quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sobre partos e o nascimento do Arthur

A blogosfera materna está falando esta semana sobre partos. No final de semana passado aconteceu a Marcha pelo parto em casa em várias cidades e embora eu não tenha participado e particularmente não concorde com o parto em casa para mim, defendo que as mulheres possam devam ter suas vontades respeitadas na hora de parir (e até na hora de nem gestar uma criança, mas isso é outro assunto).

O parto do Arthur foi normal e com anelgesia e episiotomia. Minha mãe teve 4 partos e 4 cesáreas. Eu sempre achei que ia fazer cesárea, mas assim que engravidei do Arthur naturalmente me veio a vontade de ter um parto normal. Ser paciente de um GO que realizava partos normais também foi meio caminho andado. Ter pavor de cirurgia foi a outra parte do caminho que faltava para que o  parto normal acontecesse.

Logo no começo das consultas sinalizei ao médico a vontade do parto normal e em momento algum fui questionada sobre o procedimento e nem sobre a vontade. Em momento algum ele me orientou pela cesárea ou indicou o procedimento cirúrgico.

Lembro que no final da gravidez, lá pelos 8 meses, gostava de brincar com ele nas consultas se ele iria viajar nos feriados ou se estaria na cidade para me atender, caso o trabalho de parto começasse. E sempre com muita brincadeira e amizade ele me dizia que ainda era cedo e que dificilmente Arthur viria ao mundo naquele feriado.

Até que a bolsa estorou às 2 da madrugada do dia 24 de março. Pegamos as malas, e todas as coisas e nos dirigimos imediatamente para a maternidade escolhida. Cheguei lá e fui examinada e o médico avisado sobre a bolda rota, os 3 centímetros de dilatação e o meu estado geral assim como o do bebê, que passou a ser monitorado pelo cardiotoco.

Subimos para a sala de parto. Continuamos monitorados e tudo bem. Subi de cadeira de rodas, deitei na cama e lá ficamos esperando as horas passarem. Cochilávamos, conversávamos até que a dor passou a ser intensa. A cada hora, mais ou menos, vinham checar minha dilatação. Estava com soro na veia e em jejum, mas com o aumento das dores me indicaram ir para a banheira, pois diminuía a dor e acelerava o processo de parto. Aceitei a sugestão e lá fui eu para a banheira e foi um bálsamo para a dor. Saí da banheira uma hora depois, o dia já estava claro e o médico havia chegado, mas as dores se intensificaram terrivelmente e pedi anestesia.

À espera de um milagre: monitorada e esperando pela hora certa
Não me sinto menos mãe, menos mulher, menos nada. Sou fraca e não aguento dor, não nasci para isso e achei que aquele momento tinha quer calmo e sem dor. Depois da anestesia e podendo raciocinar o médico me informou sobre os procedimentos todos: episiotomia se necessário para que o bebê pudesse sair com mais tranquilidade e fórceps somente se muito necessário, mas que geralmente ele não utilizava. Disse também que usaria a ocitocina (hormônio usado para acelerar o processo de parto e, segundo o médico, manter as contrações e a dilatação após a anestesia, que desacelera o processo). Aceitei e ele me disse ainda que usaria o mínimo possível e, se necessário, aumentaria a dose. 

Conversas de erro médico invadiram o quarto, que parecia mais uma sala de estar com todos (médico, assistente, anestesista, mãe e pai) conversando discontraídamente. Até que, às 9h10, o médico foi me examinar e disse: "vamos ver se você já chegou aos 8 centímetros." Brincando respondi: "Ah doutor, já vou estar com 10." E quando ele foi me examinar a surpresa foi tanta que os cabelos do Arthur já podiam ser vistos e em 5 minutos houve uma revolução no quarto.

Equipamentos foram tirado dos armários, médicos saíram rapidamente e voltavam paramentados, enfermeiras entraram e tudo começou a acontecer. Três contrações depois o Arthur nasceu. Foi tão rápido que não deu tempo nem do marido ver o Arthur nascer. Quando ele perguntou se o pai queria ver e o pai mudou de lugar, o menino nasceu. Mas antes mesmo do pai conseguir mudar o campo de visão, o Arthur já chorava.

Nascendo

Nascido: do útero para o colo

O fórceps não foi necessário, mas a episiotomia aconteceu. Estava anestesiada e não senti. Tudo correu tão bem que não me importei. Não considero a episiotomia uma violência, pelo menos neste caso. Considero-a sim um procedimento - ora necessária ora não, mas como não tenho os conhecimentos suficientes para avaliar o quadro entendo que o médico tem aval para decidir. Claro que esta "ignorância" (a minha e a da maioria das parturientes deste Brasil das cesáreas) abre precedentes perigosos e permite que muitas cesáreas sejam realizadas sem necessidade. E é este o tema e o ponto a ser tratado: até quando o Estado vai permitir que esta ignorância seja mantida e que os níveis de cesárea sejam tão altos no País? Até quando as mulheres estarão a mercê do sistema, dos médicos, dos imposição da sociedade, etc?
Primeira foto em família

Para ler mais, saber mais, se informar mais, indico:
O Mamatraca desta semana fala sobre partos, assista aqui.
O blog Constance Zahn também falou do assunto aqui.
O SuperDuper fez dois posts ótimos aqui e aqui.
O blog Projetinho de Vida também falou disso aqui.

Tem mais
Dando um google para achar números para checar sobre minha hipótese de que o parto normal é muito maior na rede privada do que na rede pública (vide fatos narrados de suas próprias histórias por amigas e pessoas próximas) achei três links interessantes: uma pesquisa, uma matéria em um blog de saúde e um site sobre o assunto. Vale a pena conferir!

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