quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Exigente

No alto (ou seria melhor dizer no baixo?) de seus dois anos, Arthur deu para escolher o que quer. E é em relação a tudo. Escolhe as roupas, os sapatos, onde vai dormir e até o que vai beber.

Quando vou vestir a roupa, além do escândalo básico de todo-santo-dia ele ainda me diz aos prantos: esse não, esse não. Eu tento resolver negociando: você quer a blusa do avião ou o da escola ? Às vezes funciona, às vezes não. Em alguns dias ele já me anuncia: esse não, a do ninino de itaite (esse não, a do menino de skate). E com os sapatos é quase a mesma coisa, só que pior. Ele pede o sapato igual do Theo e quando vou vestir ele me diz: esse não, da he-e-na (esse não, igual ao da Helena). E quando troco e venho com o sapato igual ao da Helena ele me diz: esse não, idau Theo (esse não, igual ao do Theo). E travamos uma básica luta de que sapato vai pôr até que ele se convence ou, na maior parte das vezes, eu me canso do diálogo ad infinitum e coloco qualquer um mesmo e ele fica chorando por no máximo 30 segundo e se rende e fica contente de novo seja lá com que sapato estiver.

Toda noite depois que ele põe o pijama e quando começa a apagar as luzes da casa e já entende que vai para cama, ele pede onde quer dormir: tato, mamãe (quarto, mamãe. Ou seja, ele quer dormir na minha cama). Mas essa história de quarto estava se repetindo todas as noites e então determinei que ele só pode ir dormir no quarto aos finais de semana (sextas e sábados) e que nos dias de semana ele vai dormir no berço. Então, quando ele pede 'tato', eu aviso: hoje é dia de semana, então é dia de berço. E ele repete: bê-ço, mamãe (berço, mamãe). E vamos ao berço. Quer dizer, ele vai e eu fico ali, sentada no pufe ao seu lado aguardando ele adormecer e só então vou fazer minhas coisas, ver novela e dormir.

Agora, o menino deu para escolher o que bebe. Outro dia tomávamos suco de caju e então decidiu: tuto, mamãe. a-ju não, aianja (Suco mamãe, mas de caju não, de laranja). Oi? E lá foi o marido fazer o tal suco de laranja que ele queria. E ele anda tarado por suco de laranja porque é, de longe, o que ele mais pede ultimamente.

Exigente ou não esse menino? Como tudo na vida, as coisas tem seus prós e contras. Nem sempre eu tenho paciência para negociar ou convencê-lo, e então quem tem que se impor sou seu. Ele não gosta, chora, mas em pouco tempo acaba cedendo. Como no caso do suco de laranja, não há problemas, eu também tenho vontade de suco disso ou daquilo ou de vestir essa ou aquela roupa. Claro que não dá para ficar no looping eterno como ele faz com os sapatos, mas vamos negociando e tentando se entender. Apesar de às vezes encher e tudo, acho ótimo que ele tem se expressado e mostrado que também já quer um ou outra coisa. Enfim, se a beleza da vida não estiver em ver as coisas boas até nas coisas ruins, que graça tem?

Nenhum comentário:

Postar um comentário