segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Um domingo difícil

Há muito tempo que Arthur não me dava trabalho. É bem verdade que fazia muito tempo que não impunha a ele o meu horário. Lá em casa, os horários são todos calculados com as necessidades dele, então os horários das refeições e da soneca são sagrados. O de dormir ainda varia, mas não pode ir muito além do habitual.

Então eu tinha um almoço. Queria ir. Acordei com ele eram quase 9h. Ele acordou serelepe depois de uma boa noite de sono, levantou e só depois que já estava na sala pediu mamadeira - antes pediu até para trocar a fralda que tinha 'xixizão'.

De bom humor trocou a fralda sem milindres, voltou para a sala e já pegou a mamadeira para me entregar e depois correu para o sofá. Vou dar conta, pensei. Fui para a cozinha e fiz o almoço dele, já que sem comer eu não arriscaria. Lá pelas 10 e tanta começou a pedir tetê e bolacha, neguei. Ele viu que o almoço estava quase pronto e perguntou se era o papá do Arthur. Às 11h ofereci o almoço e ele aceitou prontamente. Vai ser fácil, imaginei. E começamos a batalha pelo almoço: 45 minutos depois eu já tinha desistido e ele queria tudo, menos comer. Comeu menos da metade e começou a relutar a tomar banho, a me obedecer, a juntar os brinquedos, a colaborar. E passou a brigar comigo, me bater, espernear e gritar. Dei bronca, refreei seus impulsos e ele chorava. Pediu a chupeta, encontrou sozinho, pôs na boca e pediu 'cóio'. Se acalmou e dormiu em questão de minutos.

Eu, cansada, desisti. Coloquei ele na cama, mandei uma mensagem que não ia mais, deitei ao lado dele e dormi rendida à minha frustração de mãe e de mulher. Ele não demorou muito para acordar e levantou perguntando se o pai já havia chegado. Minha resposta foi que não e ele reiterou minha resposta e pediu a mamadeira. Tomou e levantou e ficamos indo e vindo até que sugeri um banho para passearmos - já que o compromisso não tinha dado certo, iria pelo menos passear na rua. Ele disse banho não uma mil vezes enquanto eu afirmava categoricamente que sem banho não tinha passeio. Fomos para o banho e saímos com tranquilidade. Troquei ele sem ter que lutar por isso como habitualmente e me iludi achando que então, finalmente, daria certo. Mas tive que brigar com ele por 45 minutos para que ele se calçasse. E eu já estava quase desistindo quando ele se rendeu e me deixou colocar o tênis. Até que no carro ele começou a dar piti e eu desisti completamente de sair e perder o que talvez eu ainda tinha de sanidade mental naquele momento. Peguei ele na marra, tirei do carro e disse: Hoje você está demais, não vai mais ter passeio. Ele chorou, chorou, chorou até que se conformou e foi brincar em casa mesmo apesar do sol e do calor que fazia lá fora.

Marido chegou, tomou banho e ele tentou convencer o pai de levá-lo para passear. Mas sei lá porque começou a bater no pai, não pediu desculpas e mais uma vez perdeu a chance de sair. Fiquei com ele na sala e o marido no quarto e ele tinha parecido se acalmar.

No final do dia resolvi ir ao mercado comprar uma carne para o jantar dele e o convidei. Ele trocou o 'xixizão' na boa, mas deu escândalo mais uma vez para se calçar, eu avisei que ele iria ficar em casa e saí, deixando o com o marido. 10 minutos depois, quando voltei, ele ainda chorava em casa. Quando cheguei ele se acalmou e ficou brincando enquanto eu terminava o jantar. A irmã chegou e então fui desabafar e chorei. Ainda tomei uma bronca do marido, mas tinha sido tudo tão difícil até ali que sequer briguei. A irmã foi embora e eu fiquei ali mesmo na cozinha lavando a louça e terminando o jantar aos prantos. Arthur ficava me perguntando 'o que foi?' E quando parei de chorar perguntou 'passou?' Depois, pediu bolacha, levou um não, chorou mais uns minutos, mas se alegrou quando coloquei a comida no prato. Jantou tudo. Brincou até o seu horário habitual, pediu a mamadeira, me deixou colocar o pijama e foi para a cama sob os protestos rotineiros, no entanto, calmo. Chegou ao berço, pediu historinhas que foram negadas depois deste dia tão difícil. Ele chorou um pouco, se acalmou sozinho consolado, deitou e dormiu.

Saí do quarto, me troquei, deitei e chorei até não sei que horas, quando finalmente consegui dormir. 

2 comentários:

  1. Ai Didi, eu confesso que achei que aqui o pior já tinha passado mas recentemente vira e mexe os dias são assim também. Acabei de voltar da casa dos meus sogros exausta de tanto drama, tanta choradeira...
    Um beijo para vocês

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    1. Nivs, realmente acho que a pior fase do Arthur já passou. Fazia MUITO tempo mesmo que ele não ficava assim difícil, mas esse domingo foi realmente cruel. Arthur é/anda super manhoso também. Tudo é um motivo para chorar: trocar a fralda, vestir uma blusa, colocar um sapato, mas eu sempre acabo conseguindo contornar (e para tanto, haja imaginação), mas juro que domingo eu não conseguia contornar com nada e é totalmente frustrante.
      Tem dias que a gente consegue relevar e levar na boa porque a gente sabe que essa fase é de testar limites mesmo e tudo, mas tem dias que a gente também não está em nossos melhores dias, aí juntando tudo é uma verdadeira bomba caseira (risos).
      Mas temos sorte por um lado: pelo menos, eles são homens e não vamos ter que lidar com a TPM deles na adolescência. risos.
      Boa sorte para nós! beijos

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