sexta-feira, 15 de julho de 2011

Amamentar não é um cartaz de campanha - parte 1

Amamentar o Arthur nunca foi uma tarefa fácil. Como nasceu de parto normal, a estadia na maternidade foi de apenas 2 noites. Demos entrada às 2h30 da madrugada e às 9h26 o Arthur nascia. Logo que nasceu veio para meu colo, saiu, foi limpo, pesado e então voltou novamente aos meus braços enroladinho. Tentamos colocá-lo no peito, mas ele não quis. Durante todo o dia a cena se repetiu: colocávamos no peito, mas ele não se interessava e nem queria pegar. Nem tentava. Ele só dormia.

A primeira de muitas tentativas
As enfermeiras disseram que era normal, que as crianças nascem com uma reserva (que elas chamavam de reservinha) de glicose e podem não ter fome nas primeiras 24 horas. As 24 horas passaram e nada: ele continuava dormindo plácido e sem vontade de mamar. Já passava de 48 horas de nascido e nada. A maternidade controlava a glicose dele e como continuava alta, não era necesário fazer nenhuma intervenção. Apenas esperar pela fome dele. 

[Como fiquei 14 dias de repouso antes dele nascer para ver se o pequeno Arthur crescia um pouco mais acredito que a reserva dele devia mesmo estar alta. Meu repouso não era absoluto, mas consistia em ficar deitada do lado esquerdo por 1 hora na primeira semana após às refeições para que eu não gastasse energia nenhuma e tudo fosse direto para ele. Na segunda semana, o repouso passou para 2 horas. Exatamente ao final dos 14 dias, Arthur nasceu. Por isso, acredito que ele estava cheio de energia destes dias e por isso acabou mesmo sem fome por tanto tempo depois que nasceu]

Nós insistíamos, colocávamos ele no peito a cada 3 horas para estimular, mas nada. Foi só às 4 da manhã do dia da alta que ele resolveu tentar alguma coisa. Apelamos até para um intermediário (um bico de silicone que por ser maior que o meu próprio bico poderia facilitar a amamentação). E então ele começou a tentar.

Com o bico intermediário
 Sim, tentar. A primeira noite em casa foi meio tranquila. Ele chorava. Limpávamos o bico, colocava no peito e ficava cerca de 1 hora na tentativa. A segunda noite em casa ele chorava e o leite, empedrado, não descia. Foi um desespero. Pais de primeira viagem não sabíamos o que fazer porque desde de tarde o leite estava empedrando, saindo pouco e o peito cheio sem nem poder encostar. Tentamos banho, compressas de água quente, com bolsa, ligamos na maternidade e nenhuma luz para nos socorrer.

Ele chorava, eu chorava. As compressas com bolsa quente era o que mais ajudava. Nos primeiros dias eu só conseguia assim: no quarto, meia luz, intermediário, sozinhos e ainda assim era uma luta. Ele dormia, eu acordava ele, ele chupava pouco, saía muito leite, mas ele tinha sérias dificuldades em sugar mesmo com o bico intermediário. Sem o bico não tinha jeito, ele não consegui pegar o peito.

Cheguei a ligar aos prantos para o obstetra porque apesar dele  estar dormindo bem, eu tinha certeza de que algo não ia bem. O obstetra, que é a calma em pessoa, me recomendou calma e disse que se ele dormia bem provavelmente é porque as coisas iam bem. Eu me acalmei um pouco, mas estava ansiosa pela consulta com o pediatra dele.

Durante 12 dias, a luta foi essa e na primeira consulta do pediatra a constatação: ele tinha perdido peso. E então começou a luta para que ele recuperasse o peso e pasasse a ganhar entre 30g e 40g por dia. As consultas no pediatra eram a cada 3 dias para acompanhar o ganho de peso. Depois de 15 dias, o Arthur conseguiu atingir a meta e ficamos mais aliviados embora as mamadas ainda fossem bem difíceis e longas, o que tornava a simples tarefa em uma árdua jornada.

Eu tentava quase que diariamente me livrar daquele bico intermediário, mas o Arthur não conseguia pegar o peito direto por ser muito pequeno e, muito provavelmente, por ele ter o queixo muito retraído. Para o meu obstetra seria uma questão de tempo. Para ele, assim que o Arthur crescesse um pouco ele seria capaz. O bico apesar de me auxiliar muito me incomodava porque dava mais um trabalho (o de higienizar antes e depois de cada mamada e ainda era um objeto indispensável onde quer que eu fosse).

Continua....

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