastasse energia nenhuma e tudo fosse direto para ele. Na segunda semana, o repouso passou para 2 horas. Exatamente ao final dos 14 dias, Arthur nasceu. Por isso, acredito que ele estava cheio de energia destes dias e por isso acabou mesmo sem fome por tanto tempo depois que nasceu]

Nós insistíamos, colocávamos ele no peito a cada 3 horas para estimular, mas nada. Foi só às 4 da manhã do dia da alta que ele resolveu tentar alguma coisa. Apelamos até para um intermediário (um bico de silicone que por ser maior que o meu próprio bico poderia facilitar a amamentação). E então ele começou a tentar.

Com o bico intermediário
 Sim, tentar. A primeira noite em casa foi meio tranquila. Ele chorava. Limpávamos o bico, colocava no peito e ficava cerca de 1 hora na tentativa. A segunda noite em casa ele chorava e o leite, empedrado, não descia. Foi um desespero. Pais de primeira viagem não sabíamos o que fazer porque desde de tarde o leite estava empedrando, saindo pouco e o peito cheio sem nem poder encostar. Tentamos banho, compressas de água quente, com bolsa, ligamos na maternidade e nenhuma luz para nos socorrer.

Ele chorava, eu chorava. As compressas com bolsa quente era o que mais ajudava. Nos primeiros dias eu só conseguia assim: no quarto, meia luz, intermediário, sozinhos e ainda assim era uma luta. Ele dormia, eu acordava ele, ele chupava pouco, saía muito leite, mas ele tinha sérias dificuldades em sugar mesmo com o bico intermediário. Sem o bico não tinha jeito, ele não consegui pegar o peito.

Cheguei a ligar aos prantos para o obstetra porque apesar dele  estar dormindo bem, eu tinha certeza de que algo não ia bem. O obstetra, que é a calma em pessoa, me recomendou calma e disse que se ele dormia bem provavelmente é porque as coisas iam bem. Eu me acalmei um pouco, mas estava ansiosa pela consulta com o pediatra dele.

Durante 12 dias, a luta foi essa e na primeira consulta do pediatra a constatação: ele tinha perdido peso. E então começou a luta para que ele recuperasse o peso e pasasse a ganhar entre 30g e 40g por dia. As consultas no pediatra eram a cada 3 dias para acompanhar o ganho de peso. Depois de 15 dias, o Arthur conseguiu atingir a meta e ficamos mais aliviados embora as mamadas ainda fossem bem difíceis e longas, o que tornava a simples tarefa em uma árdua jornada.

Eu tentava quase que diariamente me livrar daquele bico intermediário, mas o Arthur não conseguia pegar o peito direto por ser muito pequeno e, muito provavelmente, por ele ter o queixo muito retraído. Para o meu obstetra seria uma questão de tempo. Para ele, assim que o Arthur crescesse um pouco ele seria capaz. O bico apesar de me auxiliar muito me incomodava porque dava mais um trabalho (o de higienizar antes e depois de cada mamada e ainda era um objeto indispensável onde quer que eu fosse).

Continua....

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Missiva

Arthur,
Hoje é dia 27 de junho e sua bisa foi embora - o que me deixou MUITO triste. Todos me consolam dizendo: "Ah, pelo menos ela conheceu  Arthur." E embora isso realmente fosse um alento para mim já que ela desejava tanto te conhecer - tanto que até queria que você nascesse antes do tempo - gostaria do fundo do meu coração que você tivesse sido capaz de conhecê-la para poder sentir, ou melhor, entender e perceber o amor que ela tinha por você.

Da última vez em que ela esteve internada, nós fomos visitá-la, mas eu não deixei você entrar na emergência e você me esperou com o seu pai do lado de fora. Ela fez questão de que a enfermeira fosse até você só para conhecê-lo e então declarou a mim todo o amor que sentia por você.

Declarar o amor que ela tinha por você era quase redundante e nunca foi necessário, afinal todo este amor era notável, pois quando ela te via a vida dela ficava muito melhor e mais colorida, mas foi realmente emocionante vê-la dizer que te amava muito. Mas você ainda é bem inocente e não entende nada. Só tem 3 meses e sua bisa foi embora. E o que nesta vida me consola é que eu tirei muitas fotos para te mostrar como era grande o amor dela por você e, principalmente, por saber que mesmo que você não se lembre dela, ela NUNCA vai esquecer de você.

sábado, 9 de julho de 2011

Pra começar

Engraçado como o mundo muda depois que a gente vira mãe. Na verdade, não foi o mundo que mudou, fui eu. Agora, tudo o que penso e vivo tem relação direta com o Arthur. Que Arthur eu quero preparar para o mundo e, principalmente, que mundo eu quero apresentar para o Arthur - incluindo especialmente que mundo eu NÃO quero apresentar para ele embora saiba que grande parte das coisas que incluo nesta lista mais cedo ou mais tarde vai - independentemente de mim - se apresentar a ele.

Um exemplo do que não quero NUNCA seguir é o da minha cunhada que usa EXAUSTIVAMENTE a violência para educar os filhos. Embora eu "entenda" que este é um repertório que ela tenha vivido não consigo entender - nem entre aspas - como ela consegue repetir este histórico tendo sofrido tanto com ele.

Já passei por diversas situações com ela em que ela agride praticamente gratuitamente os filhos e já me intrometi uma vez segurando a mão dela para que ela não batesse no filho, mas ontem foi a primeira vez em que isso aconteceu depois que o Arthur nasceu. Com ele no colo, a cena me pareceu ainda mais estarrecedora e mais uma vez tentei convencê-la de que esta não é a forma correta de se educar um filho, mas ela não se convence e, pior, ainda acha que vou pagar a minha língua quando o Arthur crescer. A minha esperança é exatamente esta: que ela possa ver através da forma em que eu criar o Arthur que é possível educar uma criança sem que seja necessário usar a violência. Só espero que não seja tarde demais.