quinta-feira, 24 de julho de 2014

A viagem a trabalho e a apunhalada no coração

Eu já me acostumei a viajar a trabalho e deixá-lo. Eu já (quase) nem ligo mais e (quase) não choro. Mas geralmente viajo durante a semana, quando nosso tempo junto já é mesmo menor que aos finais de semana.

Ele já (quase) nem liga quando vou viajar e (quase) comemora porque vai dormir na casa da vovó (na verdade, ele comemora que vai dormir e depois lamenta que eu vou viajar, mas vai feliz). Mas ele está de férias da escola ficando todos os dias com a vovó. Para acabar de completar, a semana que antecedeu a viagem foi CHEIA de trabalho e fui pegá-lo tarde (quase) todo dia. Além disso, prometeram levá-lo para a praia nas férias e não cumpriram e ele está até doente de vontade de ir viajar.

Por último (mas não menos importante) vem a facada: Quando contei que ia viajar (o que sempre faço com uma certa antecedência) ele (que está com vontade de viajar) me pediu para ir junto. Desta vez, minha viagem foi marcada para domingo e o último voo era simplesmente às 15h30 e eu, com um monte de bagagem, tendo que chegar no aeroporto com muito tempo de antecedência. Some tudo e você vai entender o que passei neste domingo.

Quando logo de manhã ele acordou e me disse que a gente tinha esquecido de ir na pracinha no dia anterior (ele dormiu na volta do cabeleireiro no final da tarde e foi até o dia seguinte direto) eu comecei meu dia da pior maneira que aquele domingo podia começar.

Eu não pensei, óbvio, nem meia vez. Larguei tudo como estava e saímos para brincar na pracinha. Como era de manhã e tem o horário do almoço dele e eu tinha horário para embarcar, combinei que podíamos ficar um hora na pracinha e ele achou ok. Brincamos muito. O observei (cheia de orgulho) dividir brinquedos com os amigos da pracinha e ser uma criança super feliz, obediente, descontraída e despojada. Olhei, amei mais que nunca e me entristeci por não poder passar o resto daquele domingo com ele. 

Pouco antes de dar a uma hora combinada, ele pediu um suco e nos dirigimos à padaria do outro lado da rua. Quando paramos na banca para eu comprar uma revista para o avião, ele pediu uma bugiganga, mas eu disse não. Ele insistiu, reclamou, mas conversamos e saímos de lá rindo direto para casa como ele me pediu, deixando até mesmo o suco na padaria de lado. Fomos para casa, ele almoçou e ficou brincando enquanto eu terminava de arrumar as coisas. Saímos e ele me acompanhou até o aeroporto, onde chegou dormindo e nem nos despedimos.

Se isso não é uma apunhalada no coração de uma mãe, eu não sei o que mais pode ser.

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