quinta-feira, 21 de maio de 2015

Carta ao longe

Arthur,

Hoje estou longe de você e assim estarei por uma semana. Desde que me separei de seu pai tenho passado por muitas transformações na vida. Há algum tempo, decidi que viajaria sozinha pela primeira vez. Não sei ao certo se foi falta de companhia, mas a verdade é que pouco busquei por alguém que topasse fazer esta viagem comigo. Essa é, certamente, a maior transformação de todas.
Quando me casei pensei que teria uma companhia para todos os momentos e, por um tempo, realmente tive. No entanto, as coisas mudaram e, entre outras coisas, fui perdendo a companhia dele e passei a frequentar os lugares somente com você - o que nem sempre era fácil ou agradável, já que você é bastante espoleta e pouco para quieto - requerendo tanta atenção que impede todo e qualquer divertimento do seu responsável.
O fim era certo e foi inevitável. É assim foi. Passado algum tempo eu já me acostumei a estar sozinha e a frequentar os lugares apenas com sua cia. Você, já faz um tempo, é meu grande companheiro em todo e qualquer evento. Apenas em grandes eventos ou para trabalhar você não está comigo.
No ano passado, eu e seu pai tiramos uma semana de férias sem você. Foi bom. Este descanso de você é sempre vigorante e importante. Este ano, resolvi manter minha semana de férias de você - o que implicou em uma semana sozinha. Esta é a sua segunda semana no ano sem minha presença, já que viajei a trabalho por uma semana em março. No entanto, aquela minha semana sem você foi uma semana cheia de tristeza e trabalho. Resolvi, então, manter minha semana de férias de você - que com minha dedicação única e exclusiva à você se tornou ainda mais importante e necessário para mim.
Minha coragem em partir sozinha pela primeira vez, para uma grande cidade, em outro país surgiu nem sei de onde. Mas o importante é que ela existiu e está presente na minha vida há alguns meses. Gostaria que você tomasse isso como exemplo em sua vida. Aqui, de longe, Desejo que tenha coragem de realizar suas vontades e seguir seu coração, como fiz ao embarcar na noite de ontem. Desejo que você seja capaz de embarcar em aviões, nas suas vontades e nos seus desejos se eles foram bons e necessários para você e seu crescimento pessoal. Desejo também que você possa ser independente, autossuficiente e feliz em suas escolhas. Que você não dependa de ninguém para viajar, para acreditar e para ser feliz.
Desejo, aqui do fundo do meu coração, que você possa sempre seguir os melhores passos que dou porque com ou sem você ao meu lado, não importa, eles são dados cheios de amor e esperança de que você possa aprender com os erros e acertos deste caminho!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Por aqui tudo na Santa Paz, embora na correria de trabalho e da vida comum do dia a dia. Arthur melhorou muito seu comportamento. Parece outro menino. Mas tem dias que, claro, se comporta como uma criança birrenta e dá um trabalho danado.

Este final de semana foi um destes. Fez birra por tudo e para tudo. Foi melhorar no final do domingo - o que já é um avanço visto que era dia das mães e eu queria era comemorar com ele e não brigar. Como disse, no cômputo final ficamos bem.

Os dias tem passado depressa e já faz um mês que o pai dele não aparece e não manda notícias. Não liga, não pergunta, não se interessa e não aparece. Eu, que por um tempo resolvi fazer o papel da interventora e levar o menino lá, de repente, só para eles poderem ter algum contato, desisti depois que fui destratada ao levar os convites do aniversário e avisei: é a última vez que trago ele aqui. Avisei também à criança que, embora não entenda a complexidade de nossa relação e dos problemas que nos cercam, precisa saber que a mãe não fará mais o papel da motorista e da interventora da relação. Ele chorou, resmungou, mas ao que parece entendeu e leva melhor a situação do que eu, que ainda sofro com isto regularmente. Ele sequer fala do pai, não pergunta e nem reclama de saudades. Fala mais dos primos do que do pai.

Ele continua insistindo que quer a família dele de volta, mas em nenhum momento cita ou questiona sobre o filho como se a família dele fosse apenas eu. A relação que ele quer reatar é comigo e em nenhuma tentativa colocou o filho em primeiro lugar. Eu sigo tranquila e leve, certa do que fiz. Aliás, cada vez mais certa.

Semana que vem estou em férias. Dividi, desta vez, em dois períodos assim em julho poderei ficar com ele e fazer programas exclusivamente com ele. Nesta primeira quinzena, as férias são minhas. Vou curtir, descansar e pensar na vida. Me conhecer e reconhecer meus gostos, preferências e viver. Tanto que vou viajar, pela primeira vez na vida, sozinha. As pessoas não costumam acreditar muito que vou sozinha-sozinha e a pergunta mais comum é: você vai sozinha? Sozinha mesmo? Inacreditável essa coisa de não acharem que uma mulher pode ser independente assim. Quando separei, tive que responder dezenas de vezes que não tinha ninguém na parada que eu só não queria mais por N motivos. Agora, com a viagem, a pergunta se repete. Acho mesmo engraçado a situação, mas sigo meu caminho rindo da incapacidade de os outros entenderem que eu posso sim ser feliz sozinha. Que eu não preciso de alguém para ter coragem de terminar um relacionamento ou para embarcar em um avião. Quero, acima de tudo, que isto sirva de exemplo pro Arthur. Que ele possa se bastar e se completar, sempre. Que possa se conhecer e fazer o que tiver vontade na vida, sem depender de ninguém. Afinal, se eu dependesse dos outros para fazer qualquer coisa na vida, não fazia nada.

Mas isso é assunto mais de terapia do que de post. Aqui, seguimos a nossa terapia interna de reflexão e tentativa-e-erro e vamos errando e acertando os passos na nossa dança da vida.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Ele já fez 4

Ando sumida, eu sei. Verdade seja dita: estou com muitas coisas na cabeça e tocando uma vida sozinha com ele. Isso complica bastante a situação. Depois, tem o fato de que meus assuntos são apenas a separação, o divórcio, as brigas e tudo que anda acontecendo, mas não acho o tom para tratar disso aqui, então vou deixando de lado. Antes, eu estava lotada de trabalho. Fiquei uma semana fora de SP, sem meu filho, bem na semana do aniversário dele. Então, pior ainda.

Talvez até tenha assuntos, mas falta tempo, falta achar o tom, falta coragem de encarar outras coisas e vou deixando.

Mas ele já fez 4. Eu estava fora de SP. Falei com ele logo cedo. Chorei horrores antes de viajar, alguns dias antes, e chorei horrores no dia do aniversário dele. Já sabia que seria assim. Mas ele levou numa boa - ao que parece. Não questionou minha falta especificamente, somente a minha demora em voltar (realmente foram mais dias que normalmente eu viajo).

Eu voltei e achei que encontrei um menino diferente. Aos 4. Mais crescido, mais falante, mais articulado, mais mais. Não sei se foi impressão minha, coisa de mãe coruja, saudades ou se é fato. Só sei que nos dias da volta achei ele diferente.

Ele continua pitizento, manhoso, difícil de lidar em algumas situações, mas ando incrivelmente paciente. E tentando levar como dá. Nos dias em que ele está bem, tudo é muito maravilhoso. Nos dias em que ele fica difícil, tudo é muito cansativo. A média está em 50/50. Nem tão maravilhoso como eu queria e nem tão difícil quanto já foi. Mas ainda tem dias que eu prefiro evitar e fugir, aí faço um caminho comprido na volta para casa, invento mil programas para ele se cansar e dormir cedo, entrego o tablet na mão dele e deixo a vida seguir num ritmo mais ameno para mim. Porque ainda tem dias que não dá. E podem julgar e culpar. O calo aperta lá em casa e eu resolvo como consigo.

Sábado festejaremos seus 4 anos. Apesar de já ter passado faz tempo. Mas eu estava fora, depois veio o feriado e eu decidi por esta data para que os amigos da escola estivessem também. Vamos comemorar. Celebrar. No ritmo dos super heróis porque como dizem as mães da turma dele, eu tenho me saído uma verdadeira mulher maravilha na arte de lidar com tudo sozinha. Não sou super heroína, mas certamente tenho feito muito mais do que imaginei conseguir.

Que venha a festa, que venham os amigos, que venha a vida para celebrar. Depois, volto aqui para falar das coisas que não andamos comemorando at all.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dia da tristeza

Tem dias que bate uma tristeza danada. Pode ser um dia lindo de sol como o de hoje, mas o vazio do peito é maior e torna tudo cinza, feio e frio.

Estou em um dia cinza. O dia da tristeza. O dia (raro) que me culpo por tudo e por todos. O dia que eu canso de tudo e não quero nada além de navegar no Pinterest e ficar vendo coisas bonitas para ver se consigo colorir um pouco a alma. O dia em que aquela música me faz chorar e olhar tudo de outro jeito, sob outras perspectivas.

Hoje é o dia que eu devia escrever aquela carta sincera e escrever tudo que realmente penso e sinto. É hoje o dia que eu tenho vontade de ir para casa e não ter responsabilidade nenhuma no trabalho, obrigação nenhuma, tarefa nenhuma, chefe nenhum, colega nenhum.

Hoje é o dia cinza que eu não queria ver meu filho chorar, sofrer e pensar que ele deve estar sentindo uma falta tremenda do pai, que não liga, não vê, não aparece e não quer nem saber. Hoje é o dia cinza que tento, ligo, insisto e mostro (em vão) que ele tem obrigação, responsabilidade e dever de pai, mesmo já tendo tentado e quebrado a cara tantas vezes e tendo prometido que não ia mais tentar porque é sim em vão.

Hoje é meu dia cinza para sofrer pela viagem que virá e vai me afastar por 8 dias seguidos do meu filho, na semana e no dia do seu aniversário. É o dia em que eu já estou desesperada com o prazo que expira e a quantidade de trabalho que se acumula e eu me desespero achando que não vai dar.

Hoje é o dia cinza que vou somar todas as dores de 32 anos e vou querer chorar e morrer um pouco ou que eu desejo ser outro alguém com outras dores e outros amores, que não esses que hoje me tornam assim tão triste e apagada.

Hoje vou viver meu dia triste para quem sabe amanhã, ao amanhecer, ele se torne mais colorido.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Uma manhã na praça e o show de horror

Uma vez já escrevi aqui sobre o quão antropofágico pode ser a experiência em parquinhos e pracinhas com os filhos. Se você estiver disposta a olhar em volta e analisar é surreal o que podemos ver.

Neste final de semana não foi diferente. Com um bloco de carnaval próximo a uma praça que costumamos frequentar, resolvi unir o útil ao agradável. A ideia, claro, era ir ao bloco, mas desta vez o Arthur não se animou muito e preferiu ir à pracinha. Pois bem, lá fomos nós.

Como era de se esperar, a praça estava bem mais cheia que o normal e a experiência foi bastante ruim. Achei triste ver o quanto ainda tem gente que educa gente da forma errada: ensinando a bater ou ignorando a violência, não ensinando a respeitar, não ensinando a cuidar do local em que está.

No final de semana, o que vi foram crianças mal-educadas e pais idem que ora ignoram a deseducação dos filhos ora estimulam comportamentos que deveríamos banir.

Primeiro foi a cena em que um menino, do alto da casinha de madeira do escorregador e que é bastante alta, começa a bater em outro. A mãe do que bate nem o repreende e fica, de baixo, apenas olhando. Já a mãe do que apanha incentiva seu filho a revidar. Fiquei simplesmente chocada. Uma porque se omite, a outra porque incentiva a violência. Vendo um bater e outro apanhar, um terceiro se junta e começa a bater também. E mais uma mãe se omite e finge que não está vendo nada enquanto a mãe do que apanha incentiva ainda mais que o filho revide. Fiquei olhando estarrecida. A cena durou pouco tempo, no entanto, o primeiro que batia seguiu muito tempo batendo em outras crianças que subiam na casinha para escorregar. Os outros saíram, mas a cena se repetia com toda e qualquer criança que subisse. Um verdadeiro show de horror.

Depois, diversas crianças queriam furar a fila para subir na casinha e escorregar e muitos pais e mães ajudavam a eles furar a fila. Eu, muito da sem papas-na-língua, fui a primeira a dizer a filhos e pais que havia fila e que a criança devia seguir para o final. Quem sabe assim educamos pais e filhos de uma vez só, não é mesmo? 

Esse era o objetivo: choque-de-realidade e de educação a quem não quer ter e prefere não só ser sem educação, mas insiste em permitir que crianças repitam e perpetuem esse comportamento. Simplesmente inaceitável e inacreditável que isso aconteça em plena luz do dia, em um local familiar, com crianças por perto e em pleno século XXI. Ah, e isso não foi nem perto da periferia onde costumam dizer que as pessoas não tem educação. Não, bairro nobre da cidade de São Paulo. Depois acham que sem educação é quem é pobre. Honestamente, foi decepcionante vivenciar esta experiência.

Enquanto eu via e analisava tudo isso, muito provavelmente meu filho nem entendia a dimensão de tudo. No entanto, respeitou as filas; apanhou, chorou sem revidar e saiu de perto; brincou e se divertiu como sempre fazemos e ainda esteve na companhia de alguns amigos da escola. Sigo firme nos propósitos de ensiná-lo a ser sempre melhor: a não bater e nem mesmo revidar quando apanha (mas chamar algum adulto para que resolva a situação), não furar filas e respeitar a vez de cada um, brincar e se divertir porque é isso que importa. E seguimos juntos tentando ensinar essa missão na vida, que nem sempre é fácil, convenhamos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ocupando o espaço público

Brincando no bloco de carnaval que passou perto de casa
Gostamos muito de ir à pracinha. Costumamos, com frequência, ocupar o espaço público e fazer um bom uso dele. Eu quero, assim, mostrar a ele que a rua é também a nossa casa. Que a praça, a praia e os parques são lugares que devemos frequentar, cuidar e respeitar porque é nosso, mas é também das outras pessoas.

Ele provavelmente não entende toda essa dimensão de nossa ida à praças e parques, mas certamente já entende que deve respeitar a vez do outro, que não pode jogar lixo no chão e que não se pode destruir nada que está lá, afinal ele vai usar e outras pessoas também.

Geralmente, ele já se zanga (e ainda por cima recolhe) quando encontra lixo deixado por outras pessoas. 

Com o carnaval e a proliferação dos blocos em São Paulo, resolvi levá-lo também aos blocos de carnaval que tem acontecido nas proximidades de casa. Para mim, foi mais uma maneira de mostrá-lo que podemos e devemos ocupar os espaços públicos. Que a rua é de todos e que devemos sim sair para a rua e ocupá-la. Ele tem aproveitado, curtido e vivido tudo isto.

Na semana retrasada, quando fomos ao primeiro bloco, ele adorou. Foi centro das atenções e pôde, além de ocupar o espaço, compartilhar da gentileza das pessoas e crianças que estavam brincando no mesmo bloco. Recebeu confete e serpentina por onde passou, brincou com outras crianças e muitas adultos também fizeram questão de brincar com ele, que se divertiu sendo o Homem de Ferro que derrubava todos pelo caminho. Assim, fica até fácil mostrar a ele como a vida pode ser bacana quando todos tem um mesmo propósito ao ocupar o espaço público, mas nem sempre é assim. No último final de semana, por exemplo, tivemos muitos problemas ao repetir a experiência em um bloco destinado ao público infantil (mas esse post vem amanhã porque hoje eu quero falar apenas da boa experiência), mas assim também aprendemos a conviver com quem ainda não sabe respeitar o próximo e aprendemos com todas as situações que existem nesta vida.

Educar e fazer um mundo diferente, para mim, passa por estas pequenas coisas que, invariavelmente, vão um dia refletir na vida dele. E que assim seja. Pouco a pouco. Com pequenos gestos e coisas simples para fazer do futuro um lugar melhor, mais amável, com mais respeito por si, pelo outro e pelo mundo no qual vivemos. E que assim seja.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Volta às aulas (e eu querendo a minha rotina de volta também!)

Não sei se ele estava mais ansioso do que eu para conhecer a professora nova, mas sei que saiu todo alegre e feliz para o primeiro dia de aula.

Eu, sábado, já tinha conhecido as novas professoras na reunião escolar, mas sabia quanta expectativa ele estava nutrindo por este dia. Há duas semanas, de tanto ele me pedir para ir à escola e perguntar se as férias dele e dos amigos já tinha acabado, o levei para passar um dia no curso de férias. A ideia era retornar também na semana passada, mas aí ele ficou com um mega resfriado e com febre a semana quase inteira (foi melhorar só na sexta-feira) e a volta às aulas ficaram condicionadas mesmo para hoje.

Ele, claro, deu seu piti habitual para sair da cama, me obedecer e se deixar vestir. Mas depois acabou cedendo, se levantando e até me ajudando. A alegria era tanta que ele vestiu a lancheira nas costas e queria ainda puxar a mala, mas a mãe exagerou na lancheira (sério, mandei: danone, duas bananas, duas bisnaguinhas com requeijão, cereais, gelatina e suco) e estava tão pesada que ele reclamou e pendurou na mochila para sair carregando as duas.

Eu fiquei feliz de vê-lo tão contente de ir para a escola seja para "estudar" seja para rever os amigos. Feliz e com um sentimento de que acertei a mão. Lembro que o um ano e meio que ele ficou na outra escola ele nunca teve este sentimento de pertencimento e de querer ir, de querer estar lá; coisa que acontece bastante com essa escola, que ele está desde o ano passado. Eu, na verdade, fico feliz porque sempre "namorei" aquela escola e vejo nas propostas deles coisas que me encantam muito para além da educação infantil, mas para propostas concretas de pensar e agir democrático. Eu quero sim tirá-lo de lá na época da alfabetização e passá-lo para uma escola grande de verdade para que ele aprenda a se virar, mas juro que tenho repensado cada vez mais esta intenção.

Agora, com a volta às aulas eu também espero conseguir retomar a minha rotina, que está perdida desde a separação em outubro. Primeiro foram algumas semanas fora de casa, que desajustaram tudo. Depois, foi a retomada de tudo definitivamente meu, o que me fez ficar bastante desnorteada e sem conseguir me acertar com a hora, principalmente com a rotina noturna, a hora de dormir e de dar conta de tudo. Mas, afinal, era novembro, as férias logo viriam e tudo ia mesmo sair da rotina, então, deixei.

As férias me mostraram que meu filho tem infinitamente mais pique do que eu: acordava cedo, brincava o dia inteiro sem o cochilo diário e ainda ia dormir tão tarde quanto eu. Ou seja, sem hora para dormir e assim foram-se dois meses de férias. Estamos indo dormir todos os dias perto das 23h, o que me deixa cansada, irritada e sem conseguir dar conta de tudo e menos ainda de mim. Ele me esgota, me cansa, me irrita. Resultado: vamos os dois dormir na minha cama e eu invariavelmente acabo dormindo antes que ele, que ainda tem pique para pedir mil desenhos e fazer mais duas mil brincadeiras. Com a volta às aulas, eu quero retomar a vida de conseguir voltar para casa logo já que nas férias, como ele ficava na casa da avó e eu só conseguia sair de lá com ele amigavelmente perto das 20h eu não conseguia colocar ele na cama no horário normal, pois ele tinha muitas vezes acabado de acordar da soneca que ia até 18h ou 19h. Quero, a partir de hoje, colocar as coisas em ordem, fazer ele ir para a cama dele no horário convencional das 20h45 e, claro, ter pelo menos meia hora do dia para mim.

Vamos, com calma e aos poucos, voltando à rotina. Ele já voltou às aulas, agora falta ajustarmos a rotina e retomarmos mais um ano com muitas atividades - tanto para mim quanto para ele.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dilemas materno-trabalhistas

Porque quando falaram em realizar o Congresso no mês de março eu logo avisei: que não seja na semana do dia 24 que é aniversario do meu filho. Melhor teria sido se eu tivesse sugerido a data do dia 24. 

Assim vai ser. O aniversário de 4 anos dele eu vou passar longe, em outro estado, trabalhando muito. Longe por cerca de uma semana! De arrasar qualquer coração de mãe. De revoltar qualquer um que trabalhe mesmo gostando do que faz e mais ainda quando se está em estado de descontentamento profissional.

Eu tentei muito mudar de emprego e não ter que encarar a situação, mas esta alternativa foge do meu controle. Na atual situação financeira eu não posso me negar a ir. São 5 anos e meio de empresa, um conhecimento acumulado razoável, bastante experiência e muitas obrigações. Simplesmente não dá para reverter o quadro.

As reuniões preparatórias estão sendo constantes. Nelas, eu aproveito para avisar que dia 24 não vai ser fácil para mim. Para que me tolerem e respeitem naquele dia. Eu torço para que dê tudo certo. E para que ele possa curtir o dia com um parabéns na escola bem animado e contente já que nem um beijo eu vou poder dar e ainda nem sei ao certo como vamos comemorar depois já que a grana está curta e as datas enroladas, já que na semana seguinte é feriado e depois talvez fique longe demais. Antes já estarei viajando e não sei mais o que fazer. 

O fato é que ele pede a festa dele e já diz quem quer convidar. Só falta a mãe decidir e ficar em paz consigo mesmo para resolver e colocar tudo em ordem. Afinal, um dilema como esse merecia anos de terapia para ser resolvido!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Das tagarelices fofas ou Que vontade de morder!

Ele anda falando coisas que até Deus duvida. Desde expressões que os adultos que o cercam falam com frequência até coisas fofas. Nos últimos dias fui atacada por frases meigas e fofurices. Olha só:

Ontem

- Mãe, vem aqui no rasinho!
- Para quê, Arthur?
- Para eu te fazer um carinho.
E ficou fazendo carinho, dando abraço e beijinhos na parte rasa da piscina.

No sábado

Enquanto ele estava deitado no meu colo, recebendo cafuné e assistindo um desenho antes de dormir.
- Mãe, eu te amo.
CATAPLOFT!

Sexta-feira

- Mãe, se a gente sonhar mil vezes com a Akira ela vai voltar?
- Não filho. A Akira não vai voltar. (ela morreu em outubro)
- Hunf!
E se encolhe na cadeirinha do carro e faz cara de quem vai chorar.
- Que foi, filho?
- Eu estou com saudades da Akira.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Aprendiz de peixe

O ano passado, nas festas de final de ano, Arthur entrou em uma piscina funda (mesmo com vários adultos em volta) e acabou se afogando.

Eu, naquela altura, já estava com vontade de colocá-lo na natação e então na volta das férias procurei uma escola de natação e o matriculei. No entanto, o pequeno afogamento causou trauma no pequeno, que depois do fato passou a perguntar frequentemente se a piscina era fundona ou rasinha. Ele, então, só sentia à vontade nas piscinas rasas.

Na praia, a piscina infantil é bem rasa mesmo, tem apenas 35 centímetros. O que é ótimo para você largar o filho sem se preocupar muito enquanto ele se refresca e se diverte em total segurança. Eis que toda e qualquer piscina funda ou mar era motivo de rejeição dele.

A natação virou tortura, pois a piscina funda metia medo e uma insegurança total. As poucas aulas que ele frequentou foram de total desespero para ele, dentro da água, e para mim, fora da água. Então, uma doença atrás da outra me fez cancelar e desistir da natação.

Este ano, ele deixou o medo de lado para brincar com as crianças que, na idade dele, brincavam na piscina funda na praia. Ele, então, aceitou usar as boias de braço, que antes tanto o metiam medo e insegurança e resolveu encarar a piscina funda. Afinal, melhor encarar o medo do que brincar sozinho.

Agora, ao que parece, ele perdeu o medo (embora entendesse que é preciso ter um adulto próximo e usar as boias para não se afogar). E, inclusive, tem se desafiado a ir além. Na piscina rasa do prédio em que moramos ele tem, inclusive, treinado uns mergulhos por livre e espontânea vontade. Tampa o nariz e se enfia embaixo da água. Uma graça de se ver. O fato gera, ao mesmo tempo, alívio e preocupação. Alívio porque ter filho traumatizado ninguém merece, mas preocupação porque agora ele pode achar que não ter medo significa poder encarar a água sem preocupação.

E, com a evolução dele, percebo que nem tudo é tão eterno para ele. Nem todo acidente e/ou "susto" vão provocar danos irreparáveis. Enquanto meu aprendiz de peixe se aventura na água e desafia os próprios limites, eu fico impressionada na capacidade dele em superar e me surpreender cada vez mais.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Das resoluções passadas e das novas

O ano passado eu escrevi aqui algumas resoluções para o ano que se iniciava. Hoje, olhando para elas, vi que mudei o percurso ao longo do trajeto e por muitos e diversos motivos.

Algumas coisas consegui cumprir, mas outras fiz questão de abandonar e outros tantos não consegui mesmo cumprir.

2014 foi não só o ano da minha separação, mas um ano difícil para caramba em todos os aspectos que uma vida de mãe pode ter. O trabalho estava ruim, o amor estava ruim, meu filho ficou doente para caramba. Teve dia de eu achar que nada definitivamente ia bem. Na verdade, 2013 já tinha acabado bem ruim, o que só contribuiu para 2014 ser um desastre total.

No entanto, 2015 começou bem. Comigo mais decidida, mais calma e com um montão de coisa mais resolvida. Só por isso, não tenho mais tantos desejos para 2015.

Quero viajar sozinha e com meu filho, quero um emprego novo (que ainda não consegui), quero estar mais próxima dos meus amigos, ler mais e fazer mais coisas que eu gosto assim como eu quis para 2014. No entanto, outras coisas não estão mais nos planos e não tenho pretensão de colocar nada no lugar. Quero um ano de paz. Já sei que vai ser um ano de MUITO trabalho, então (por enquanto) estou focada. Para este mês, quero focar na saúde e marcar diversos médicos. Por enquanto, esta é a meta. E que venha uma meta por mês.

Feliz 2015 e um ano de muitas coisas boas para todos!

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Pedido de Natal (1)

Por algum tempo ele pedia cada hora uma coisa de Natal. Mas, então, chegou o Dia das Crianças e ele ganhou um monte de brinquedo. Não ganhou uma espada, como ele tem pedido há algum tempo, mas que eu insisto em não querer dar e não deixar os outros darem. Mas ganhou um jogo que estava pedindo faz tempo, ganhou massinhas que ele tanto adora, ganhou carrinho de controle remoto do batman, ganhou fantasia e máscara do homem de ferro, ganhou kit de pintura com guache.

Este ano, no Natal, eu queria fazer um kit de pintura para ele (com aquarela, tintas e pincéis, que ele tem pouco), mas ele então decidiu e fez seu pedido de natal: uma boneca. Mas não é qualquer uma, ele quer uma que anda, fala e fecha os olhos quando vai dormir. Pois bem, assim é o que ele diz. 

Depois de muitas vezes repetir que queria essa boneca, pediu a tal da Baby Alive Machucadinho, porque ele queria cuidar do dodói dela. É, a tal influência televisiva aliada à sua "paixão" por band-aid. Em casa, todo e qualquer ralado necessita de um band-aid. Recentemente, escondi a caixa de curativos adesivos porque ele ia todo dia pegar um. E esse negócio, convenhamos, é bem caro para ficar em uma picadinha de mosquito qualquer além do desperdício e daquela fatídica coisa: quando eu realmente precisar não vou ter. Tirei do alcance e pronto. Não porque seja mais fácil do que negar, mas porque invariavelmente ele vai lá, pega e abre mesmo e pronto, sem que eu veja, então não há mais o que fazer. Em alguma situações, o melhor a fazer é evitar a situação.

No final das contas, vovó comprou a boneca que ele tanto quer e eu vou acabar tentando comprar o kit de pintura. Também já comprei uma mochila nova, que será dada de presente de Natal, assim como pretendo comprar um sandália que ele anda precisando.

Enfim, o pedido será plenamente atendido e eu fico feliz em saber que meu menino pode pedir (e ganhar) uma boneca com toda tranquilidade do mundo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Pedido de Natal

Se eu pudesse fazer um pedido de Natal pediria um 2015 tranquilo. Há dois anos enfrento anos pesados e difíceis. Este, em particular, eu tenho vontade de simplesmente esquecer. Já sei que 2015 será um ano de muito trabalho, mas queria especialmente colher frutos deste trabalho que desenvolvo com tanta dedicação e há tanto tempo.

Queria um ano em que eu descobrisse hoje quem sou eu e quais devem ser as escolhas de 2015. Quero fazê-las com calma, quero sorver 2015 como uma criança que se lambuza com um picolé. Quero que 2015 seja gentil comigo como os últimos anos não foram. Quero menos lágrimas e mais gargalhadas, mais músicas e menos melancolias, mais danças e menos dramas. Quero um ano pacífico.

Não sei se vou ganhar tudo isso em um ano só ou se o bom velinho vai passar lá em casa de saco vazio, mas garanto desejar tudo isso com muita força e lutar por um 2015 muito melhor do que foi 2014.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Efeito colateral

Nunca achei que Arthur sairia ileso da separação. Sabia que as consequências viriam como um cavalo de tróia, que se instalaria em minha sala desordenando tudo. Depois de tudo que aconteceu, e especialmente como tem acontecido, não poderia ser diferente.

E então ele voltou a dar grandes ataques de fúria ao receber ordens, tem ficado cada vez mais resistente a obedecer, tem dado chiliques, tem batido, tem brigado, tem chorado sem fim.

Ontem, na reunião da escola, soube que o comportamento tem sido o mesmo.

Há semanas o pai não aparece e, nesta semana, ele pela primeira vez contou na escola para os amigos o que estava acontecendo. Contou rindo e recebeu uma desaprovação da professora que disse que isso era assunto do pai e mãe dele e que não era engraçado. Ele emudeceu.

Em casa, conversei novamente com ele. Depois de mais um ataque de não obediência e fúria, conversamos com calma e tranquilidade. Acalmado, coloquei no meu colo e relatei que a professora tinha me contado que ele estava dando muito chilique na escola e não estava obedecendo ninguém. Falei que ficava muito triste em saber disso e ver ele fazer o mesmo em casa. Com toda calma, perguntei: por que você está fazendo isso? A resposta foi óbvia: estou sentindo falta do meu pai. Disse que não havia problema, mas que quando ele sentisse falta do pai deveria me avisar para que pudéssemos ligar para ele. Re-expliquei a separação e perguntei se queria falar com o pai por telefone. Então ligamos. Ele foi enfático com o pai, contou que estava com uma energia (alergia, risos) porque uma formiga picou, conversou um pouco e depois não quis mais falar.

Depois da conversa, o senti mais calmo e sereno. Pronto, então, a obedecer com calma tanto a mim quanto as professoras. Hoje a manhã também foi mais calma. Tenho a promessa do pai de buscá-lo hoje na escola. Para tanto, aguardo. Eu não contei a ele que o pai iria para não gerar nenhuma expectativa e frustá-lo caso ela não aconteça. Sigo tentando ajustar a vida na esperança de que ele, pelo menos ele, sofra menos com tudo isto.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Calendário do Advento ou Lá vem o Natal

Arthur curtiu muito o último Natal. Além de ter ganho muitos presentes, ele fala até hoje do Papai Noel que viu no shopping e que, nas próprias palavras dele: "me deu um pirulito".

O ano passado ele pedia para ir ao shopping ver o Papai Noel dia sim e outro também. Levei ele em uns cinco shopping para ver Papai Noel. Uma verdadeira saga.



Este ano, que ele está maior e entendendo as coisas, resolvi fazer um calendário de advento para esperarmos pelo esperado dia de Natal. Pesquisei no Pinterest milhares de modelos de calendário. Tem um mais lindo do que o outro, mas optei por um modelo que poderia fazer de forma rápida, prática e barata. Compramos saquinhos de pipoca bonitinhos e uns pregadores de Natal. A ideia primeira era pendurá-los em um barbante, mas acabei achando que não ia suportar e optei por fazer no formato de uma árvore de Natal na porta do quarto dele.


Ontem, escrevi uma a uma das atividades e ele me ajudou a colocar nos saquinhos e "montar" a árvore.


Hoje, pela manhã, pedi que ele abrisse o primeiro. Ele, que estava fazendo charme e cheio de preguiça para se levantar e ir para a escola, saiu da cama na mesma hora em que sugeri que ele fosse abrir o primeiro envelope. Abriu, conversamos que de noite faríamos a atividade e ele voltou correndo para a cama, como se a preguiça estivesse esperando por ele ansiosamente.

Então, que assim seja, 25 dias de atividades juntos para que possamos curtir esse mês até que o grande dia do Natal chegue!