terça-feira, 7 de maio de 2013

Das experiências antropológicas da vida

No meu recesso de final de ano resolvi ir em um parque perto de casa para o Arthur brincar. Tarde amena, sem programas, convenci o marido e fomos. Isso já faz uns meses, é verdade, mas foi inesquecível.

Primeiro porque esses programas em parques e praças só costumamos fazer eu e o Arthur. O marido nunca topa ou não está nos horários que encaramos estes passeios, então é raro. O mais comum é que eu e o Arthur vamos, mas quase nunca com o pai. Segundo porque, neste dia, achei uma verdadeira experiência antropológica.

Gosto muito de observar as pessoas e neste dia algumas coisas foram bastante bizarras. Primeiro uma mãe, meio malucona, alta e magra, com um filho de uns 2 anos também grande aparecem no tanque de areia para brincar. Ela falando pelos cotovelos, ele que estava de roupa em menos de 2 minutos ficou só de fralda naquela areia não lá muito limpa e confiável e ela falava, muito, o tempo todo. Dizia que o filho ia para a praia com o pai passar a festa de reveillon, falava que ela ia fazer sei lá o quê no reveillon. Repetia insistentemente. Quase perguntei se tinha algum solteirão ali no parque porque ela estava claramente exibindo o fato de ser mãe solteira/divorciada. Ela me pareceu meio hippie (nada contra, isso é apenas uma descrição) e o filho me pareceu tal qual lá todo jogado na areia brincando*.

Depois ainda apareceu uma mãe que transbordava medo e insegurança. A forma como ela falava com o filho que já devia ter uns 5 anos era infantilizada (e eu não gosto. Trate criança como criança, mas não como retardado, ok?) e a forma como ela me aparentava (insegura, infeliz, com medo) era exatemente como a criança se portava. Em um escorregador de cimento, a criança temia descer e a cada orientação da mãe (que dava mais medo e insegurança em vez do contrário como deveria ser) mais a criança tinha medo. A mãe em vez de incentivar recomendava mil cuidados quase fazendo a criança chorar para descer. Foi uma cena bastante incômoda. Para mim estava claro que a forma como a mãe era fazia com que a criança fosse da mesma maneira. No fundo, achei triste. Achei tristíssimo que uma criança se sentisse com medo e insegura simplesmente porque assim sente/transmite sua mãe. Achei triste uma criança ter medo de brincar livre solta em um escorregador simplesmente porque sua mãe não o incentiva a viver sua infância plenamente pelos medos que ela, adulta, sente.

Semana passada também levei Arthur para brincar em uma praça. Era feriado e final de tarde. Ele, que gosta pouco de uma rua, estava clamando por um passeio, que eu prometi que daria caso ele dormisse um pouco de tarde e me desse uma hora de descanso. Como ele dormiu, ganhou o passeio. E fomos na praça brincar. E mais uma vez vivi uma experiência antropofágica e antropológica. A menina de seus 12 anos queria brincar e girava o gira-gira com toda força e ficava brava toda vez que uma criança pequena entrava no brinquedo e ela tinha que ir devagar. Deu show de mal-educação. E a mãe também. Fiquei passada. Depois ela resolveu que ia subir pelo escorregador enquanto as crianças estavam lá em cima, fazendo fila para descer. Depois decidiu que ia subir pela escada, mas que ia reclamar porque os pequenos demoravam. E mãe olhando placidamente e, vez ou outra, chamando a atenção dela. Um verdadeiro show de horror. Fiquei consternada com a filha e, claro, com a mãe. Mãe esta que ficou me olhando estarrecida porque levei o Arthur embora chorando porque ele não queria me obedecer. 

Estava friozinho e, por isso, coloquei uma blusa nele. Ele, claro, tirou a blusa duas vezes até que eu avisei que se ele não ficasse com a blusa iríamos embora porque ele estava com tosse e estava esfriando. Ele, óbvio, tirou a blusa e eu, óbvio, cumpri o trato. Ele saiu chorando, espeneando enquanto eu avisava que ele tinha me desobedecido, então que não ia mais brincar. Ele não chorou nem por dois minutos porque no carro já na volta para casa fomos bem. Ela, óbvio, deve ter ficado estarrecida com minha educação linha dura. Será que também achou a cena uma verdadeira experiência antropológica?

*PS - Nada contra crianças que brincam na areia. Arhur também brinca. Mas em uma areia duvidosa de parque só de fralda, para mim, não rola.

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