sexta-feira, 15 de março de 2013

Mais um ciclo se fecha - ou se abre?

Já contei algumas vezes sobre o trabalho voluntário que desenvolvo, há 4 anos, através da troca de cartas com crianças em vulnerabilidade social  através do Inpros.

Comentei via Facebook que mais uma vez teria que finalizar a troca de cartas. Já é a segunda criança com quem me comunicava. Da primeira vez, trocava cartas há três anos e a menina saíra do CCA - equipamento da prefeitura em que as crianças ficavam no período contrário ao da escola e era parceiro do projeto - e não tive retorno da carta de adeus (leia aqui). Desta vez, o motivo foi menos nobre. O HSBC, que mantinha a parceria com um abrigo em Curitiba, é que finalizava o patrocínio. Sem verba, sem trabalho.

Desta vez, não escrevi a carta aqui. Como a criança era de Curitiba e eu fui há pouco tempo a trabalho escrevi sobre isso - que tinha conhecido da cidade dela -, mandei uma lembrança (um bloco com caneta) e me despedi desejando que ela fosse muito feliz.

Hoje recebi seu retorno. Como, desta vez, a finalização do projeto era programada houve prazo para a carta de adeus e retorno assegurado, o que pelo menos me deixou aliviada. E então recebi a carta dela e chorei ao ler. Ela, uma menina de 9 anos, estava em um abrigo por medida protetiva (sei apenas isso, não sei o real motivo) e poderia tanto ser reintegrada ao lar como adotada. Sua carta me conta que ela foi adotada e conta feliz que vai morar longe do Brasil, na Itália. Fala de seus novos pais com alegria (ela nunca tinha mencionado em suas cartas sua família e nem teve coragem de me contar que morava em um abrigo, tudo que sei de sua situação foram informações passadas pelo próprio projeto) e me pede meu endereço para que possamos continuar nos correspondendo. A premissa do projeto é que isso jamais aconteça, mas mesmo assim irei checar com o projeto esta possibilidade.

Fiquei feliz de verdade. Ela foi uma menina muito difícil de estabelecer um vínculo, que estava se fortalecendo apenas agora um ano depois do início da troca de cartas. Ela nunca falou de sua família - exceto dos irmãos -, mas agora me conta contente de seus novos pais. Não poderia ter sido melhor. Não poderia começar meu final de semana de forma mais agradável.

Para mim, mais um ciclo se fecha. Para ela, um novo ciclo de abre. E eu só posso desejar que seja lindo!

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