quarta-feira, 6 de junho de 2012

Amar acima de todas as coisas, inclusive na hora de dormir

Criança, na minha opinião, precisa ser amada e amparada. Isto, pra mim, é respeitar e acima de tudo confortar um serzinho que ainda não entende muitas coisas deste mundão e de si mesmo. 

Mas não estou falando em mimar e nem passar a mão na cabeça. Estou falando em atenção e cuidado. Afinal, o bebê e/ou a criança nem sempre sabem comunicar seu desconforto de outra forma que não seja chorando. Deixar uma criança/bebê chorar é como abandoná-lo, negar seu sofrimento e, pior, ignorá-la.

Por isso, nunca deixei o Arthur chorar exaustivamente. Não acho correto deixar uma criança chorando até cansar seja lá qual for o motivo: sono, fome, cansaço, irritação, etc. E isso, para mim, tem haver com amor. 

Mas tenho um marido que não pensa da mesma forma e isso tem haver com a sua criação de pouco amor, carinho, afeto e atenção e, por isso, divergimos tanto na forma de criação do nosso pequeno. E tento, o tempo todo, conciliar nossas visões de mundo o máximo possível. Mas nem sempre eu consigo.

Um dos problemas principais de nossa discórdia, por exemplo, é a hora e a forma de dormir. Desde que nasceu, o Arthur é ninado. Por um bom tempo, ele dormia no peito e depois era colocado na cama e dormia a noite toda ou acordava alguma vezes, era novamente ninado e voltava a dormir. Depois Arthur passou a não mais dormir no peito, se negava, então passou a ser ninado. Isto foi apenas uma fase curta e logo voltou a dormir mamando. Nunca foi um problema para mim e nem para o Arthur e como não atingia diretamente o pai, ele nunca disse nada. Mas em janeiro Arthur foi desmamado e eu comecei a pensar colocar em prática algo que já acreditava: que ele tinha que aprender a dormir sozinho em seu próprio berço. Como o desmame desordenou um pouco o sono dele eu adiei o quanto pude as tentativas de ensiná-lo a dormir no berço, mas eu mesma me dei um basta (da situação e das reclamações e críticas do marido que eram cada vez mais frequentes e enfáticas sobre o fato de niná-lo).

Já era março e Arthur ia fazer 1 ano. Então parei de adiar. E comecei a levá-lo para o berço. Era eu e ele no quarto escuro. E o berço. No começo foi uma luta. Pedia incontáveis vezes para ele deitar porque era hora de dormir. Cantava, fazia cafuné, dava batidinhas no bumbum, embalava quando ele pedia colo. Enfim, fazia de um tudo. Às vezes era muito rápido para ele adormecer, às vezes demorava mais de uma hora. Não tinha regra, não tinha padrão. Cada noite era uma noite.

Algumas vezes, cantar o acalmava. Em outras, cantar o agitava. Mas ele nunca reclamou de ir para o quarto e nem nunca chorou exaustivamente. Se chorava, dava colo, amor, carinho e consolo. Depois de um tempo, é lindo ver como ele se adaptou. Chega até a pedir para ir para o berço. Mas nem sempre a tarefa é fácil. Ainda há dias que ele resiste em ir dormir e em outros é questão de minutos.

E, por um tempo, as críticas maridísticas cessaram. Mas foi por pouco tempo. Como contei aqui outro dia, estava contando com a ajuda dele para colocar Arthur na cama e estava sendo ótimo: tempo para mim e, principalmente, tempo para eles. Mas foi só elogiar. Semana passada, em um dia dele, Arthur estava especialmente difícil. E então ele, que não tem tato e nem paciência, resolveu adotar a tática do: deixa chorar que uma hora ele dorme. Mas eu não aguentei. Ouvir o Arthur chorar desesperadamente era demais para mim. Entrei uma vez no quarto, dei algumas dicas, e saí. Fui lavar a louça e a criança continuava chorando copiosamente. Passaram-se 10 minutos, 12, 15, sei lá direito quantos. Mas assim que terminei a tarefa, me intrometi.

Entrei de novo no quarto e disse que se fosse para fazer daquele jeito eu dispensava a ajuda. Que daquele jeito não dava. Ele se doeu (porque claro que como ser humano não gosta de ser criticado) e saiu. Peguei Arthur no colo, limpei suas lágrimas, o acalmei e o aconcheguei. E não deu 10 minutos e ele estava dormindo.

Saí do quarto muito brava, finalizei algumas coisas e fui deitar. Muito calmamente disse apenas que daquele jeito não era certo e ele, cheio de sua razão, me disse que o Arthur era muito mimado e mal acostumado. Eu não retruquei e nem comprei a briga, simplesmente fui deitar.

Para mim é inconcebível deixá-lo chorando para dormir. Para mim é inadmissível fazer isso com ele. Não nego que seria excelente colocá-lo na cama, dar boa noite e sair sabendo que ele vai adormecer e acordar somente no dia seguinte, mas essa não é a realidade.

Ao longo destes meses, deixe de cantar porque não é mais necessário. Deixei de ninar porque não é mais necessário. Deixei de dar tapinhas no bumbum porque não é mais necessário. Não preciso mais pedir mil vezes para ele deitar que é hora de dormir. Ele já sabe quando é a hora de dormir ao começarmos o ritual de trocar a fralda e colocar o pijama. Então, precisa só de um cafuné. Nem mais colo para acalmar ele quer. Assim que vai para o berço se recusa a ir para o colo e isso, pra mim, já é um grande avanço. Ele ama o berço dele e eu comemoro a conquista apesar de ficar muito chateada ao ver mais uma vez que o pai não tem a paciência e nem o tato necessário para tal e, pior, acredita piamente que deixar o Arthur chorando vai resolver as manhas dele.

Me entristeço, mas não desisto. Um dia ainda mostro para ele que tudo a gente conquista com jeito, tempo e, acima de todas as coisas, amor.

4 comentários:

  1. Menina, penso igual! Arrasou no post. Essa coisa de deixar chorar exaustivamente e esses conceitos de que é mimado porque recebe muito afeto são absurdos. Não conheço ninguém de 25 anos que durma ninado pela mãe ou que precise, pro resto da vida, de tapinhas no bumbum pra dormir. Se são pequenos e precisam disso, que sejam atendidos! Nunca mais passarão por isso! Mais uma vez, arrasou!
    Bj

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  2. Oi Thais, obrigada pelo elogio. Vindo de você juro que fico lisongeada. Mas é isso aí: amor demais não mima filho nenhum, o que mima são outras coisas e estas, certamente, nada tem haver com amor demais. Mais uma vez obrigada pelo elogio e seja bem vinda ao Meu Mundo de Mãe!
    beijos

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  3. Oi mamães, sou mãe de gêmeas e elas estão com 9 meses, passo tudo isso em dose dupla e a ÚNICA vez que deixei uma delas alguns minutos chorando por estar exausta demais para atendê-la prontamente me senti o ser humano mais fraco, egoísta e inútil do mundo, mas aprendemos principalmente comos erros e hoje não tem cansaço, problema ou palpite que me impeçam de dar a elas todo o carinho e cuidado que elas merecem, o que não significa, como bem colocado pela Didi mimar ou passar a mão na cabeça, sei ser firme sem ser ignorante, sei chamar a atenção sem magoar e principalmente sei demonstrar meu GRAAAANDE amor por elas que apesar de serem gêmeas têm suas necessidades particulares. Obrigada, foi muito bom ler seu post pois só vem ratificar que estou no caminho certo e que o AMOR é o melhor caminho. Hoje elas são minha PRIORIDADE MÁXIMA e não meço esforços para atendê-las em suas necessidades. Bjus!

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    1. Faby, imagino que seu trabalho deva ser mais que dobrado com duas bebês, mas defendo veementemente que o amor é a única solução para criarmos filhos felizes, saudáveis e plenos. Tenho convicção de que um dia isso valerá a pena. beijos e boa sorte com suas meninas.

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