quinta-feira, 10 de maio de 2012

Casa da vovó X escola - o dilema

Quando voltei a trabalhar, Arthur tinha 6 meses, estava sendo introduzido à alimentação sólida e rejeitada a todo custo pegar a mamadeira. Primeiro filho, primeiro neto e primeiro sobrinho. Diante deste cenário acreditava que a melhor opção era a casa da vovó, que teria mais paciência para introduzir a alimentação sólida e tentaria contornar a resistência à mamadeira de forma gentil, generosa e carinhosa.

Foram quase 3 meses de resistência à mamadeira, que contornamos como conseguíamos: leite batido com fruta oferecido de colher, mingau de aveia ou leite com farinha láctea. Ele aceitava o leite a fórmula nestas formas, mas nunca na mamadeira o que demandava uma paciência de cão. Preocupada com ele, sua alimentação e etc adiei a ida à escola por ter quem olhasse, cuidasse, zelasse e ficasse com o Arthur, principalmente com todas estas condicionais dele.

No entanto, tenho pensado em colocá-lo na escola. Uma prima da minha mãe que é pedagoga e trabalhou a vida inteira em creches me disse que seria melhor para que ele se desenvolvesse mais. Eu concordo e tenho pensado seriamente em colocá-lo em uma creche/berçário/escola/whatever.

Eu sempre disse que não faria isso antes que ele falasse para poder me contar tudo que se passasse na escola, mas tenho sentido muitas necessidades em tentar. Digo tentar porque acredito que esse processo pode implicar tentativas e erros, avanços e recuos, então digo que vamos tentar porque podemos a qualquer momento e por diversos motivos querer ou ter que voltar atrás na decisão.

Acho que seria bom por alguns motivos fundamentais como desenvolver a fala. Arthur é esperto. Sentou no tempo esperado; andou com 1 ano e três semanas; sabe onde está a barriga, a cabeça, a orelha e o pé; faz o pintinho amarelinho e o cai-cai balão; vai buscar a bola quando solicitado; traz as coisas para a mamãe ou para quem for; abraça as pessoas e seus bichinhos; imita a Akira (a cadela que convive com ele diariamente) rosnando como ela faz quando quer brincar; joga a bolinha para a Akira; imita o relógio da vovó que é um carrilhão e toca a cada 1/4 de hora; chama vem e dá tchau; aponta e esperneia quando quer algo; pede dá e oferece tó; faz alô com telefones na orelha; manda beijo; bate palma; faz 1; dança; imita o coelhinho; tampa e destampa as coisas; etc, etc, etc, mas chamar mamãe, papai, vovó ou falar qualquer coisa com sentido não. Aliás, só dá e tó.

Além disso, filho e neto único comprometeram algumas coisas. Arthur, por exemplo, não segura a própria mamadeira e é bem preguiçoso de comer as coisas com a própria mão. Mamãe aqui tem culpa, sim, e assumo. Por isso, e antes que seja tarde demais, tenho pensado em colocá-lo na escola. Acho que vai contribuir bastante para desenvolver estas questões citadas, entre outras tantas.

Mas os motivos não param por aí. Para falar a verdade, nem começaram por aí. Para mim, os motivos são mesmo de outra ordem: a das relações pessoais. Odeio depender dos outros, mas sei que em alguns casos e situações é inevitável. Mas odeio ser cobrada por coisas que se dispuseram a fazer por mim.

Explico: desde o começo a avó se dispôs a ficar com o Arthur. Desde o começo ela reforça a ideia de que ele só deve ir para a escola quando já estiver falando. Para acentuar a situação, quando voltei a trabalhar, a bisa do Arthur tinha acabado de falecer e achei que o Arthur seria uma boa companhia apesar de ter relutado um pouco e em diálogo com ela principalmente porque ela tinha ficado com a responsabilidade de cuidar do bisavô do Arthur.

Como eu sei que Arthur é uma alegria para avó e para o bisavô não quis interferir na convivência deles naquele momento tão difícil. Para facilitar, passei a fazer as papas do Arthur e congelá-las, assim a avó teria um trabalho a menos e eu garantiria que ele comesse comida caseira, com pouco sal, etc e tal. 

Mas de um tempo para cá tenho sentido uma certa cobrança da avó por esse favor, que é retribuído com o pagamento de 60% da faxineira semanal que vai na casa dela. Além, obviamente, de tudo que o Arthur necessita: fraldas, leite, vitaminas, frutas, roupa, itens de higiene, banheira, etc e tal. Aliás, não é nem uma cobrança é mesmo como se jogasse na cara pelo favor que faz. E isso me incomoda profundamente. Além de me chatear.

E um jeito que eu vejo de contornar a situação é colocar o Arthur na escola. A princípio - e pensando na avó, que perdeu a mãe a menos de um ano - penso em colocá-lo apenas meio-período, mas ainda preciso analisar. Não só pelo custo, mas principalmente pela logística que vai ser envolvida no processo. Acho inegável os benefícios da escola, mas não posso negar o bem-estar do Arthur em primeiro lugar aliado a um lugar adequado, seguro, acessível em todos os sentidos, etc e tal.

E então, neste momento, me encontro neste dilema pesando entre manter o Arthur na casa da vovó ou mandá-lo para a escola. A tudo isso, soma-se uma questão importante: bebê na escola = bebê doente. Isso é fato. Como o sistema imunológico só se forma aos 2 anos, até lá a incidência de doenças e a chances deles ficarem doentinhos com o convívio com outras crianças é muito maior e como Arthur já tem o problema de baixo-peso e pouco ganho-de-peso levo ainda isso em consideração.

Em fim, esta decisão é um dilema sim. É algo que venho considerando a algum tempo, mas que ainda não conversei com ninguém. Pretendo, hoje, falar com o maridinho para saber o que ele acha. Assim, vou começando a pensar mais seriamente no assunto e considero todas as opiniões e variáveis. Vou formando juízo e quando decidir venho aqui comunicar a decisão.

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