segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Aprendiz de peixe

O ano passado, nas festas de final de ano, Arthur entrou em uma piscina funda (mesmo com vários adultos em volta) e acabou se afogando.

Eu, naquela altura, já estava com vontade de colocá-lo na natação e então na volta das férias procurei uma escola de natação e o matriculei. No entanto, o pequeno afogamento causou trauma no pequeno, que depois do fato passou a perguntar frequentemente se a piscina era fundona ou rasinha. Ele, então, só sentia à vontade nas piscinas rasas.

Na praia, a piscina infantil é bem rasa mesmo, tem apenas 35 centímetros. O que é ótimo para você largar o filho sem se preocupar muito enquanto ele se refresca e se diverte em total segurança. Eis que toda e qualquer piscina funda ou mar era motivo de rejeição dele.

A natação virou tortura, pois a piscina funda metia medo e uma insegurança total. As poucas aulas que ele frequentou foram de total desespero para ele, dentro da água, e para mim, fora da água. Então, uma doença atrás da outra me fez cancelar e desistir da natação.

Este ano, ele deixou o medo de lado para brincar com as crianças que, na idade dele, brincavam na piscina funda na praia. Ele, então, aceitou usar as boias de braço, que antes tanto o metiam medo e insegurança e resolveu encarar a piscina funda. Afinal, melhor encarar o medo do que brincar sozinho.

Agora, ao que parece, ele perdeu o medo (embora entendesse que é preciso ter um adulto próximo e usar as boias para não se afogar). E, inclusive, tem se desafiado a ir além. Na piscina rasa do prédio em que moramos ele tem, inclusive, treinado uns mergulhos por livre e espontânea vontade. Tampa o nariz e se enfia embaixo da água. Uma graça de se ver. O fato gera, ao mesmo tempo, alívio e preocupação. Alívio porque ter filho traumatizado ninguém merece, mas preocupação porque agora ele pode achar que não ter medo significa poder encarar a água sem preocupação.

E, com a evolução dele, percebo que nem tudo é tão eterno para ele. Nem todo acidente e/ou "susto" vão provocar danos irreparáveis. Enquanto meu aprendiz de peixe se aventura na água e desafia os próprios limites, eu fico impressionada na capacidade dele em superar e me surpreender cada vez mais.

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